O carro de Javier parou suavemente na plataforma de observação e, por alguns segundos, o tempo parou. Nenhum deles se moveu, como se, assim como a paisagem, estivessem suspensos naquele momento eterno. A calma do momento era inabalável, mas estava carregada de outra coisa, algo pulsando sob a superfície.
Marina saiu do carro primeiro, com passos suaves no asfalto, e com um sorriso beirando a timidez, foi até o corrimão de pedra. O vento a saudou como um amante, levantando seus cabelos e expondo seu pescoço, um gesto tão natural que parecia um convite ao desejo. Javier olhou para ela e ficou em silêncio, observando cada curva do seu corpo recortada contra a luz do pôr do sol, como se o mundo inteiro tivesse se rendido à perfeição daquele momento.
"Este lugar é incrível", disse Marina, virando o rosto ligeiramente para ele. Você vem com frequência?
"Não", respondeu Javier, dando um passo à frente. Mas eu sempre quis compartilhar isso com alguém especial.
Ela olhou para ele, seus olhos se encontrando em um jogo silencioso de intenções. O olhar demorou-se mais do que deveria, mais um segundo, um segundo capaz de dizer tudo. E então o ar entre eles ficou denso, pesado com uma promessa que eles não entendiam completamente, mas que os envolvia.
O céu começou a esquentar e, à distância, as luzes ao longo da costa começaram a piscar, como se competissem com o fogo que já queimava entre elas. As palavras se dissiparam, a conversa se dissolveu em risos tímidos e murmúrios que não diziam nada, mas, ainda assim, diziam tudo. Não havia roteiro, nem plano, apenas a certeza de que estavam muito perto, de que não podiam mais voltar atrás.
O contato de seus corpos era inevitável. Marina, com os braços cruzados sobre o corrimão, sentia a proximidade de Javier como uma pressão suave, um magnetismo que a atraía irremediavelmente. Seu calor a envolvia, sua presença era uma carícia constante, um convite ao desejo. E sem poder evitar, sem pensar mais do que o necessário, ela se deixou cair em sua direção, apoiando o corpo em seu peito. Foi um movimento quase instintivo, como se seu corpo já soubesse que aquele era o único lugar onde ela queria estar.
Javier, imóvel por um momento, respirou fundo, o ar ficando denso e carregado de tensão. O abraço dele a envolveu com uma firmeza controlada, como se ele estivesse prestes a perder o controle. Os dedos dela se enredaram nos cabelos dele, e um aroma suave e inebriante penetrou em seu nariz, fazendo-o estremecer por dentro.
"Vale a pena", ele murmurou, sem saber se suas palavras haviam escapado de sua boca ou se tinham sido apenas pensadas em silêncio.
Marina sorriu, mas seu sorriso foi apenas um gesto fugaz, como se o mundo ao redor deles não existisse mais. O tremor do corpo dela, o calor do peito dela, o faziam sentir que havia algo muito maior que palavras, algo muito mais profundo que o simples toque da pele. Algo que eu não conseguia definir, mas sentia.
Então, aconteceu.
Seus lábios se encontraram, primeiro com uma cautela que estava prestes a se romper, e depois com uma necessidade brutal que os invadiu ao mesmo tempo. Foi um beijo que marca o início de algo, que contém uma história que transborda antes mesmo de começar. Foi lento, profundo, um suspiro compartilhado entre dois corpos que finalmente se entendiam.
Marina se entregou completamente, sem reservas, sem pensamentos que pudessem impedi-la. Os dedos de Javier percorriam suas costas com uma ternura que contrastava com a urgência de seus lábios, que buscavam encontrar cada canto dela. Foi um beijo que disse "eu te amo", "eu quero você" e "eu não sei o que está acontecendo comigo", tudo ao mesmo tempo.
O mundo, o mar, o céu, a cidade... tudo desapareceu. Somente os dois permaneceram, presos em uma esfera de calor, tensão e desejo. O céu escureceu completamente, mas entre eles, a noite estava apenas começando, quente, sem pressa, sem fim.
E quando o ar ficou mais frio, quando as luzes da cidade começaram a piscar lá de baixo, eles não se separaram. Eles ficaram ali, entrelaçados, abraçados, como se o tempo não tivesse mais significado. Como se, ao cruzar aquela linha invisível, eles soubessem que não havia mais volta, que agora se conheciam além do físico, além do palpável. Agora eles se entendiam com a pele na boca, e isso era tudo que importava.