Ele não parou de procurá-la desde aquela noite. Suas mensagens eram constantes, com aquele tom brincalhão e protetor que ela antes achava charmoso, mas que agora, comparado à confiança indomável de Elías, parecia morno.
-Como você acordou, querida?
-Você vem para a feira de segurança? Estou de plantão, mas posso me ausentar por um tempo...
-Sinto sua falta.
Valéria respondeu. Não com entusiasmo, mas ele respondeu. Porque eu precisava de uma desculpa, uma ponte. Eu sabia que se quisesse encontrar o outro, teria que manter Ivan por perto.
Certa tarde, enquanto tomavam um café perto da delegacia, Valéria investigou com mais decisão.
-E seu parceiro? Aquele que apareceu do nada na outra noite... Qual é o nome dele?
Ivan olhou para cima lentamente. Seu maxilar ficou tenso, e seus dedos brincaram com a xícara como se ele não soubesse bem o que dizer.
-Por que você está perguntando isso de novo?
-Porque você não me contou. E o mínimo que eu poderia fazer seria saber o nome de alguém que... me beijou daquele jeito.
A frase saiu mais diretamente do que ele pretendia. Ivan piscou, claramente magoado.
-Foi tão ruim assim?
Valeria sustentou seu olhar. Eu não ia adoçar a pílula.
-Sim. Foi tanta coisa.
Ele recostou-se na cadeira e suspirou. Ele não fingia mais estar bem.
-Olha, eu acho que você não deve mexer com ele. Ele é um cara... complicado. Sozinho. Ele não é como eu.
Ela cruzou os braços desafiadoramente.
-Talvez seja por isso que estou interessado.
Ivan sorriu, mas não graciosamente. Era uma careta amarga.
-Você está realmente interessado? Ou é apenas curiosidade mórbida? Porque o que aconteceu naquela noite foi... selvagem. Não era amor, nem carinho. Foi impulso.
-Sim. E, no entanto, lembro-me disso mais do que de qualquer outra coisa.
Ivan olhou para baixo. Seu tom mudou, tornando-se quase paternal.
-Você não devia procurar, Valéria. Realmente. Ele tem a história dele, não é alguém com quem você pode conversar como você fala comigo. É uma parede. Ele não se envolve. E se ele fizer isso, não será para melhor.
-E você é para o bem?
Ele não respondeu.
Naquela noite, ela não aguentou mais. Ele escreveu para ela pela última vez, sem rodeios:
-Diga-me qual é o nome dele. Ou não me escreva mais.
Horas se passaram. O amanhecer chegou com seu silêncio habitual, e o telefone vibrou no momento em que Valéria já havia perdido as esperanças.
Foi uma ligação. De Ivan.
-Você vai me dizer qual é o nome dele? - ela perguntou assim que ele respondeu, sem cumprimentá-la.
-Só me prometa que não vai procurá-lo.
-Não posso prometer isso.
Um suspiro do outro lado. Lento. Ferir.
-Tudo bem. O nome dele é Elías M. Mas não diga que eu não avisei.
-Me avisar o quê?
-Que ele não é um homem fácil. Nem de graça. Nem mesmo seguro. Ela não é como eu, Valéria.
Ela fechou os olhos ao ouvir isso. Ele sentiu algo parecido com culpa, mas não durou muito. Porque assim que desligou, ele repetiu em voz baixa, como se saboreasse cada sílaba:
-Elias M.
Esse nome era uma porta. Um gatilho. Uma obsessão validada.
Agora que eu sabia o nome dela, tudo era possível.
Mas Valéria não se contentou em saber. Eu queria vê-lo. Fale com ele. Sinta novamente o peso das suas mãos e a loucura daquele beijo.
Agora o desejo tinha um nome. E isso era mais perigoso do que qualquer coisa.
Sem a menor dissimulação, Valeria cortou a comunicação com Iván. Ele nem sequer respondeu ao último "Você está aí?" Não. Não estava mais lá. Ela não estava mais lá para ele.
Com o coração batendo forte na garganta, ela procurou o número da delegacia no celular. Suas mãos tremiam, mas não de dúvida... mas de adrenalina.
Quadro.
-Comando de Polícia, boa noite?
"Olá, boa noite", ela disse, tentando parecer casual. Você poderia me transferir para o agente Elias M? Acho que ele trabalha na divisão de segurança de eventos ou algo assim...
Houve um leve silêncio do outro lado, apenas alguns segundos. Mas para ela era eterno.
- Motivo da ligação?
Valéria improvisou sem hesitar.
-Questão pessoal. Disseram-me para perguntar diretamente na sede. Eu vi isso recentemente em uma operação e era algo pendente. Só preciso falar com ele por um momento.
O operador hesitou, mas concordou.
-Um momento, por favor.
Valéria engoliu em seco, sentindo uma correnteza percorrer sua espinha. E se ele respondesse? E se não?
Mas não havia como voltar atrás.
Eu tinha dado o primeiro passo em direção a algo que eu não sabia que podia controlar.
E no fundo, essa era a parte que mais a excitava.