- Parece que nunca viu mulher. - Ironizei deixando de lado a nossa pequena discussão de agora a pouco.
- Você fala isso porque não viu a mulher que vi, parecia uma pantera-negra, deliciosa.
- Sei! - Digo enquanto Paulo estacionava o carro na vaga privativa.
- Senhor, fico te esperando?
- Não, vá para o hotel, ficarei por aqui mesmo.
- Certo!
- Nunca vi isso, as suas férias são sempre trabalhando, Dudu. - Reclama outra vez.
- Não me chame assim. Esbravejo. - Já disse que não estamos de férias.
- Você precisa esquecer o passado, só assim será feliz.
- E quem disse que eu não sou feliz, Felipe? - O questionei saindo do carro e ele faz o mesmo. - Sou o CEO de uma empresa forte e reconhecida no mercado.
- Estou falando de amor cara, chegar em casa e ser recebido por alguém. O que adianta você ter tudo isso e não ter ninguém para compartilhar? Para quem você deixará tudo isso se não tem ninguém.
- Deixarei para você. - Respondo impaciente. - Estou bem do jeito que estou, Felipe, pare de se meter em minha vida. Você deveria seguir o seu próprio conselho! - Ele me encara com as sobrancelhas erguidas em desafio às minhas palavras. - Vamos à gerência, quero falar com Cláudia antes de encontrar os rapazes. - Digo mudando de assunto. - Ele afirmou em silêncio.
- Encontrei alguém. - Estaquei no meio do caminho quando ouço as suas palavras ditas depois de um tempo em silêncio.
- Como assim?
- A conheci 3 meses atrás no aeroporto, quando voltava para New York.
- No aeroporto daqui ou lá?
- Daqui! Ela é brasileira, estava indo morar em New York, notei seu pavor e puxei conversa.
- E você está namorando ela?
- Não, ainda não, mas vou oficializar isso quando voltar, mas ela sabe que tenho interesse nela.
- Engraçado...
- O que tem graça?
- Você parece apaixonado por uma mulher que conheceu a pouco e fode com várias mulheres. Que amor.
- E quem disse que estou fodendo com várias mulheres?
- Você faz questão de vim para cá. -Digo o óbvio.
- Não consigo mais, não me sinto mais atraído, a menina que me acompanha, a Talita, ela só faz me ensinar o português, ou tentar. - Fico surpreso com suas palavras.
- E você está 90 dias sem sexo? - Ele afirmou. - Eu não consigo, sinceramente falando, eu não consigo.
- Porque você não encontrou a pessoa certa, cara.
- Hum! - Respondo-lhe não acreditando em suas palavras. Eu já amei, ele sabe disso, então não tem porque ele me dizer algo assim, sabendo que não quero mais um relacionamento. - Qual o nome dessa mulher, Felipe?
- Laís, como eu disse, ela é brasileira.
- Hum! Fico feliz por você Felipe, mas eu estou bem como estou. Agora vamos! - Ordenei deixando claro que a nossa conversa já havia terminado.
Chegamos em frente a sala da coordenação e gerência, estava para bater na porta, quando a assistente da Cláudia apareceu dizendo que a mesma estava em reunião e nos fez entrar na sala da coordenação.
Pareceu-me até uma piada, mas preferi não expressar meus pensamentos em voz alta, pois poderia soar como um preconceituoso.
- Vá chamar a sua chefe, quero falar com ela agora. - Exijo. Logo a mulher vai em busca de sua chefe com a face apavorada, enquanto Felipe resmungava sem parar.
Alguns minutos depois ela aparece com a cara mais lavada do mundo.
- Senhores! - Ela diz em um inglês quase fluente. __ Em quê posso ajudá-los?
Sério isso?
- Você não tem um palpite do porque estamos aqui? - Questionei ainda em pé. A sala é pequena e só a mesa de escritório disposta no canto esquerdo tomava quase todo o ambiente.
Odeio lugares apertados. Penso frustrado. Mas, adoro estar dentro de uma apertadinha, nesse caso as coisas mudam de figura. Volto a pensar escondendo o riso.
Felipe estava sentado à cadeira enfrente a mesa com seu olhar distante, como se estivesse pensado em algo, eu estava ao seu lado, Cláudia encostou-se a porta fechada e sua assistente provavelmente ficou do lado de fora.
- Eu já resolvi esse assunto, senhor Edward, a menina levou uma advertência.
- Deveria demiti-la.
- Eu não farei isso! - Rebate com o tom furioso, contido, mas notava-se a fúria. - A Luíza não teve culpa, aconteceu e não acontecerá mais.
- É bom que não aconteça mesmo, porque se acontecer, não voltarei mais aqui e nem meus clientes. __ Ela me fitou assustada, mas nada diz.
- Cláudia, os clientes chegaram? - Felipe perguntou talvez querendo aliviar a tensão da pequena sala que ficou pesada de repente.
- Sim, estão na sala privativa e como ordenado, as meninas estão entretendo a todos.
- Talita está hoje?
- Sim, está senhor Felipe.
- Ótimo!
- O senhor vai querer companhia hoje, senhor Edward?
- Vou sim, mas só depois da reunião.
- Alguma preferência?
- Uma que saiba fazer boquete direito já está de bom tamanho. - Respondo com sarcasmo e caminho em direção a porta. Ela se afasta me dando passagem. - Vamos Felipe!
- Vou acompanhá-los ao seu destino. - Ela diz abrindo a porta. Eu ia negar, mas Felipe foi mais rápido que eu.
- Agradecemos, minha cara. - Ele sorrir de forma sedutora a segurando pelo braço e fazendo a mesma corar, em seguida ele me olha entortando a boca me repreendendo com seu olhar como ele sempre faz quando sou grosseiro com alguém. Ignorei e andei apressadamente na frente dos dois.
Hoje não estou de modo a ser compreensivo com ninguém, às vezes é muito cansativo. Daqui a 3 dias volto para Santa Catarina.
Estou contando os dias para isso.