img img img Capítulo 1 Prólogo
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Capítulo 6 O Que Está Por Vir img
Capítulo 7 A Sombra No Portão img
Capítulo 8 Fantasmas na Estante img
Capítulo 9 Flores Entre às Ruínas img
Capítulo 10 Segredos Que Não Dormem img
Capítulo 11 A Sombra do Passado img
Capítulo 12 Entre o Medo e a Incerteza img
Capítulo 13 O Retorno do Passado img
Capítulo 14 Promessa de Luta img
Capítulo 15 O Amor que Nos Mantém de Pé img
Capítulo 16 Nada Vai Nos Quebrar img
Capítulo 17 O Amor Também Vai à Guerra img
Capítulo 18 Enquanto Houver Amor img
Capítulo 19 A Verdade Silenciosa img
Capítulo 20 Castelos que Ninguém Derruba img
Capítulo 21 Uma Nova Ameaça img
Capítulo 22 No Olho da Tempestade img
Capítulo 23 Promessas em Meio à Tempestade img
Capítulo 24 Verdades que Libertam img
Capítulo 25 O Peso da Verdade img
Capítulo 26 O Peso do Amor img
Capítulo 27 Promessas de Amor img
Capítulo 28 Para Sempre Começa Hoje img
Capítulo 29 O Início do Sempre img
Capítulo 30 Laços de Amor img
Capítulo 31 Recomeços que Brilham Como a Lua img
Capítulo 32 Promessa em Silêncio img
Capítulo 33 Fantasma do Passado img
Capítulo 34 Tijolo por Tijolo img
Capítulo 35 Rastros e Decisões I img
Capítulo 36 Rastros e Decisões II img
Capítulo 37 Frente a Frente img
Capítulo 38 Em Alerta img
Capítulo 39 Ameaça Constante img
Capítulo 40 O Fim do Pesadelo img
Capítulo 41 Reescrevendo à Nossa História img
Capítulo 42 O Primeiro Destino Juntos img
Capítulo 43 A Carta Que Mudou Tudo img
Capítulo 44 Calmaria img
Capítulo 45 Renascendo img
Capítulo 46 Quando o Amor Permite Voar img
Capítulo 47 Malas e Promessas img
Capítulo 48 A Saudade Mora Aqui img
Capítulo 49 A Rotina Mais Bonita do Mundo img
Capítulo 50 Entre Lençóis Antes da Partida img
Capítulo 51 Um Novo Mundo img
Capítulo 52 A Escolha do Coração img
Capítulo 53 Enquanto Você Está Lá img
Capítulo 54 Realidades à Flor da Pele img
Capítulo 55 A Nova Face de Isabella img
Capítulo 56 Verdades Na Tela img
Capítulo 57 No Abraço do Meu Pequeno img
Capítulo 58 O Peso Que Não Carregou Mais img
Capítulo 59 As Sombras Que Ainda Restam img
Capítulo 60 Teste de Paciência img
Capítulo 61 O Medo de Perder img
Capítulo 62 Feridas Que Não Se Vêem img
Capítulo 63 A Carta Que Curava img
Capítulo 64 As Palavras Que Ferem e Curam img
Capítulo 65 O Primeiro Passo img
Capítulo 66 Reaprendendo a Confiar img
Capítulo 67 Entre Portas Entreabertas img
Capítulo 68 Verdades Pequenas, Corações Grandes img
Capítulo 69 Um Espaço Novo no Coração img
Capítulo 70 Ecos do Passado, Passos no Presente img
Capítulo 71 O Vazio que Ensina img
Capítulo 72 Entre Dois Mundos img
Capítulo 73 Muitas Dúvidas img
Capítulo 74 O Peso do Amor e do Medo img
Capítulo 75 Entre a Dor e a Esperança img
Capítulo 76 O Lugar das Flores img
Capítulo 77 O Medo do Recomeço img
Capítulo 78 O Peso da Decisão img
Capítulo 79 Amor que Não Se Mede img
Capítulo 80 Amor que Fica img
Capítulo 81 Promessa na Varanda img
Capítulo 82 Raízes que Não Se Arrancam img
Capítulo 83 Meu Menino, Meu Mundo img
Capítulo 84 O Amor que Protege img
Capítulo 85 A Primeira Batalha img
Capítulo 86 O Lugar que Chamamos de Lar img
Capítulo 87 A Vida que Escolhi img
Capítulo 88 O Amor que Nos Escolheu img
Capítulo 89 Ecos do Passado img
Capítulo 90 O Coração que Não Sabe Escolher img
Capítulo 91 Regras Para o Amor Não Ferir img
Capítulo 92 O Coração de Um Menino Dividido img
Capítulo 93 A Linha que Não Se Cruza img
Capítulo 94 Quando o Amor Exige Limites img
Capítulo 95 Quando o Amor Precisa Dizer Não img
Capítulo 96 Amor que Não Solta na Tempestade img
Capítulo 97 Laços que Sustentam img
Capítulo 98 A Sombra Que Nunca Morre img
Capítulo 99 Intuição de Mulher img
Capítulo 100 O Que Ficou no Passado img
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Capítulo 1 Prólogo

Eduardo Ferraz

O céu está cinza. E eu odeio metáforas óbvias, mas não posso evitar pensar que até o tempo parece lamentar a perda dela.

Fico parado ao lado do caixão fechado, com a expressão que aprendi a usar em todas as reuniões de negócios: inabalável. Mas hoje, por dentro, estou em ruínas.

Isabella.

Minha esposa. A mulher que me deu tudo. Até a própria vida.

- Meus sentimentos, senhor Ferraz.

A voz é abafada. Aperto a mão de alguém que não reconheço e tento manter a compostura. Os pêsames se repetem, como uma fila interminável de palavras vazias. Nenhuma delas traz Isabella de volta. Nenhuma delas me prepara para o que me espera a partir de agora: criar sozinho o filho que ela deixou para trás.

Enzo.

Nunca pensei que diria isso, mas... eu o culpo. O bebê. Ele viveu, Isabella não. É um pensamento cruel, eu sei. Mas é o que sinto. E o que sinto não tem filtro hoje.

Vejo minha sogra sentada num banco da frente, com os olhos inchados de tanto chorar. Ela ainda me odeia. Sempre odiou. Nunca me perdoou por ter tirado Isabella da casa dela. Agora, imagino, ela deve me culpar também pela morte da filha.

Talvez com razão.

O padre fala sobre luz, sobre eternidade, sobre almas boas que partem cedo demais. Eu não ouço. Só fixo os olhos na madeira escura do caixão e me pergunto como algo tão cheio de vida como Isabella pode caber ali dentro agora.

Os funcionários da funerária se aproximam. Vão fechar o caixão de vez. Meu coração dispara. Uma parte de mim quer gritar, impedir. Mas a outra parte... a parte que sobrevive, é fria. E essa parte vence.

Não choro. Não na frente deles. Eles esperam isso de mim: firmeza, domínio, força. O CEO Eduardo Ferraz não pode se desmontar diante de um caixão.

Eu respiro fundo e viro as costas antes de ver o caixão sumir sob a terra. Não suporto. Já enterrei demais em uma vida só.

Quando volto para casa - ou melhor, para a mansão onde moro - tudo está exatamente como Isabella deixou. As flores no vaso, a manta dobrada no sofá, o perfume dela ainda pairando no ar. Aquilo me sufoca.

Passo direto pela sala, subo as escadas e entro no quarto que ela preparou com tanto amor para Enzo. Ela passava horas ali, decorando cada canto com bichinhos de pelúcia e tons pastéis. A cadeira de amamentação está encostada perto da janela, como se ainda esperasse por ela.

Mas quem está lá embaixo, no berço, é uma criança de poucos dias, pequena demais, frágil demais. E minha.

Enzo dorme. Os olhos fechados, a respiração leve. Parece em paz. E talvez esteja, já que ainda não sabe a tragédia que aconteceu ao nascer.

Eu não consigo me aproximar. Apenas olho de longe. Como se aquele fosse o filho de outra pessoa. Como se aquela parte da história ainda não me pertencesse.

- Senhor Ferraz?

A enfermeira contratada pela agência aparece na porta, com uma expressão tensa.

- Ele precisa mamar daqui a pouco. Precisa decidir se vai continuar com o leite da doadora ou tentar a fórmula. - A mulher hesita, como se não soubesse se deveria dizer aquilo. - Sei que é difícil, mas talvez o senhor queira... segurá-lo.

Seguro? Não. Eu não sei nem por onde começar. Não quero. Não posso.

- Continue com o que achar melhor - respondo, seco. - E me avise se houver alguma emergência.

Ela balança a cabeça e se afasta. Eu volto para o meu escritório, o único lugar onde ainda tenho alguma sensação de controle.

Ligo o computador, abro planilhas, contratos, relatórios. Tento me perder nos números. Mas as palavras de Isabella ainda ecoam na minha mente.

"Você vai ser um ótimo pai, Edu. Mesmo que esteja morrendo de medo agora."

Ela me disse isso uma semana antes de entrar em trabalho de parto. Nós rimos. Brincamos sobre trocar fraldas, noites sem dormir, cheirinho de bebê. E agora... tudo o que tenho é silêncio.

Bato com força o punho na mesa.

Eu não pedi para ser pai. Pelo menos, não sozinho. Era pra ser nós dois. Eu ia cuidar da empresa, ela cuidaria do Enzo. Depois, juntos, a gente encontraria equilíbrio. Mas não assim. Nunca assim.

Naquela noite, o choro me acorda. Agudo, constante, desesperado.

Pela primeira vez, eu mesmo desço até o quarto dele. A enfermeira ainda está lá, mas parece exausta.

- Posso tentar - digo, hesitante.

Ela me olha, surpresa, mas não questiona. Apenas entrega o bebê em meus braços.

Enzo é tão leve que parece uma extensão do ar. Quando encosto o rosto no dele, sinto um calor estranho. Algo que não sei nomear. Ele se acalma, como se reconhecesse meu toque.

- Você é inocente nisso tudo - murmuro, num sussurro quase engasgado. - Não devia ter nascido nesse caos.

Ele boceja. E eu... eu sinto algo partir dentro de mim.

Uma rachadura. Pequena. Mas definitiva.

Nos dias seguintes, a rotina me consome. Reuniões com advogados, arranjos com a empresa, ligações de acionistas preocupados com a minha ausência. Todos querendo saber quando volto, quando reassumo meu trono. Como se eu fosse um rei exilado que precisa voltar ao castelo.

Mas não consigo. Não ainda.

Meu pai liga. Meu irmão aparece. Todos oferecem ajuda, mas ninguém entende. O que perdi não foi só uma esposa. Foi a minha bússola. A parte boa de mim. Aquela que me fazia ser menos máquina e mais humano.

Sem Isabella, sou só... uma versão crua e solitária de mim mesmo.

- Senhor Ferraz?

A enfermeira está parada na porta do meu escritório novamente. Já é a terceira vez que a vejo ali hoje.

- Sim?

- Preciso avisar que meu contrato vence amanhã. A agência quer saber se vai renovar ou contratar outra cuidadora.

Penso por alguns segundos. Ela é eficiente. Mas a cada dia parece mais nervosa, mais desconfortável ao meu redor.

- Pode encerrar.

Ela balança a cabeça. Parece aliviada. Ou talvez culpada. Mas não me importo. Preciso de alguém que aguente ficar aqui. Alguém que... que consiga cuidar dele. Do bebê.

Porque eu ainda não consigo.

Na noite seguinte, volto ao quarto de Enzo. Fico ali, em pé, observando ele dormir.

- Eu devia ser seu herói, sabia? - sussurro. - Mas a verdade é que... sou só um homem tentando não desabar.

Ele mexe as mãozinhas, resmunga algo no sono. Eu não entendo nada sobre bebês. Mas pela primeira vez, percebo que quero entender.

Que talvez... só talvez... ainda haja uma chance de fazer isso dar certo.

Mesmo que doa.

Mesmo que eu tenha que aprender tudo do zero.

Mesmo que o preço seja encarar minha culpa todos os dias.

Encosto a mão no berço. Enzo segura meu dedo com os dele. É só um gesto. Um gesto pequeno.

Mas talvez seja o começo de tudo.

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