Refúgio em seus braços
img img Refúgio em seus braços img Capítulo 5 Refúgios e tempestades
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Capítulo 6 Sombras na Noite img
Capítulo 7 A Ilusão de Controle img
Capítulo 8 A Primeira Fissura img
Capítulo 9 Algo no Ar img
Capítulo 10 Um Momento de Fragilidade img
Capítulo 11 As Fendas no Muro img
Capítulo 12 Limites Embaçados img
Capítulo 13 Confronto img
Capítulo 14 Mudanças img
Capítulo 15 Seu lar img
Capítulo 16 Uma família img
Capítulo 17 Helena a havia escolhido img
Capítulo 18 À Contracorrente img
Capítulo 19 O peso do mundo nas suas mãos img
Capítulo 20 Tempestade no Topo img
Capítulo 21 Cimentos de Cristal img
Capítulo 22 Agora é a minha vez img
Capítulo 23 El Preço do Poder img
Capítulo 24 La guerra havia começado img
Capítulo 25 Encruzilhada de Fogo img
Capítulo 26 O Passado que Nos Persegue img
Capítulo 27 O abismo da verdade img
Capítulo 28 Verdades Inconfessáveis img
Capítulo 29 Sem escapatória img
Capítulo 30 Só entender img
Capítulo 31 Verdades que queimam img
Capítulo 32 O primeiro passo img
Capítulo 33 Sin Escapamento img
Capítulo 34 A traição que nos vai salvar img
Capítulo 35 La Jogada Inesperada img
Capítulo 36 Bajo a Tempestade img
Capítulo 37 Entre o Caos e a Verdade img
Capítulo 38 Sombras em Movimento img
Capítulo 39 El Olho do Inimigo img
Capítulo 40 La caça mal acabava de começar img
Capítulo 41 Caçadores na Escuridão img
Capítulo 42 O Preço da Lealdade img
Capítulo 43 Caçadores e Presas img
Capítulo 44 Rumo à Vingança img
Capítulo 45 O Preço da Vingança img
Capítulo 46 A Queda do Império img
Capítulo 47 Cinzas de um Império img
Capítulo 48 Rainha das Sombras img
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Capítulo 5 Refúgios e tempestades

Emma nunca imaginou que comprar roupas pudesse ser uma experiência tão exaustiva. Não porque fosse fisicamente cansativo, mas porque estar naquele ambiente, cercada de luxos e tecidos caros, a fazia se sentir deslocada.

No final, escolheu um par de calças confortáveis, camisetas simples e uma jaqueta de lã que, para sua surpresa, adorou ao toque. Nada extravagante. Nada que a fizesse sentir como se estivesse fantasiada de outra pessoa.

Quando saíram da boutique, Emma suspirou aliviada.

- Pronto, sobrevivi. Qual é a próxima tortura? Um spa? Aulas de etiqueta?

Helena não sorriu, mas havia um brilho divertido em seu olhar.

- Você tem preconceitos contra o meu mundo.

- Eu tenho olhos.

Caminharam até o carro de Helena, onde o motorista as esperava com a porta aberta. Emma parou antes de entrar.

- Podemos caminhar um pouco?

Helena a olhou, um pouco surpresa.

- Caminhar?

- Sim. Nada de carros de luxo, nada de assistentes nos seguindo com bolsas de grife. Só... caminhar.

Helena pareceu pensar por um momento antes de assentir levemente.

- Marcus, não nos siga - disse ela ao motorista antes de começar a andar pela rua ao lado de Emma.

A cidade estava vibrante. Pessoas caminhando apressadas, vendedores ambulantes nas esquinas, buzinas soando à distância. Emma se sentiu estranhamente confortável em meio ao caos.

Caminharam em silêncio por um tempo. A presença de Helena, apesar de sua aura de poder, era surpreendentemente tranquila.

- Você não faz isso com frequência, faz? - perguntou Emma.

- Fazer o quê?

- Ser... normal.

Helena a olhou com uma expressão indecifrável.

- Não sei o que isso significa.

- Claro que sabe. - Emma a olhou de soslaio. - Mas se recusa a admitir.

Helena não respondeu, mas Emma não considerou isso uma derrota. Havia algo nela, na maneira como mantinha o controle absoluto, que fazia Emma se perguntar até onde iam as rachaduras daquela armadura.

Caminharam até um pequeno parque no meio da cidade. Não era um lugar particularmente bonito, mas havia bancos e árvores que ofereciam sombra.

Emma se jogou em um dos bancos com um suspiro, enquanto Helena permaneceu de pé, observando o ambiente como se estivesse em território desconhecido.

- Você nunca esteve em um parque?

- Claro que sim.

- Quando foi a última vez?

Helena franziu levemente o cenho.

- Não me lembro.

Emma sorriu, divertida.

- Você é um caso, Laurent.

Helena sentou-se ao lado dela.

O silêncio entre elas, dessa vez, foi mais confortável. O barulho da cidade parecia distante, como se, por um momento, estivessem em seu próprio pequeno mundo.

Instintivamente, Emma apoiou uma mão sobre o ventre.

- Você já pensou em ter filhos?

Helena a olhou com genuína surpresa.

- Não.

- Por quê?

- Não tenho tempo para isso.

Emma assentiu lentamente.

- Claro. Porque o único que importa é o trabalho.

- Não é tão simples assim.

- Ah, não?

Helena sustentou seu olhar.

- Quando você constrói algo do zero, quando cada passo que dá define o sucesso ou a queda do que criou, não pode se dar ao luxo de se distrair.

Emma baixou o olhar para seu ventre.

- Deve ser solitário.

- Às vezes.

- Por que está me ajudando?

A pergunta escapou antes que Emma pudesse se conter.

Helena não desviou o olhar.

- Não sei.

Emma piscou, surpresa com a honestidade.

Esperava uma resposta calculada, uma justificativa racional. Mas, em vez disso, Helena parecia tão desconcertada quanto ela.

O silêncio se prolongou entre elas.

Helena desviou o olhar para a cidade.

- Talvez porque vi algo em você que me lembrou algo em mim.

Emma sentiu o peito apertar.

Talvez, afinal, Helena Laurent não fosse tão indestrutível quanto queria parecer.

O vento frio da tarde carregava o murmúrio da cidade enquanto Emma e Helena permaneciam no parque, numa bolha que parecia isolada do resto do mundo.

Helena não falava muito, mas também não parecia ter pressa de ir embora. Isso, por si só, já dizia muito.

Emma baixou o olhar para o ventre e deslizou suavemente a palma da mão sobre o tecido da jaqueta.

- Sabe, eu nunca planejei isso.

Helena desviou o olhar para ela.

- A gravidez?

Emma assentiu.

- Eu não sou dessas mulheres que cresceram sonhando em ser mães. Nunca me imaginei nessa situação. E, ainda assim, aqui estou.

Helena observou o modo como a mão dela acariciava inconscientemente o ventre, como se fosse um gesto automático.

- Você se arrepende?

Emma demorou a responder.

- Não sei - sussurrou. - Às vezes me dá medo pensar no que vem pela frente. Se vou conseguir, se vou fazer tudo certo. Eu não tenho nada para oferecer a este bebê. Não tenho casa, nem estabilidade, nem mesmo um plano claro.

Helena ficou em silêncio por alguns segundos antes de falar.

- Você tem algo mais importante do que tudo isso.

Emma levantou o olhar, surpresa.

- O quê?

- Você está aqui. Apesar de tudo. Não fugiu da situação, não desistiu. Isso diz muito mais do que você imagina.

Emma sentiu a garganta se apertar.

Ninguém jamais lhe dissera algo assim.

Ninguém jamais lhe deu crédito por simplesmente continuar.

Helena, como se percebesse que a conversa estava se tornando íntima demais, levantou-se.

- Devíamos voltar.

Emma assentiu e a seguiu.

O apartamento estava em penumbra quando voltaram. Helena acendeu as luzes com um simples comando de voz, e o lugar se iluminou com um calor dourado que contrastava com seu habitual clima frio.

Emma largou as sacolas com roupas sobre uma cadeira e se espreguiçou.

- Bom, foi um dia interessante.

- Foi - admitiu Helena.

Emma a olhou de soslaio.

- Acho que até te vi sorrir algumas vezes.

- Não exagere.

Emma riu suavemente e começou a caminhar em direção ao seu quarto, mas parou na porta.

- Obrigada, aliás.

Helena a olhou com uma sobrancelha arqueada.

- Pelo quê?

Emma deu de ombros.

- Pelo que disse antes. E por... tudo isso.

Helena assentiu levemente.

- Boa noite.

Emma sorriu antes de desaparecer em seu quarto.

Helena ficou sozinha na sala, observando a cidade pelas janelas panorâmicas.

Levou uma taça de vinho aos lábios, mas sua mente estava em outro lugar.

Não entendia o que estava fazendo.

Não entendia por que levara Emma para sua casa, por que sentia necessidade de ajudá-la, por que sua presença começava a parecer... natural.

Não era caridade. Não era pena.

Era algo mais.

Algo que ela ainda não estava pronta para enfrentar.

Emma acordou no meio da noite com uma sensação estranha no peito.

Não sabia exatamente o que a havia despertado.

Sentou-se na cama, esfregando os olhos. Estava tudo em silêncio. Silêncio demais.

Levantou-se com cuidado e saiu do quarto.

O apartamento estava escuro, mas a luz tênue da cidade iluminava suavemente o espaço.

Foi então que a viu.

Helena estava de pé na varanda, descalça, com um copo na mão.

Emma a observou por um momento antes de se aproximar lentamente.

- Não consegue dormir.

Helena não se virou.

- Não costumo dormir.

Emma franziu o cenho.

- Insônia?

- Pensamentos.

Emma se encostou no parapeito, cruzando os braços.

- Pensamentos sobre o quê?

Helena demorou a responder.

- Sobre tudo.

Emma a olhou de perfil.

Era a primeira vez que a via assim. Não como a CEO poderosa, inalcançável e inquebrantável.

Mas como uma mulher.

Uma mulher que, talvez, estivesse tão perdida quanto ela.

                         

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