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O silêncio na pequena sala era absoluto.
Beatriz mal ousava respirar. A escuridão a envolveu, junto com o cheiro de madeira velha e cera de vela. Lá fora, os passos da Sra. Moura desapareceram lentamente no corredor, seguidos por uma calma tensa.
O coração de Beatriz batia forte no peito.
Ele se perguntou o que fazer. Espere? Acabar? Encontrar a mãe dela sem ser pego novamente?
Antes que eu pudesse decidir, a porta rangeu ao abrir. A luz fraca do corredor delineava a silhueta de Eduardo Moura, recortada como um fantasma contra a noite.
"Saia", ele ordenou em voz baixa.
Beatriz deu um passo para trás, desconfiada.
"Não vou desistir de você", ele acrescentou, como se estivesse lendo seus pensamentos. Ainda.
A maneira como ele pronunciou a última palavra fez Beatriz sentir arrepios.
Ele saiu cautelosamente. Eu estava a poucos centímetros dele. Eduardo era mais alto, suas roupas impecáveis contrastavam brutalmente com seus trapos. Ele tinha uma aura perigosa, quase insolente, como alguém que sempre conseguiu tudo o que queria... e estava decidindo se ela seria sua próxima diversão.
-Qual o seu nome? -perguntado.
Ela hesitou.
"Beatriz", ele sussurrou.
Um meio sorriso curvou os lábios de Eduardo.
"Beatriz", repetiu ele, como se estivesse testando o som em sua boca. A filha da costureira?
Ela assentiu silenciosamente. Ele sabia que sua mãe, embora invisível aos mestres, era conhecida. Sua mãe consertava os vestidos das damas da casa, costurando segredos e humilhações entre cada ponto.
Eduardo olhou-a de cima a baixo, como se estivesse avaliando um objeto de curiosidade.
-Por que arriscar tanto para vir aqui? - ele perguntou, inclinando a cabeça.
Beatriz engoliu em seco.
Eu não queria contar a ele sobre Tomas. Ela não queria que aquele jovem arrogante soubesse o quão desesperada ela estava.
-Preciso da minha mãe. Meu irmão... está doente, ele murmurou finalmente, olhando para baixo.
Pela primeira vez, um toque de seriedade cruzou o rosto de Eduardo. Ela franziu os lábios, como se aquela palavra - doença - fosse uma falha inesperada em sua noite de jogos.
"Eu poderia chamar os guardas", ele disse, cruzando os braços. Eu poderia acusá-lo de tentativa de roubo.
Beatriz sentiu as pernas tremerem. Ela deu um passo para trás, pronta para correr.
Mas Edward levantou a mão, impedindo-a.
"Não vou", ele acrescentou, suavizando um pouco o tom de voz. Com uma condição.
Ela levantou a cabeça, desconfiada.
-Qual condição? -perguntado.
Eduardo sorriu, aquele sorriso lento e perigoso que deve ter partido mais de um coração.
-Ele trabalha para mim.
-Que...? - ela piscou, confusa.
-Preciso de alguém que não seja oficialmente um membro da equipe. Alguém discreto. -Seus olhos brilharam-. Eu pago você. Melhor do que o que você ganha remendando trapos. Melhor do que qualquer sofrimento que você já conheceu.
Beatriz abriu a boca, mas não encontrou palavras.
Eu sabia que não era uma oferta qualquer. Era uma armadilha disfarçada de oportunidade. E, no entanto, o rosto febril de Thomas apareceu diante de seus olhos. O dinheiro. Medicamento. A possibilidade de tirá-lo daquele inferno.
Eduardo deu um passo à frente.
-Pense rápido, Beatriz. As oportunidades aqui não duram muito.
E naquele momento, Beatriz entendeu duas coisas:
Primeiro, que sua vida estava prestes a mudar para sempre.
E segundo, que Eduardo Moura era perigoso de uma forma que ela ainda não conseguia entender... mas que ela já estava começando a sentir queimando sob a pele.