Capítulo 3 3

Animado, Be disse que não ia jogar sujo e que ia dar uma vantagem, só para ele se recuperar da última aposta, que lhe rendeu um noivado frustrado.

No dia seguinte, Marjorie foi à casa de seus avós, fez faxina e o almoço. Enquanto tomava banho, não viu uma ligação de número restrito e ficou curiosa para saber quem era. Estava calor e ela foi se trocar para sair, colocou um top curto que parecia sutiã verde neon, shorts saia de malha preto e tênis verde com branco. Ao mandar uma foto para seu noivo Tulio, que morava fora do Brasil, se sentiu trist.e, disse que não estava se aguentando de saudades. Ele sempre demorava para responder e isso a chat.e.a.v.a, era difícil estar longe e sempre solitária. Ela morava em uma casinha de fundos pequena em um bairro de periferia, se sustentava sozinha e ajudava os avós financeiramente também. Era domingo, estava um lindo dia e ia ter um evento no parque botânico. O pessoal da academia ia participar de uma aula de zumba aberta a todos, também tinham grupos de capoeira, dança de rua, muitas crianças e famílias passeando. Mah chegou logo depois do almoço, com uma colega, e foram conversar com o pessoal da capoeira. Ela postou várias coisas nas redes sociais e divulgou o evento, chamando a galera para ir. Estavam na roda cantando, ela foi tocar berimbau, postou foto, se divertindo ainda dançou reggaeton com um colega e, às pressas, atravessou o parque correndo para ir fazer a zumba. No caminho, trombou com um rapaz e ele se molhou, derrubou cerveja nos dois. Toda acelerada, ela falou querendo rir:

- Moço, me desculpa. Molhou muito? Eu compro outra para você.

Muito simpático, ele falou rindo:

- Não, eu estava distraído, não vi você vindo como um foguete na minha direção. Tudo bem? Se molhou também! Nossa.

Ela disse andando, o chamando:

- Vem, vamos ali, eu pago outra, só vamos rapidinho, estou atrasada. Aí dro.g.a, vão começar sem mim! Não, não, não. Moço, eu não vou fugir sem devolver a cerveja.

Ele estava rindo do desespero dela, falou que também não ia fugir, que ia ficar muito tempo lá ainda, a segurou pelo braço e falou:

- Qual seu nome? Para eu te cobrar depois.

Ela disse rindo:

- Mah, e o seu?

Ele falou que era Gab, ela deu risada e saiu correndo, foi se lavar com a água da garrafinha. De não muito longe, ele ficou olhando, tomando outra cerveja. Os olhares se cruzaram, ela deu tchau, ele levantou a mão mostrou a lata, ela disse rindo para uma amiga que estava perto:

- Eu derrubei cerveja no moço e caiu em mim. Sou um liquidificador sem tampa mesmo!

A amiga respondeu:

- Que gatinho, hein? Uau, corpo sarado! Mah, ele tá te olhando ainda. Por que para mim não aparece um gato desses para eu trombar meus peit.o.s na cara dele? Aff.

Com deboche, ela respondeu indo no palco:

- Porque você é solteira e Deus não dá asas a cobra bobinha. Vamos logo!

Foram dançar e demorou para acabar. As meninas da academia estavam vendendo rifas e doces, oferecendo a quem participou e a quem estava perto. Mah estava com uma tigela cheia de brigadeiros. Um menino se aproximou, perguntou quanto era e contou as moedas com dificuldade, ele tinha menos de um real e o brigadeiro era três reais. Ele falou triste:

- Moça, esse dinheiro é pouco, né? Se eu não tivesse comido o dogão, ia ter para comprar o brigadeiro.

Ela piscou, fez charme, deu um brigadeiro e pegou as moedas. Atrás dela, bem perto, Gab falou com deboche:

- Eu ia trocar a cerveja pelo doce do menino.

Sem graça, ela disse se virando para ele:

- Imagina, vamos lá, ou quer os brigadeiros? Em troca?

Ele disse que ia querer a cerveja, se ela também fosse tomar uma junto. Ela gritou com uma colega, o interrompendo:

- Aleeeee, vamos trocar!

Ele ficou quieto, ela falou:

- Desculpa, a gente tem que vender as rifas logo. Quer comprar um brigadeiro? Eu não bebo!

Ele foi pegando a carteira, perguntou quanto custava, pegou quatro e deixou o troco de cortesia. Ale se aproximou falando irrita.d.a:

- Você não vai acreditar, estão inventando que não tem dinheiro vivo, só porque a gente não aceita transferência. Sacanage.m na moral!

Tem uma cartela inteira ainda aqui, Mah falou otimista:

- Calma, vamos conseguir. Falta oferecer do outro lado da ponte! Vamos lá, vou com você. Gab, eu realmente preciso ir, daqui a pouco o povo some e a gente fica de mãos abanando. Quer a cerveja?

Ele pediu a rifa, falou olhando os nomes:

- Não precisa pagar cerveja nenhuma, não. Posso ajudar vocês? Sou bom de lábia, eu vendi até uma casa pegando fogo uma vez. Sério! E eu aceito transferência, aí dou em dinheiro para vocês, pode ser?

Mah disse que toda ajuda era bem-vinda. Ele se afastou, foi falar com um grupo de senhoras, conversou bastante rindo, apontou na direção de Mah até. Ele só ofereceu para mulheres e elas marcaram todos os nomes na rifa. Nem demorou muito, ele voltou e entregou completa. Ale falou animada:

- Você foi um sucesso, uauuuu! Vamos oferecer o resto dos doces? Você é meu novo sócio!

Ele deu risada, falou mexendo nos bolsos:

- Só tem um probleminha. Não tenho o dinheiro em mãos, não todo. E eu quero comer um dogão! Com o dinheiro que eu tenho, mais o de vocês que não iam usar hoje, ou iam?

Ficaram apreensivas com medo de terem perdido tudo. Ale falou que precisavam entregar tudo junto. Ele respondeu irônico:

- Então guarda a rifa, ué, até amanhã. Quer meu RG? CPF? Eu vou sacar e levo para vocês, a gente pode se encontrar, Mah. Amanhã!

Ela estava distraída mexendo no celular, falou que morava longe. Ele falou a encarando com deboche:

- Longe de quê? Eu nem falei onde queria te encontrar.

Sem graça, notando que ele estava com maldad.e, ela falou séria:

- Longe de tudo, meu bairro é onde o gato de botas perdeu as botas. Vamos ver com as outras, Ale, quanto falta.

Ele se justificou também mais sério:

- Desculpa, eu não pensei dessa forma, pode ficar com o que eu tenho, como garantia, e amanhã eu vou te levar o resto, em qualquer lugar. Eu prometo! Não vou sumir com as transferências de vocês.

O clima ficou estranho. Mah pegou o dinheiro das mãos dele, deu para a outra e falou, quando a menina se afastou:

- Posso te pagar um lanche? Desculpa por isso, é que o negócio da rifa é sério, a gente tá tentando levantar a academia e gastamos o que não podíamos no fiado ontem. É uma longa história! Você foi super legal em ajudar. Eu nem te contei tudo direito!

Muito simpático, ele disse que aceitava o lanche e ela podia contar a história por trás das rifas. Ela foi pegar a mochila, ele fez piada sobre o tamanho, ela respondeu:

- É quase isso, uma mala. Eu tô sempre indo de um lugar para outro, como moro longe e trabalho mais longe ainda, eu sou precavida. Mas e você? Veio sozinho para cá? Gosta de zumba? Capoeira?

            
            

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