A aposta - Dois ceos e uma virgem
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Capítulo 5 5

No dia seguinte, Marjorie perdeu a hora por ter ido dormir quase de madrugada e teve que gastar o que não podia para chegar na clínica não tão tarde. Assim que entrou, foi chamada na sala de Danna, já entrando e se justificando, dizendo que perdeu o ônibus e se desculpando. Danna falou séria:

- Marjorie, eu te adoro, mas esse tipo de coisa não pode ficar acontecendo. Seu horário era às oito na escala, apareceu um paciente novo que veio até aqui, pontualmente, para passar com você. Ele é muito bem de vida e daquele tipo que só você pega, faltou me bater quando eu pedi para esperar mais um minutinho. Pode imaginar como fiquei quando ele chegou e te esperou por uma hora? Eu venho tentando te ajudar, mas se isso voltar a se repetir, você vai ser desligada da clínica.

Ela abaixou a cabeça, se desculpou, disse que não ia voltar a se atrasar. Danna falou:

- Você vai atender o senhor Josenir hoje, ele pediu para mudar o dia e vai ser hidroginástica.

Com uma cara péssima, ela falou que só podia ser "hidro". A chefe respondeu:

- Ele paga e muito bem, você aceitou atendê-lo e já sabia como era. Mas se quiser cancelar, tudo bem, atende ele só hoje e vou o remanejar. Aí você vai ficar só com três fixos, porque o de hoje dificilmente vai insistir! Essas pessoas não têm paciência nem força de vontade, ao menor impedimento fogem e com gosto.

Exausta antes mesmo de começar a trabalhar, ela só concordou e foi se trocar. Esse paciente era um senhor que não respeitava as profissionais, sempre com uma mão boba e piadas com segundas intenções. Ninguém queria atendê-lo e, como sempre, os piores eram encaminhados a Mah, que por ter menos experiência lá, não tinha muitas opções.

Ela colocou o maio e um shorts de pano mole larguinho. Logo ele chegou e não foi novidade alguma o desrespeito. Pensativa e com r.a.i.v.a, ela quase não conversou. Ele perguntou o que estava acontecendo para aquela bela flor perder o sorriso lindo. Ela falou séria, mas como se fosse algo comum:

- Ah, seu Josenir, eu não sei, tô pensativa. Imagina só o senhor ter uma vida de me.r.d.a e um emprego de bo.s.t.a pra sustentar a m.e.r.d.a da sua vida?

Ela riu ironicamente, ele falou entendendo muito bem o recado:

- Mas você não precisa disso, bonita como é, pode ter tudo o que quiser, é dando que se recebe, minha bela flor de mel. Lábios de mel, cheiro de mel, imagino como é docinha, dá vontade de lamber!

Ela disse irônica:

- Ahhhhh, mas é tanta m.e.r.d.a, sabe? Me sinto inojada! Sou difícil, o senhor não faz ideia. E aí, está trabalhando muito?

Ele se fez de bob.o, disse que estava tirando umas férias, fez uma proposta indireta sobre dinheiro e troca de favores. No final da aula, ele reclamou do humor dela à dona da clínica e ela teve que ouvir sermão por isso e ficar calada. Depois, o paciente novo ligou e perguntou se ela poderia ir até a casa dele semanalmente, porque ele não podia ficar saindo e não podia dirigir. Disse que pagaria os gastos com condução e até um extra pelo trabalho que ela iria ter. Ela tinha atendido uma paciente que era difícil, vítima de um atropelamento do ex-marido. A moça tinha vinte e cinco anos, quatro filhos e estava praticamente inválida, era sempre muito exaustivo mentalmente, por causa do sofrimento de gente como essa moça. Quando Mah terminou o atendimento, foi arrumar a sala, tirar os lixos dos banheiros. Danna foi atrás dela, começou a falar sobre a proposta que o novo paciente fez, disse que ele era jovem e exigente, parecia muito difícil de temperamento. Com ironia, Mah falou baixinho:

- Se ficou comigo, fácil que não deve ser, né...

Danna falou saindo da sala:

- Mas que bicho te mordeu hoje, Marjorie? Quase que não chega, essa expressão carregada vai lhe dar rugas e assustar os pacientes. Venha até minha sala, vamos acertar logo tudo com esse rapaz, antes que ele desista da enrolação. A não ser que a senhorita não queira, e aí?

Ela revirou os olhos, sorriu "fal.s.a" e foi saindo atrás. Quando viu o endereço, falou com espanto:

- Ahhhh, não, o quê? É no Golden Six?

Ela se sentou na cadeira olhando para o teto, falou rodando os olhos:

- Inacreditável. Olha, dona Danna, eu tô quase abraçando o Josenir e aumentando os dias. Sabe quanto tempo vou demorar em média para voltar desse lugar? É completamente fora de mão! Como vou dar aulas à noite agora?

Danna começou a rir, falou mexendo na calculadora do computador:

- Você não vai lá todos os dias, que exagero! Ele quer uma ou duas vezes na semana, a verdade é que o ma.u humorado quer ver se gosta da gente, para depois decidir. Fora que ele parece bem debilitado, do tipo que dão água na boca dele, porque é rico, esse tipo de gente tem de tudo para melhorar e não vai atrás. Seu horário é até às 17h00, se você sai daqui às 14h00 para chegar lá no Golden às 15h00, 16h00 que seja, vai terminar pelo menos às 18h00. A partir do momento que você saiu daqui, tá contando seu tempo, ele vai pagar por tudo, entendeu?

Ainda desanimada, ela disse levantando:

- É, eu entendi. Quando ele quer começar? É melhor que seja à tarde, eu já saio de casa às 7h00, para ir lá vou acordar às 5h00, aí não dá. Eu vou entrar em coma no ônibus!

Danna disse que ia conversar melhor sobre isso, mas que já estava marcado para o dia seguinte às 16h00. Começou a falar que a última paciente estava com problemas financeiros e que provavelmente ia parar de ir logo logo, começar a passar no SUS, lamentou pelo caso dela. Mah falou triste:

- É, mais uma mulher vítima de um homem, que nem está preso. Imagina o que será dela e das crianças, se o quadro não melhorar com o tempo, vai viver com um salário mínimo como? Isso acaba comigo, sabia? Vou terminar de limpar lá dentro, eu tenho ensaio e se o meu parceiro não pegar o meu ritmo, eu vou perder tudo, sozinha não é a mesma coisa, falta pouco tempo e a gente não tá indo bem.

Ela foi terminar de organizar as salas, saiu às pressas para não perder o ônibus, resmungando sobre os fones que estava usando, porque estavam caindo, eram mais antigos. Já estava escurecendo, no caminho comprou uma maçã e comeu na rua bem rápido. Ao chegar na academia, entrou pelos fundos quase escondida. Tinham alunos em todas as salas, ela foi no banheiro da Gaia no escritório. Assim que entrou no banho, Gaia falou com ela batendo na porta, disse que o pessoal já estava lá. Ela respondeu gritando:

- Eu já vou!

Assim que saiu do chuveiro, abriu a porta um pouco, foi falando irritad.a:

- Gai, tá aí? Você não vai acreditar, sério, eu não sou do tipo que reclama, né?

Gaia disse que não mesmo. Ela continuou falando de longe:

- Ontem eu estava conversando com o Tulio e aí, na melhor hora, caiu a internet, fui dormir de madrugada e não consegui fazer nada além de passar raiv.a. Mas beleza, eu perdi hora por isso, quase que valeu a pena, eu tive uns sonhos com ele que, olhaaaa.

- Cheguei na clínica atrasada, o bonito do primeiro paciente já tinha ido e desistido, primeira vez dele e deu tudo errado, o cara é um cha.t.o, já ficou com má impressão sobre mim. Culpa de quem? Minha, né!

- Aiiii, eu não acredito nisso, dr.o.g.a, meu creme vazou na bolsa. Então tô eu lá feliz da vida, só que nãoooo, me falam que é dia de atender o mãozinha, hidroginástica com o Josenir, aiiii que rai.v.a, vontade de afogar aquele velho babão. Eu tô morrendo de fome, sono, comi só uma maçã desde o almoço, atendi aquela moça que o marido tentou m.a.t.a.r e isso já me suga muito.

- Eu só vim pra cá por causa do Maciel, a gente precisa pegar o ritmo certo, sem os meus fones que aquele cara estranh.o achou, não ouvi uma música hoje. Ele veio trazer o dinheiro? Claro que não, né, tô vendo que vai sobrar pra mim isso aí. Preciso comer antes de ir ensaiar!

Gaia começou a rir e estava só concordando com tudo. Mah foi saindo do banheiro só de langeri, se abaixou de costas para a mesa, foi mexendo na bolsa procurando roupa. Gaia falou rindo:

- Pelo menos ele fechou os olhos, né?

Sem entender, ela falou colocando o shorts:

- Que? Você não sai desse celular, poxa, viu.

Ela se virou para Gaia e tomou um susto com o Gab sentado na mesa, falou sem entender:

- O que ele tá fazendo aqui?

Os dois estavam rindo, ele respondeu sem olhar para ela, com a mão nos olhos:

- Vim trazer o dinheiro das rifas e seus fones, a Gaia estava conversando comigo sobre a contabilidade e eu ofereci ajuda. Somos parça já! Tomei café, comi pão, participei de uma aula, tô me sentindo bem em casa já.

Envergonhada, ela começou a rir também, falou enquanto terminava de se vestir:

- Eu vou fingir que não falei nada e você faça o mesmo.

Ela estava com um cropped curto que parecia sutiã, falou que ele podia abrir os olhos. Ele respondeu brincando:

- Tem certeza? Vai sair semi nu.a assim mesmo?

                         

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