"No Limite da Sedução e do Medo"
img img "No Limite da Sedução e do Medo" img Capítulo 2 O Sussurro do Inferno
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Capítulo 6 Ecos do Inferno img
Capítulo 7 Despertar do Sangue Antigo img
Capítulo 8 As Sombras Chegaram img
Capítulo 9 Ecos do Passado img
Capítulo 10 Verdades Veladas img
Capítulo 11 Chamas da Rebelião img
Capítulo 12 Ecos do Abismo img
Capítulo 13 O Templo dos Ecos Perdidos img
Capítulo 14 O Caminho das Almas Esquecidas img
Capítulo 15 A Ruptura do Véu img
Capítulo 16 Entre o Prazer e o Infinito img
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Capítulo 2 O Sussurro do Inferno

Astaroth permanecia diante dela, sólido como uma estátua de sombras, e ao mesmo tempo etéreo como um sonho. Seus olhos, vermelho-âmbar, pareciam examinar cada centímetro da alma de Selene. A vela que ainda ardia lançava luz sobre sua pele pálida, revelando traços quase humanos... quase. A beleza dele era de outro mundo: selvagem, cruel e sedutora.

Selene recuou, tropeçando na borda do tapete antigo da biblioteca.

- Isso... isso é real? - ela perguntou, a voz entrecortada pelo medo e pelo fascínio.

Astaroth não respondeu de imediato. Em vez disso, se aproximou lentamente, com um andar hipnotizante. A cada passo, o ar ao redor parecia ferver em tensão. Seu cheiro era uma mistura de madeira queimada, terra molhada e um perfume que Selene não conseguia identificar, mas que a fazia estremecer.

- O que é real para você, Selene? - ele perguntou, com um sorriso que desafiava a sanidade. - O toque da pele? O arrepio da alma? Ou o desejo que pulsa em seu ventre mesmo enquanto me teme?

- Eu não desejo você! - ela rebateu, embora suas pernas vacilassem. - Eu só... li as palavras do livro. Não sabia que era verdadeiro.

- Ah... - Astaroth tocou o queixo com os dedos longos, elegantemente afiados. - Então você brincou com o fogo esperando não se queimar?

Ele chegou tão perto que ela pôde sentir o calor de sua pele, mesmo sem que houvesse contato.

- Eu... quero que você vá embora. Volte para onde veio.

Astaroth inclinou a cabeça, como um predador brincando com sua presa.

- Eu não sou um espírito à deriva, Selene. Não sou um fantasma que você pode expulsar com sal e latim. Fui invocado. Você me chamou. E agora estou aqui... inteiro... faminto.

- Faminto por quê? - ela perguntou, sentindo o estômago revirar.

- Por você.

A resposta veio carregada de uma intensidade quase física. O ar ficou pesado, e Selene teve que se apoiar na estante para não cair. Seus batimentos cardíacos retumbavam em seus ouvidos.

- Eu sou uma humana. Frágil. Mortal. Você pode ter qualquer alma, por que a minha?

Astaroth se aproximou ainda mais. Seus lábios estavam a poucos centímetros dos dela. Seus olhos não deixavam os dela nem por um instante.

- Porque a sua luz brilha no escuro, mesmo sem você perceber. Você tem algo que muitos perderam há séculos... um desejo de sentir tudo - o prazer, a dor, o medo, o êxtase. Você é o tipo de mulher que caminha até a beira do abismo... e olha para baixo, sorrindo.

Selene engoliu em seco. O demônio estava certo. Havia uma parte dela, uma parte que sempre fora silenciada, que desejava algo além da rotina... além do mundano. E agora, ali, sob os olhos daquele ser impossível, essa parte se retorcia como uma cobra despertando do sono.

- O que acontece agora? - ela perguntou, num fio de voz. - Vai me devorar?

Astaroth riu suavemente, sua voz vibrando como um trovão abafado.

- Não, Selene. Eu não devoro. Eu possuo. E se me permitir... posso mostrar prazeres que fariam os deuses corarem.

Ela deveria correr. Gritar. Chorar. Mas não fez nada disso. Em vez disso, ficou ali, paralisada, não mais apenas pelo medo, mas por algo mais forte: a curiosidade... e o desejo.

- Você... não pode me obrigar.

- Eu jamais forçaria. A paixão verdadeira não nasce da submissão, mas da rendição. - Ele estendeu a mão. - Quer me conhecer, Selene? Quer saber até onde consegue ir antes de se perder?

Selene olhou para aquela mão. Os dedos elegantes, a palma estendida, como uma promessa e uma maldição ao mesmo tempo. A chama da vela tremulava, lançando sombras dançantes nos olhos dele.

Ela não respondeu. Não ainda. Mas seu coração já havia dado o primeiro passo.

            
            

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