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O telefone de Ana tocou a acordando logo cedo. Ciro a ligou perguntando se ela poderia ir para a entrevista com o sr. Otto às 10h da manhã, ele a buscaria e a levaria à fazenda, Ana concordou e levantou para se arrumar, tomou um banho e vestiu uma blusa preta lisa e uma calça jeans, e colocou seu tenis branco. Leila e Fred ainda dormiam e ela resolveu fazer o café da manhã para os três. Às nove e meia Ciro apareceu para buscá-la e ela entrou na caminhonete que ele dirigia.
A viagem foi tranquila, Ciro fez algumas perguntas básicas, se Ana dirigia, se tinha filhos ou namorado, se sabia cozinhar... Até que chegaram na casa da fazenda, ela era linda, um casarão estilo colonial completamente preservado, Ana ficou impressionada com a casa.
Ciro encaminhou Ana para dentro da casa e pediu que ela esperasse no escritório. Após alguns minutos de espera Ana ver a porta abrir e um homem por volta dos seus 50 anos com cabelos grisalhos entrar, ele era bonito, Ana normalmente não reparava em homens mais velhos, mas notou que ele era alto e forte, parecia malhar, os cabelos eram curtos e tinha a barba por fazer.
"Bom dia! Você deve ser Ana!" Sua voz era tranquila e firme, Ana se levantou para cumprimentá-lo e se apresentar.
"Bom dia! Sim, sou Ana, muito prazer!" Ela estendeu a mão para Otto e ele a apertou delicadamente. Ele indicou que ela poderia se sentar.
"Bem, Ciro me falou de seu interesse na vaga, e que você não é da cidade, veio para morar com uns amigos... Alguma outra razão para sair de uma cidade grande e vir morar aqui[" Otto indagou a moça
"O custo de vida é menor, aqui eu vou poder enviar mais dinheiro para minha irmã, ela faz faculdade e sou eu quem a mantenho" O homem franziu o cenho com a resposta.
"E os pais de vocês?"
"Nos ficamos orfãs ainda crianças, então somos só nós duas, ela é a mais nova" Ana estava sem graça com a pergunta, não gostava de falar de si para estranhos.
"Não precisa ficar nervosa, são só algumas perguntas sobre sua vida, afinal, você irá trabalhar na minha casa." Otto esclareceu seu interesse e continuou.
"Você já trabalhou na casa de alguém como empregada?"
"Não, somente como camareira de um hotel." Ana mentiu, não era um hotel e sim um motel.
"Muito bom... e você sabe cozinhar?"
"Sim, sei... na verdade já trabalhei como cozinheira em um restaurante..." Otto abriu um sorriso com a afirmação.
"Você trabalhou em diversos lugares, quantos anos você tem?" - Ele questionou Ana rindo.
"26 anos... Eu sempre tive que cuidar de mim e da minha irmã, às vezes era necessário trabalhar em mais de um lugar." Ana respondeu sorrindo mas se incomodou com o comentário.
"Desculpe, não quis ser classista... mas me surpreendeu, você é jovem mas me parece bem madura... isso é bom. Eu gosto de oferecer um bom salário para as pessoas que trabalham para mim, mas costumo ser exigente, gosto que as coisas sejam do meu jeito... Você trabalhando aqui terá que se mudar para cá, você terá que cozinhar e limpar a casa, a parte externa é responsabilidade de Ciro, você terá no minimo um dia de folga semanal, às vezes dois ou três se eu estiver fora da cidade ou se assim eu quiser. Aqui está minha proposta." Ele estendeu a mão com um papel, Ana olhou e se surpreendeu, ou aquele homem era muito generoso ou era insuportável trabalhar com ele, a oferta era o cinco vezes mais do que se pagava para uma empregada em uma cidade grande. "Então Ana, esse valor está bom? Lembrando que ele inclui a sua discrição." Ele completou.
"Claro senhor Otto! Está ótimo! Quando o senhor espera que eu inicie?" Ana estava em êxtase, ela nunca ganhara tanto dinheiro assim, mesmo com mais de um emprego, e ela ainda teria um local para ficar, poderia enviar mais dinheiro para Jéssica e deixá-la mais confortável...
"Bem, se possível... agora! Posso mostrar a casa em seguida você pode ir para a cozinha preparar o almoço, pelo horário avançado terá que ser algo rápido, todos os dias almoço pontualmente às 12:30, não tolero atrasos. Me acompanhe..." Otto abril a porta para Ana passar.
"Você já conheceu a sala de visitas, meu escritório, os quartos ficam à direita o meu é o último do corredor, à esquerda fica a sala de jantar e a cozinha... Vamos!" Otto seguiu andando, os dois passaram pela sala de jantar em direção à cozinha, entre os dois cômodos havia uma escada.
" Descendo as escadas temos meu ateliê e o quarto dos empregados, vamos descer, assim você já conhece onde vai ficar." Os dois desceram as escadas e Otto indicou o quarto de Ana à esquerda. Era um bom espaço, tinha uma cama grande, um armário, uma poltrona e uma televisão, a vista da janela dava para a mata e possuía banheiro próprio, chegava a ser luxuoso em comparação aos outros locais que Ana viveu. Ao sair do quarto Otto continuou o tour pelo andar inferior, entrando em um corredor a primeira porta era uma adega, ele abriu e indicou que ela poderia retirar os vinhos para as refeições alí, a porta seguinte era um lavabo, depois vinha uma academia, depois seu ateliê, era imenso, com diversas pinturas prontas e em andamento.
"Aqui você não terá que se preocupar muito, só deve limpar quando eu solicitar... algumas vezes vou pedir que sirva algo aqui, mas somente deve entrar quando solicitado, não gosto de ser interrompido em meus momentos de produção." Ana assentiu e quando ela estava se direcionando para a última porta do corredor Otto segurou seu braço.
"Esse quarto não é problema seu... Aliás, você é proibida de entrar nele, ele deve permanecer trancado até que eu tenha certeza que posso confiar em você." Ana achou estranho, a restrição.
"Ok... mas só preciso saber se é alguma coisa ilegal..." Otto começou a rir antes que ela terminasse a frase.
"Não! Não é nada ilegal, é somente algo pessoal." Ele falou de forma tão tranquila que Ana achou que realmente não fosse nada demais.
Ao subir novamente Otto mostrou a Ana a cozinha e pediu que ela preparasse o almoço, logo em seguida ele desceu para o ateliê avisando que estaria pontualmente às 12:30 na sala de jantar.