Capítulo 5 O desejo

Aos primeiros raios de sol Ana despertou, ela tinha dormido maravilhosamente bem na noite anterior, após o banho ela apagou na confortável cama de seu novo quarto. Ela estava pronta para um novo dia e foi se arrumar para seu segundo dia de trabalho, vestiu uma blusa rosa bebê e sua calça jeans, ao invés do tênis, ela colocou sua birken de couro, seria mais prático para limpar a casa. Quando subiu para a cozinha, Ciro tinha acabado de entrar pela porta com o pão.

"Bom dia, Ciro! Vou fazer um café preto, você aceita?" Ana recebeu o homem.

"Bom dia, Ana! Aceito sim! Um café nunca é demais pela manhã." Respondeu Ciro de forma cortês.

"Você já comeu? Ainda ficou da sopa de ontem, vou esquentar um pouco." Ciro sorriu para Ana, ela parecia uma boa pessoa, provavelmente o senhor Otto ia gostar do trabalho dela.

"Vou querer também um pouco, então." Ele respondeu.

Ana serviu o café e a sopa para o colega, e começou a organizar as coisas para o café da manhã de Otto enquanto conversava com Ciro.

"Ciro, todas as compras da casa que eu precisar eu devo pedir a você? Como era feito antes?" Perguntou Ana.

"A empregada anterior dirigia, se você quiser tem outra caminhonete para você usar, e resolver as coisas na cidade." Ciro respondeu.

"Seria ótimo! Preciso comprar algumas coisas pras receitas... é muito mais prático do que ficar incomodando você." Ana concluiu.

Otto acordou depois de uma noite intranquila, durante toda a noite a imagem de Ana permeou seus pensamentos e seus sonhos, ele levantou decidido... tinha que saber mais sobre essa mulher, seja para se desencantar, seja para descobrir até onde ele poderia chegar com ela.

Até lá ele precisava desestressar sua mente e seu corpo, ele pegou o celular e mandou uma mensagem marcando uma sessão para aquela noite.

Durante o café da manhã, Otto observava de longe Ana organizando a cozinha, ele percebeu que ela não estava de tênis, e sim com uma sandália, que Otto considerava esteticamente feia, mas ele conseguia ver seus pés... eles eram delicados e finos, despertando mais seu desejo. Quando Ana veio tirar a mesa, Otto segurou seu braço.

"Ana, por favor, se sente um pouco! Quero conversar com você." Ele falou em um tom mais autoritário do que planejado, porém Ana somente assentiu e sentou.

"Claro, senhor Otto! Sobre o que o senhor quer falar?" Ana sorriu, mas estava nervosa, ela reparou que foi a primeira vez que ele a tocou.

"Primeiro quero perguntar, como foi sua primeira noite na casa?" Otto quis parecer simpático com Ana.

"Foi ótimo! Dormi super bem! Nem precisei de despertador pra acordar..." Ana respondeu naturalmente.

"Ótimo, bom saber disso! O quarto é simples, mas espero que você tenha achado confortável..." Ele continuou com a conversa trivial.

"Bastante confortável, senhor Otto! Eu agradeço a preocupação..." Ana não entendeu bem onde o chefe queria chegar, talvez ele só fosse um homem gentil.

"E você chegou a pegar algum livro ontem, no escritório?" Ele perguntou, dessa vez, interessado em saber qual obra ela poderia ter pegado.

"Na verdade... não! Ontem estava cansada e ainda tinha que organizar minhas coisas no quarto..."

"Bem, podemos dar uma olhada agora! Fiquei entusiasmado com o fato de você gostar de literatura. Vamos!" Ele se levantou e a conduziu até o escritório sem a tocar, Otto fechou a porta do escritório atrás de si, enquanto Ana estava a sua frente distraída com as estantes repletas de livros.

"Eles estão à sua disposição." Otto falou enquanto se sentava em uma poltrona de leitura e cruzava suas pernas.

"Alguma indicação?" Ana virou feliz, com seus olhos brilhando, aquela imagem encantou Otto.

"Bem... qual tipo de livro você costuma ler?" Ele perguntou curioso.

"Normalmente literatura, não leio muito livros científicos, alguns de filosofia ou sociologia acho legal, mas não é minha preferência... eu prefiro fugir da realidade..." Otto ficou intrigado com a reflexão de Ana, ela provavelmente teve uma vida difícil, e criar mais problemas em sua cabeça era realmente desnecessário.

"Vamos para os clássicos então..." Otto apontou para uma estante específica. Ana passou o olhar sobre os títulos, mas Otto sugeriu uma obra antes que ela escolhesse: "O que você acha de 'O fantasma da ópera'? Já chegou a ler?"

"Não, assisti ao filme... mas não li o livro..." Ana pareceu interessada, ela tinha gostado do filme.

"Perfeito então! Mas não se engane, o livro é completamente diferente do musical. Você vai encontrar uma mente muito mais perturbada aí." Otto apontou para o livro que já estava nas mãos de Ana.

"Então provavelmente será melhor!" Ana exclamou sorrindo. Otto arqueou as sobrancelhas.

"Você gosta de mentes perturbadas?" Ele perguntou com um sorriso malicioso.

"Eu gosto da complexidade das pessoas... se todo mundo fosse igual a vida seria um tédio." Ana refletiu. Otto assentiu concordando com Ana, seu olhar era de admiração por ela.

"Que criatura interessante você é, Ana..." Ela ficou vermelha com o elogio. " Me diga, Ana... como surgiu seu interesse por leitura?"

"No orfanato... lá tinha uma biblioteca razoável e a diretora era legal comigo, me deixava ir a qualquer hora do dia." Ana esclareceu a dúvida de Otto.

"Isso é bom..." Otto levantou da poltrona e tentou se aproximar de Ana caminhando em sua direção. Ao perceber o avanço de Otto, ela desviou se distanciando.

"Eu preciso voltar para os meus afazeres, senhor Otto! Obrigada pelo empréstimo do livro!" Ana concluiu e saiu do escritório.

Otto ficou possesso, estava frustrado, queria tocá-la... tê-la em suas mãos. Ele desceu para seu ateliê e se trancou, subindo somente para almoçar, sem dirigir uma palavra sequer a Ana.

Quando subiu para tomar banho Ana já havia preparado e já estava saindo do quarto, ela lhe deu boa tarde e ele a respondeu secamente, mas mesmo assim ele ainda conseguiu reparar em seus pés descalços, eram perfeitos...

                         

COPYRIGHT(©) 2022