Capítulo 4 Encontro Secreto

Cena 1: A Biblioteca Vazia

O relógio da biblioteca marcava 16:55 quando Soo-ah empurrou a pesada porta de madeira. O lugar estava deserta, iluminado apenas pelos últimos raios de sol que filtravam pelas altas janelas. Ela percorreu as estantes com os dedos, nervosa, até chegar ao canto mais afastado – aquele onde, semanas atrás, tinha descoberto Ji-hoon dançando.

"E se for uma armadilha?" O pensamento a assaltou, mas ela o afastou. Algo no bilhete parecia genuíno.

- "Você veio."

A voz fez Soo-ah saltar. Ji-hoon estava sentado no chão, encostado na estante de poesia, um livro aberto no colo. Desta vez, nenhuma máscara escondia seu rosto – e ela notou as olheiras roxas sob seus olhos.

- "Pensei que tínhamos que manter distância", ela disse, cruzando os braços.

Ele fechou o livro com um baque suave.

- "A Starline está te monitorando."

Soo-ah congelou.

- "O quê?"

- "O Sr. Park contratou um detetive. Ele sabe onde você mora, quem são seus amigos..." Ji-hoon engoliu seco. "Eles acham que você pode vazar informações sobre mim."

O ar pareceu sair dos pulmões de Soo-ah. Ela escorregou pela estante até sentar no chão, frente a frente com ele.

- "Eu nunca faria isso."

- "Eu sei." Ele olhou para as mãos. "Mas é assim que a indústria funciona. Eles não confiam em ninguém."

Um silêncio pesado pairou entre eles, até que Soo-ah quebrou-o:

- "Por que você me chamou aqui, então? Se é tão perigoso?"

Ji-hoon levantou os olhos, e pela primeira vez, ela viu algo nele que não era cautela ou raiva. Era medo.

- "Porque eu preciso que você faça algo por mim."

Cena 2: O Pedido de Ji-hoon

Ele tirou um envelope do bolso e deslizou-o pelo chão até ela.

- "Isso é para minha irmã, Hae-in. Ela está no hospital em Busan."

Soo-ah abriu o envelope cuidadosamente. Dentro, havia uma carta manuscrita e um pequeno pingente de estrela.

- "Por que você não manda isso você mesmo?"

- "Toda minha correspondência é monitorada. Eles acham que... distrações familiares atrapalham o treinamento." Ji-hoon cerrou os punhos. "Hae-in está doente. Leucemia. Eu... eu não posso visitá-la."

Soo-ah sentiu o coração apertar.

- "Ji-hoon, eu-"

- "Não precisa dizer nada." Ele interrompeu, voz rouca. "Só preciso saber se você pode fazer isso. É muito pedir, eu sei, mas-"

- "Eu vou." A resposta saiu antes que ela pensasse.

Ji-hoon a olhou como se ela tivesse dito algo em outra língua.

- "Você nem sabe onde é o hospital."

- "Você vai me dizer." Ela dobrou o envelope e o guardou no bolso interno do casaco. "Quando você quer que eu vá?"

Ele pareceu lutar contra si mesmo por um momento, então murmurou:

- "Próximo fim de semana. Eu... eu vou te pagar pela passagem de trem."

- "Não precisa."

- "Preciso, sim." Ji-hoon insistiu. "E tem mais uma coisa."

Ele se inclinou para frente, tão perto que Soo-ah pôde sentir o cheiro discreto de seu perfume – algo fresco, como pinho.

- "Se alguém te perguntar, você nunca me viu hoje. Entendeu?"

Soo-ah assentiu, mas antes que pudesse responder, o som de passos ecoou no corredor entre as estantes.

Ambos congelaram.

Cena 3: Quase Descobertos

Ji-hoon agiu rápido – puxou Soo-ah para trás de uma pilha de livros empilhados e cobriu sua boca com a mão. Seu coração batia tão forte que ela temia que ele pudesse ouvir.

Os passos se aproximaram, acompanhados por uma voz que fez o sangue de Soo-ah gelar:

- "Eu juro que vi eles virem pra cá." Min-jun.

- "Cale a boca, eu não tô vendo ninguém", resmungou outro garoto – provavelmente um de seus capangas.

Soo-ah sentiu a mão de Ji-hoon tremer contra sua boca. Seus olhos se encontraram no escuro, e ela viu nele a mesma pergunta que ecoava em sua mente: "Como ele sabia?"

Os passos pararam a poucos metros deles.

- "Checa atrás dessas estantes", Min-jun ordenou.

Soo-ah fechou os olhos, preparando-se para o pior...

Quando, de repente, o alarme de incêndio disparou.

- "Merda!" O amigo de Min-jun gritou. "Vamo vazar antes que a diretora apareça!"

Os dois correram para a saída, deixando Soo-ah e Ji-hoon sozinhos novamente.

Ele soltou-a, ofegante.

- "Como eles-"

- "Não importa." Ji-hoon levantou-se, ajudando-a a se levantar. "Você precisa ir. Agora."

- "E o alarme?"

Ele puxou algo do bolso – um pequeno dispositivo.

- "Presente de um amigo trainee. Para quando a empresa nos prende em treinos por 16 horas seguidas."

Soo-ah quase riu, apesar da situação.

- "Você é impossível."

Ji-hoon sorriu – um verdadeiro, raro sorriso que fez algo dentro dela se derreter.

- "Envie uma mensagem para esse número quando chegar em Busan." Ele entregou-lhe um papel dobrado. "É o único telefone que eles não monitoram."

Soo-ah guardou-o junto ao envelope.

- "E se alguém me seguir?"

- "Não vão." Ji-hoon ajustou o capuz. "Eu vou garantir isso."

Antes que ela pudesse perguntar como, ele desapareceu entre as estantes, deixando para trás apenas o cheiro de pinho e um bilhete rasgado com o número de telefone.

Cena 4: A Descoberta de Eun-ji

Na manhã seguinte, Soo-ah estava arrumando sua mochila para a viagem quando Eun-ji invadiu seu quarto sem bater.

- "Você não vai acreditar no que-" Ela parou ao ver a mala aberta. "Onde você vai?"

- "Visitar minha tia em Busan", Soo-ah mentiu, fechando rapidamente a gaveta onde guardara o envelope.

Eun-ji arqueou uma sobrancelha, mas deixou passar.

- "De qualquer forma, olha isso!" Ela jogou seu celular na cama.

Na tela, um post no fórum de fãs da Starline:

"Vazamento Exclusivo: Letra inédita atribuída ao novo grupo de trainees!"

Soo-ah engasgou. Era sua música. "Invisible Strings".

- "Como isso-"

- "Todo mundo na escola está falando disso!" Eun-ji exclamou. "Dizem que é do Ji-hoon. Você acha que ele-"

Soo-ah nem ouviu o resto. Seu sangue pulsava nos ouvidos. "Alguém roubou meu caderno."

E então, ela lembrou: Min-jun.

Na biblioteca. Quando ela deixara o caderno sozinho por cinco minutos para ir ao banheiro.

- "Eu preciso ir", ela disse abruptamente.

Eun-ji tentou protestar, mas Soo-ah já estava saindo pela porta, um único pensamento em sua mente:

"Isso vai arruinar Ji-hoon."

Cena 5: A Armadilha

O dormitório dos garotos ficava do outro lado do campus. Soo-ah nunca tinha ido lá, mas sabia que Min-jun morava no quarto 12.

Ela bateu na porta com força.

- "Abra, Min-jun! Eu sei que foi você!"

A porta se abriu, revelando não Min-jun, mas Seung-ho, seu amigo.

- "Bem, bem, se não é a groupie do idol", ele zombou. "Min-jun disse que você viria."

Soo-ah empurrou-o para entrar.

O quarto estava uma bagunça, e no meio dele, Min-jun segurava seu caderno de composições.

- "Devolva!" Ela avançou, mas ele levantou-o fora de seu alcance.

- "Que música triste, hein?" Min-jun folheou as páginas dramaticamente. "'Invisible Strings'... 'Estrelas Fingidas'... Todas sobre ele, não são?"

- "Isso não é do Ji-hoon", ela gritou. "São minhas!"

Min-jun riu.

- "Claro que são. E eu tenho certeza que a Starline vai adorar saber que uma fã obcecada está compondo músicas sobre seu trainee."

Soo-ah sentiu-se enjoada. Ele estava certo – se a empresa descobrisse, pensariam que Ji-hoon a encorajou.

- "O que você quer?" ela perguntou, voz trêmula.

Min-jun sorriu, colocando o caderno em sua mochila.

- "O teste de avaliação da Starline é amanhã. Se Ji-hoon for bem, ele debuta. Se não..."

- "Você quer que ele falhe?"

- "Eu quero que ele desapareça." Min-jun jogou algo para ela – um frasco de pílulas. "Coloque isso na bebida dele antes do teste. Ele vai ficar grogue, perder o timing... e a Starline vai cortá-lo."

Soo-ah olhou para as pílulas, horrorizada.

- "Você é doente."

- "Escolha é sua." Min-jun encostou-se na parede. "Ou ele é eliminado... ou todo mundo descobre que vocês dois têm um caso proibido."

Soo-ah apertou o frasco em sua mão, uma decisão impossível diante dela:

Trair Ji-hoon... ou arruinar sua carreira?

            
            

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