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Cena 1: A Biblioteca Vazia
O relógio da biblioteca marcava 16:55 quando Soo-ah empurrou a pesada porta de madeira. O lugar estava deserta, iluminado apenas pelos últimos raios de sol que filtravam pelas altas janelas. Ela percorreu as estantes com os dedos, nervosa, até chegar ao canto mais afastado – aquele onde, semanas atrás, tinha descoberto Ji-hoon dançando.
"E se for uma armadilha?" O pensamento a assaltou, mas ela o afastou. Algo no bilhete parecia genuíno.
- "Você veio."
A voz fez Soo-ah saltar. Ji-hoon estava sentado no chão, encostado na estante de poesia, um livro aberto no colo. Desta vez, nenhuma máscara escondia seu rosto – e ela notou as olheiras roxas sob seus olhos.
- "Pensei que tínhamos que manter distância", ela disse, cruzando os braços.
Ele fechou o livro com um baque suave.
- "A Starline está te monitorando."
Soo-ah congelou.
- "O quê?"
- "O Sr. Park contratou um detetive. Ele sabe onde você mora, quem são seus amigos..." Ji-hoon engoliu seco. "Eles acham que você pode vazar informações sobre mim."
O ar pareceu sair dos pulmões de Soo-ah. Ela escorregou pela estante até sentar no chão, frente a frente com ele.
- "Eu nunca faria isso."
- "Eu sei." Ele olhou para as mãos. "Mas é assim que a indústria funciona. Eles não confiam em ninguém."
Um silêncio pesado pairou entre eles, até que Soo-ah quebrou-o:
- "Por que você me chamou aqui, então? Se é tão perigoso?"
Ji-hoon levantou os olhos, e pela primeira vez, ela viu algo nele que não era cautela ou raiva. Era medo.
- "Porque eu preciso que você faça algo por mim."
Cena 2: O Pedido de Ji-hoon
Ele tirou um envelope do bolso e deslizou-o pelo chão até ela.
- "Isso é para minha irmã, Hae-in. Ela está no hospital em Busan."
Soo-ah abriu o envelope cuidadosamente. Dentro, havia uma carta manuscrita e um pequeno pingente de estrela.
- "Por que você não manda isso você mesmo?"
- "Toda minha correspondência é monitorada. Eles acham que... distrações familiares atrapalham o treinamento." Ji-hoon cerrou os punhos. "Hae-in está doente. Leucemia. Eu... eu não posso visitá-la."
Soo-ah sentiu o coração apertar.
- "Ji-hoon, eu-"
- "Não precisa dizer nada." Ele interrompeu, voz rouca. "Só preciso saber se você pode fazer isso. É muito pedir, eu sei, mas-"
- "Eu vou." A resposta saiu antes que ela pensasse.
Ji-hoon a olhou como se ela tivesse dito algo em outra língua.
- "Você nem sabe onde é o hospital."
- "Você vai me dizer." Ela dobrou o envelope e o guardou no bolso interno do casaco. "Quando você quer que eu vá?"
Ele pareceu lutar contra si mesmo por um momento, então murmurou:
- "Próximo fim de semana. Eu... eu vou te pagar pela passagem de trem."
- "Não precisa."
- "Preciso, sim." Ji-hoon insistiu. "E tem mais uma coisa."
Ele se inclinou para frente, tão perto que Soo-ah pôde sentir o cheiro discreto de seu perfume – algo fresco, como pinho.
- "Se alguém te perguntar, você nunca me viu hoje. Entendeu?"
Soo-ah assentiu, mas antes que pudesse responder, o som de passos ecoou no corredor entre as estantes.
Ambos congelaram.
Cena 3: Quase Descobertos
Ji-hoon agiu rápido – puxou Soo-ah para trás de uma pilha de livros empilhados e cobriu sua boca com a mão. Seu coração batia tão forte que ela temia que ele pudesse ouvir.
Os passos se aproximaram, acompanhados por uma voz que fez o sangue de Soo-ah gelar:
- "Eu juro que vi eles virem pra cá." Min-jun.
- "Cale a boca, eu não tô vendo ninguém", resmungou outro garoto – provavelmente um de seus capangas.
Soo-ah sentiu a mão de Ji-hoon tremer contra sua boca. Seus olhos se encontraram no escuro, e ela viu nele a mesma pergunta que ecoava em sua mente: "Como ele sabia?"
Os passos pararam a poucos metros deles.
- "Checa atrás dessas estantes", Min-jun ordenou.
Soo-ah fechou os olhos, preparando-se para o pior...
Quando, de repente, o alarme de incêndio disparou.
- "Merda!" O amigo de Min-jun gritou. "Vamo vazar antes que a diretora apareça!"
Os dois correram para a saída, deixando Soo-ah e Ji-hoon sozinhos novamente.
Ele soltou-a, ofegante.
- "Como eles-"
- "Não importa." Ji-hoon levantou-se, ajudando-a a se levantar. "Você precisa ir. Agora."
- "E o alarme?"
Ele puxou algo do bolso – um pequeno dispositivo.
- "Presente de um amigo trainee. Para quando a empresa nos prende em treinos por 16 horas seguidas."
Soo-ah quase riu, apesar da situação.
- "Você é impossível."
Ji-hoon sorriu – um verdadeiro, raro sorriso que fez algo dentro dela se derreter.
- "Envie uma mensagem para esse número quando chegar em Busan." Ele entregou-lhe um papel dobrado. "É o único telefone que eles não monitoram."
Soo-ah guardou-o junto ao envelope.
- "E se alguém me seguir?"
- "Não vão." Ji-hoon ajustou o capuz. "Eu vou garantir isso."
Antes que ela pudesse perguntar como, ele desapareceu entre as estantes, deixando para trás apenas o cheiro de pinho e um bilhete rasgado com o número de telefone.
Cena 4: A Descoberta de Eun-ji
Na manhã seguinte, Soo-ah estava arrumando sua mochila para a viagem quando Eun-ji invadiu seu quarto sem bater.
- "Você não vai acreditar no que-" Ela parou ao ver a mala aberta. "Onde você vai?"
- "Visitar minha tia em Busan", Soo-ah mentiu, fechando rapidamente a gaveta onde guardara o envelope.
Eun-ji arqueou uma sobrancelha, mas deixou passar.
- "De qualquer forma, olha isso!" Ela jogou seu celular na cama.
Na tela, um post no fórum de fãs da Starline:
"Vazamento Exclusivo: Letra inédita atribuída ao novo grupo de trainees!"
Soo-ah engasgou. Era sua música. "Invisible Strings".
- "Como isso-"
- "Todo mundo na escola está falando disso!" Eun-ji exclamou. "Dizem que é do Ji-hoon. Você acha que ele-"
Soo-ah nem ouviu o resto. Seu sangue pulsava nos ouvidos. "Alguém roubou meu caderno."
E então, ela lembrou: Min-jun.
Na biblioteca. Quando ela deixara o caderno sozinho por cinco minutos para ir ao banheiro.
- "Eu preciso ir", ela disse abruptamente.
Eun-ji tentou protestar, mas Soo-ah já estava saindo pela porta, um único pensamento em sua mente:
"Isso vai arruinar Ji-hoon."
Cena 5: A Armadilha
O dormitório dos garotos ficava do outro lado do campus. Soo-ah nunca tinha ido lá, mas sabia que Min-jun morava no quarto 12.
Ela bateu na porta com força.
- "Abra, Min-jun! Eu sei que foi você!"
A porta se abriu, revelando não Min-jun, mas Seung-ho, seu amigo.
- "Bem, bem, se não é a groupie do idol", ele zombou. "Min-jun disse que você viria."
Soo-ah empurrou-o para entrar.
O quarto estava uma bagunça, e no meio dele, Min-jun segurava seu caderno de composições.
- "Devolva!" Ela avançou, mas ele levantou-o fora de seu alcance.
- "Que música triste, hein?" Min-jun folheou as páginas dramaticamente. "'Invisible Strings'... 'Estrelas Fingidas'... Todas sobre ele, não são?"
- "Isso não é do Ji-hoon", ela gritou. "São minhas!"
Min-jun riu.
- "Claro que são. E eu tenho certeza que a Starline vai adorar saber que uma fã obcecada está compondo músicas sobre seu trainee."
Soo-ah sentiu-se enjoada. Ele estava certo – se a empresa descobrisse, pensariam que Ji-hoon a encorajou.
- "O que você quer?" ela perguntou, voz trêmula.
Min-jun sorriu, colocando o caderno em sua mochila.
- "O teste de avaliação da Starline é amanhã. Se Ji-hoon for bem, ele debuta. Se não..."
- "Você quer que ele falhe?"
- "Eu quero que ele desapareça." Min-jun jogou algo para ela – um frasco de pílulas. "Coloque isso na bebida dele antes do teste. Ele vai ficar grogue, perder o timing... e a Starline vai cortá-lo."
Soo-ah olhou para as pílulas, horrorizada.
- "Você é doente."
- "Escolha é sua." Min-jun encostou-se na parede. "Ou ele é eliminado... ou todo mundo descobre que vocês dois têm um caso proibido."
Soo-ah apertou o frasco em sua mão, uma decisão impossível diante dela:
Trair Ji-hoon... ou arruinar sua carreira?