V- Cinco
img img V- Cinco img Capítulo 5 Confiança
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Capítulo 6 Em Fuga img
Capítulo 7 Mamãe img
Capítulo 8 Meu Território! img
Capítulo 9 Traição... img
Capítulo 10 Diga Que Se Importa img
Capítulo 11 Hospital img
Capítulo 12 Finalmente Livres img
Capítulo 13 Para Onde img
Capítulo 14 Tranformação img
Capítulo 15 Planos img
Capítulo 16 Não Quero img
Capítulo 17 Recaída img
Capítulo 18 DNA img
Capítulo 19 Lembranças img
Capítulo 20 A Vingança img
Capítulo 21 De Volta Ao Início img
Capítulo 22 Uma Carta img
Capítulo 23 A História Se Repete img
Capítulo 24 Morte e Vida img
Capítulo 25 Filha img
Capítulo 26 Recomeço img
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Capítulo 5 Confiança

Se passaram três dias sem que William aparecesse de novo e eu aproveitei a sua ausência para voltar à minha rotina.

Me aventurei em lugares um pouco mais distantes da minha casa e me alimentei de uma ou duas pessoas desafortunadas que encontrei.

Com o passar desses dias minhas unhas, dentes e todos os outros resquícios do DNA de William sumiram e eu comecei até a sentir falta dele.

Eu estava bem ciente de que ele havia tentado me matar quando nos conhecemos, e que ele não era alguém muito confiável, mas nós até que havíamos tido alguns bons momentos e eu estava muito curiosa sobre ele, sua história, sua mutação e tudo o que envolvia a ilha e as outras experiências. E eu sempre fui movida por duas coisas: curiosidade e instinto.

Resolvi que procuraria por ele, mesmo não tendo a mínima ideia de onde ele estava.

Analisei minhas pistas.

Ele estava preocupado com o fato de eu estar chamando muita atenção para aquela região onde eu morava, o que indicava que ele também devia morar por ali, mas eu já havia explorado quase todas as casas próximas à estrada e quando nos conhecemos ele havia aparecido naquela floresta de pinheiros... Talvez ele morasse dentro daquela floresta. Era um lugar que parecia combinar com ele.

Fui andando em meio às árvores, seguindo o meu instinto e o meu olfato.

Andei por bastante tempo até encontrar indícios de que alguma pessoa poderia ter passado por ali, inclusive alguns arranhões suspeitos nos troncos de alguns pinheiros.

Procurei por mais um bom tempo, e estava quase desistindo, quando avistei uma casa, meio escondida no meio do mato.

A casa parecia quase abandonada e William estava bem ali na porta, conversando com outro homem.

Achei muito estranho e percebi que o homem usava um tipo de uniforme branco que me era familiar.

Me aproximei escondida, tentando não fazer barulho, para escutar o que eles estavam falando.

- Vocês precisam ter calma, eu estou quase ganhando a confiança dela, mas não é tão simples assim! - reclamou ele para o homem.

- Não me importo se é simples ou não. Ela está matando muitas pessoas por aqui e estão começando a inventar histórias sobre isso. Precisamos capturá-la e leva-la de volta antes que desconfiem da existência dela.

- Eu sei! Estou fazendo o que posso!

O homem suspirou e estendeu uma caixa branca para William.

- Isso é para ajudar a acalma-la. Faça isso logo, se ainda preza por sua liberdade.

- Tudo bem.

William abriu um pouco a caixa para ver o que tinha dentro e soltou um suspiro.

Eles estavam falando de mim, eu sabia disso.

Uma fúria queimou em meu peito e eu quis correr até lá e mata-los, mas eu não ia fazer isso. Eu tinha um plano. Se aquele idiota achava que eu ia voltar para aquela prisão, ele estava muito enganado.

Esperei que o homem fosse embora e William entrasse na casa, então fui até uma das janelas que estava aberta.

Pulei para dentro do quarto e me sentei na cama, esperando que ele viesse.

Ouvi os passos lentos dele pelo corredor e parando próximo a porta, onde levou um susto quando percebeu que era eu que estava ali.

- Oi sumido. - sorri para ele.

- O que... O que esta fazendo aqui? - ele perguntou, colocando a caixa branca sobre a cômoda perto da porta.

- Vim te visitar. Você não apareceu mais... Se cansou de mim?

- Não. Não é isso. - Ele se aproximou com calma, me estudando, quase como se tentasse saber se eu era uma ameaça.

- Então, o que aconteceu? - perguntei, com uma expressão inocente.

- É que... Eu precisava me distanciar um pouco. Não sei se você sabe, mas a sua mordida é... viciante, é como uma droga, e eu precisava ficar longe de você por um tempo.

- Minha mordida é viciante? - Isso eu realmente não sabia.

Minha mordida sempre parecia provocar prazer nas pessoas, mas não achei que alguém pudesse ficar viciado nela.

William acenou com a cabeça e suspirou.

- É algum tipo de substância na sua saliva que causa anestesia, prazer e acelera a cicatrização. Eu não sei dizer exatamente o que é, mas... É isso.

- Interessante...

Sorri ao perceber que poderia usar isso em meu benefício.

Me levantei e andei em sua direção bem devagar.

- O que você está fazendo? - perguntou William, com a sobrancelha franzida.

Ele parecia ter percebido a minha intenção e a cada passo que eu dava em sua direção, ele dava um passo para trás, até ficar encurralado entre mim e a parede.

Continuei olhando em seus olhos fixamente, como uma caçadora atrás de sua presa.

Eu sabia que ele poderia ter fugido de mim facilmente, mas também sabia que ele não queria fugir.

Era realmente incrível ver ele lutando contra a própria vontade. Seu olhar era um misto de medo e expectativa.

Colei o meu corpo ao dele, travando as minhas pernas nas dele, impedindo-o de se mexer, e segurei seus braços.

- Eu senti sua falta... - sussurrei sensualmente.

Aproximei minha boca de seu pescoço e senti seu corpo ficar tenso.

William permaneceu parado enquanto eu traçava um caminho de beijos e mordiscadas por todo seu pescoço.

Eu queria torturá-lo. Faze-lo implorar por minha mordida, mas não aguentei.

Puxei o ar lentamente, sentindo o seu cheiro e mordi seu pescoço com força, querendo que ele sentisse dor, mas ao invés disso ele soltou gemidos de prazer.

Segurei seus ombros contra a parede e foi quando ele percebeu que eu não o soltaria tão cedo.

William começou a me empurrar, mas naquele momento eu estava mais forte que ele.

Depois de um tempo suas mãos caíram inertes para o lado e suas pernas fraquejaram, então eu o soltei, o segurei pela camisa e o joguei no chão com toda a raiva que havia em mim, fazendo-o cair de joelhos.

Minha intenção era que ele morresse agonizando e não sentindo prazer.

- Por que... v-você... - gaguejou ele, com uma voz fraca e cansada.

- Você achou mesmo que iria me enganar, não é? Eu ouvi você conversando com aquele homem lá fora.

- Você entendeu errado... - disse ele ao tentar se levantar do chão.

Eu o chutei na barriga, fazendo com que ele permanecesse caído.

- O que foi que eu entendi errado William?! - gritei com raiva.

Eu não ia ser enganada por ele. Não mais.

- Eu nunca pretendi entregar você a eles. Eu juro.

- E por que não?

Ele se sentou no chão, apoiando as costas na parede, e eu o encarei, esperando que ele se explicasse.

- Eles prometeram que eu poderia ficar livre se eu entregasse você, mas o que me garante que eles não vão me matar? Eles não precisam mais de mim, só precisam de você. Estamos no mesmo barco, Cinco. Eu os odeio tanto quanto você.

- E por que eu deveria acreditar nisso?

- Porque você acha que não te entreguei ainda? - ele perguntou - Eu pretendia te matar quando me apresentei a você naquele dia... Estava com raiva e achava que seria melhor se você não existisse, mesmo que isso fosse custar a minha vida também. Despois eu percebi que não era certo e que eu não conseguiria matá-la, mas também não pretendia entregá-la. É a última coisa que quero. Estou enrolando eles para ganhar algum tempo, pra pensar em algum plano.

- Certo. E por que não me falou isso antes?

- Você teria acreditado em mim?

Olhei para ele séria.

- Além de que... Aconteceram algumas coisas inesperadas nesse meio tempo.

Ele estava certo, eu não teria acreditado nele, assim como eu não estava acreditando nele naquele momento.

- Por favor... - ele implorou - Estamos do mesmo lado. Eles são os verdadeiros inimigos, não eu. Podemos dar um jeito de fugir deles juntos.

- Posso fugir sozinha.

- Você sabe que não é verdade. Eu sei muita coisa sobre eles e sobre você, vou ser de grande ajuda. Juntos nós somos mais fortes.

Eu sabia que ele estava certo, mas eu não queria aceitar, pois eu não confiava nele, nem nunca havia confiado.

Aquele desgraçado merecia morrer, mas por algum motivo eu estava hesitando em matá-lo.

Talvez o motivo fosse a curiosidade, ou algo diferente, algo que eu nunca havia sentido antes.

                         

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