Capítulo 5 Fome de vencer

Capítulo 5

A Fome de Vencer

O escritório da TechSolutions ocupava um prédio inteiro de 3 andares no centro empresarial de Balneário Camboriú. Não era um lugar extraordinário, mas certamente estava longe de ser modesto – paredes de vidro separavam as salas de reunião do espaço aberto, o carpete cinza-chumbo ainda mantinha o aspecto de novo, e as luminárias de LED embutidas no teto criavam uma iluminação perfeitamente distribuída sobre as estações de trabalho. Para muitos, era um ambiente de trabalho invejável. Para Rafael Moreira, era apenas uma parada temporária em sua jornada.

A empresa, especializada em soluções tecnológicas para residências e empresas, tinha crescido consideravelmente nos últimos cinco anos. Painéis solares de última geração, sistemas de automação residencial, portões com reconhecimento facial, cercas elétricas inteligentes – produtos que combinavam sustentabilidade, segurança e inovação, perfeitamente alinhados com as necessidades da clientela de alto poder aquisitivo que predominava na cidade litorânea. Era um mercado em expansão, com margens de lucro atraentes e potencial de crescimento exponencial. Rafael sabia disso melhor que ninguém.

Sentado em sua mesa – a maior do espaço aberto que compartilhava com outros cinco representantes comerciais – Rafael contemplava o gráfico de vendas do mês projetado em seu monitor de 27 polegadas. A linha azul que representava suas metas já havia sido ultrapassada pela linha vermelha de suas conquistas, como acontecia todos os meses sem exceção. O gráfico de barras ao lado mostrava a comparação entre os vendedores: a barra com seu nome era quase duas vezes maior que a do segundo colocado. Não era apenas bom no que fazia; era excepcional, um talento natural aprimorado por dedicação implacável. E todos ali sabiam disso.

Rafael era perspicaz, obstinado, nada nem ninguém iria tirar dele o que mais importava: a fome de vencer. Essa determinação não era algo que surgira recentemente ou por acaso – era uma força que o acompanhava desde a infância, quando observava o pai, um funcionário da prefeitura que nunca conseguiu ascender além de seu cargo inicial, e sua mãe, uma pequena comerciante que lutava para manter uma loja de roupas no centro da cidade, ambos trabalhando incansavelmente para manter a família com dignidade. Aquela luta silenciosa, aquela aceitação de uma vida de limitações, havia plantado nele uma semente diferente – não de resignação, mas de rebeldia, de ambição pura e implacável.

"Nunca serei como eles", pensava frequentemente, não com desprezo, mas com uma determinação quase feroz. Amava seus pais, admirava sua ética de trabalho, mas havia jurado para si mesmo que sua história seria diferente. Que um dia, seriam seus pais que teriam uma vida confortável, proporcionada por ele.

Enquanto ajustava a postura na cadeira ergonômica de couro – um dos presentes que o dono da TechSolutions, dera a Rafael após ele bater recordes de vendas por três trimestres consecutivos – seus olhos percorreram o escritório. Colegas atendendo ligações com seus headsets sem fio, alguns digitando relatórios em seus computadores, outros conversando em voz baixa sobre estratégias para fechar negócios com clientes difíceis. Todos competentes, todos profissionais, todos presos na mesma rotina, dia após dia, ano após ano. Todos, exceto ele. Porque Rafael sabia, com uma certeza que vibrava em cada célula de seu corpo, que estava destinado a mais.

Ele era disparado o melhor funcionário da TechSolutions, o melhor vendedor, o melhor em praticamente tudo o que se propunha a fazer ali. Sua mesa era a mais organizada, seus relatórios os mais detalhados e precisos, suas estratégias de abordagem as mais eficazes, sua carteira de clientes a mais lucrativa. O seu chefe já havia tentado promovê-lo a gerente de vendas duas vezes, oferecendo um aumento considerável e participação nos lucros, mas Rafael recusara. Não queria ser o melhor dentro daquela empresa mediana – queria construir seu próprio império.

Sua ambição ia além daquelas paredes de vidro e concreto, além daquele salário que, embora acima da média do mercado, ainda estava muito aquém do que ele sabia que poderia conquistar. Ele sabia que era rapaz de ter seu próprio negócio, de tomar as próprias decisões, de ver seu nome na fachada de um edifício muito maior e mais imponente que aquele. De transformar não apenas sua vida, mas a vida de todos ao seu redor.

O relógio digital na parede marcava 16:37. Em menos de uma hora estaria livre, poderia ir para casa e continuar trabalhando em seu plano de negócios – um documento de mais de cinquenta páginas que revisava e aprimorava quase todas as noites, como um artista obcecado com sua obra-prima inacabada. Cada detalhe meticulosamente pensado, cada projeção financeira cuidadosamente calculada, cada estratégia de marketing precisamente elaborada. Mas antes disso, havia algo que precisava fazer.

- Preciso ligar pra Ana - pensou, pegando o celular de última geração que havia comprado no mês anterior, economizando durante meses para ter o melhor modelo disponível.

Seus dedos hesitaram sobre a tela. As coisas entre eles andavam... estranhas. Não exatamente ruins, mas diferentes. Como se estivessem lentamente se afastando, cada um seguindo uma órbita ligeiramente diferente. Ana era incrível – inteligente, dedicada, linda. Mas ultimamente, Rafael sentia que ela não compartilhava mais do seu fogo, da sua urgência em conquistar o mundo. Ou talvez nunca tivesse compartilhado realmente, e ele estivesse apenas começando a perceber.

Antes que pudesse completar a ligação, notou uma mensagem não lida de Ana, enviada há cerca de uma hora:

"Oi amor, cheguei em casa agora. Se quiser me ligar quando sair do trabalho, estarei descansando antes do plantão. Beijos."

A mensagem era simples, prática, como Ana sempre fora. Mas havia algo nela que o fez sorrir – a preocupação dela em manter a conexão entre eles, mesmo nos pequenos detalhes. Talvez estivesse sendo injusto em seus pensamentos. Talvez ela entendesse mais do que ele percebia.

Enquanto isso, a quilômetros dali, em um apartamento de dois quartos no bairro dos Pioneiros, Ana Bezerra estava deitada na cama, o quarto levemente escurecido pelas cortinas cerradas, o ventilador girando preguiçoso no teto. O ar-condicionado havia quebrado na semana anterior, e o técnico só poderia vir na próxima segunda-feira. O calor não era insuportável, mas somado ao cansaço, tornava o descanso um desafio.

Ana havia chegado em casa há pouco mais de uma hora. Antes mesmo de tomar banho, havia enviado uma mensagem para Rafael. Depois da conversa tensa com Bianca no Terraza Rooftop Bar, via-se num paradoxo entre a necessidade de reconectar-se com ele, e a de fugir dessa relação e ficar sozinha e livre pra encontrar alguém melhor. As palavras de Bianca ainda ecoavam em sua mente: "Talvez o problema seja você, que é muito exigente."

Seria verdade? Estava sendo injusta com Rafael? Estava deixando que suas próprias inseguranças e expectativas irrealistas sabotassem o que tinham construído juntos?

Após um banho refrescante, Ana havia se deitado, esperando que o sono viesse. Mas sua mente continuava ativa, repassando a conversa com Bianca, analisando seu relacionamento com Rafael, questionando suas próprias motivações e desejos.

Ana trabalhava no turno da noite no Hospital Costa Atlântica, um dos mais prestigiados da cidade. Era um trabalho exigente, tanto física quanto emocionalmente, mas ela o executava com uma competência que lhe rendera o respeito dos colegas e superiores. Agora, tentava descansar antes do plantão noturno, mas o sono não vinha facilmente.

O corpo estava cansado da rotina puxada – turnos de doze horas, pacientes exigentes, a pressão constante de lidar com situações de vida ou morte. Mas era sua mente que realmente a mantinha acordada, inquieta com algo que não saía do peito: a sensação de que Rafael, seu namorado de três anos, estava preso numa vida que já não o cabia – e que ele mesmo não percebia isso.

Ou talvez percebesse. Talvez fosse por isso que ele andava mais distante, mais absorto em seus pensamentos, passando noites debruçado sobre planilhas e pesquisas de mercado. Ana entendia a ambição dele – era uma das qualidades que a atraíra inicialmente. Aquela determinação feroz, aquela certeza de que poderia conquistar o mundo se tivesse a oportunidade certa. Mas às vezes se perguntava se aquela ambição não estava se transformando em uma obsessão que o cegava para outras possibilidades, outros caminhos que poderiam ser igualmente satisfatórios.

Ana já se encontrava num estado entre a vigília e o sono. As paredes do quarto, pintadas em um tom suave de azul que ela mesma escolhera, pareciam absorver a pouca luz que entrava pelas frestas da cortina, criando um ambiente quase etéreo, como se estivesse suspensa entre realidades.

Foi então que o celular vibrou sobre a cômoda de madeira escura, o som amplificado pelo silêncio do apartamento. Ana se virou lentamente na cama, o lençol fino deslizando sobre sua pele enquanto ela esticava o braço para alcançar o aparelho. Viu o nome na tela. "Rafael". Seu coração acelerou involuntariamente. Respirou fundo antes de atender, preparando-se mentalmente para o que ele haveria de lhe contar nessa ligação. Ultimamente, suas conversas pareciam sempre terminar em discussões veladas sobre futuro, ambições, expectativas.

- Oi, amor - disse ela, sua voz ainda levemente rouca de sono, mas com uma suavidade que não conseguia esconder.

- Ana, você não vai acreditar no que aconteceu.

Imediatamente, Ana percebeu que algo era diferente. A voz dele estava carregada de uma energia que ela não ouvia há muito tempo – vibrante, elétrica, viva. Era como se o Rafael de anos atrás, aquele que a conquistara com seu entusiasmo contagiante e visão otimista do futuro, tivesse subitamente retornado. Aquele Rafael que a fizera se apaixonar perdidamente, que a fizera acreditar que juntos poderiam conquistar o mundo.

- O que foi? - perguntou ela, agora completamente desperta, sentando-se na cama e ligando o abajur na mesa de cabeceira. A luz suave iluminou o quarto, revelando as fotografias emolduradas na parede – momentos felizes deles juntos, viagens, aniversários, pequenas conquistas que haviam celebrado ao longo dos anos.

- O cara do acidente. Gabriel Montenegro. Ele apareceu hoje na empresa. Disse que quer que eu trabalhe com ele. Que quer mudar minha vida.

Ana sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O nome Montenegro não era estranho para ela – qualquer pessoa que vivesse em Balneário Camboriú conhecia aquele sobrenome, associado a alguns dos empreendimentos mais luxuosos da cidade, o sobrenome estava estampado em tudo que era lucrativo, desde hotéis de luxo até marinas exclusivas. Que aquele homem, salvo por Rafael dias atrás, tivesse aparecido pessoalmente para fazer uma proposta era algo quase surreal.

- Você tá falando sério? - perguntou ela, a incredulidade evidente em sua voz, enquanto seu coração batia descompassado no peito.

- Tô. - A voz de Rafael transbordava excitação. - Ele desceu de uma Mercedes preta, me esperou na porta, olhou nos meus olhos, me levou no Quintal das Cantinas, disse que eu mereço uma chance. Que ele quer me dar algo que pode mudar tudo.

O Quintal das Cantinas era um dos restaurantes mais exclusivos da cidade, frequentado principalmente por empresários e políticos. Não era o tipo de lugar onde Rafael normalmente almoçaria – o preço de uma refeição ali equivalia a quase um dia inteiro de seu salário. A imagem de Rafael sentado à mesa com Gabriel Montenegro, um dos homens mais poderosos da região, parecia quase cômica em sua improbabilidade. E, no entanto, era real. Estava acontecendo.

Por um momento, Ana não disse nada. O silêncio dela não era incredulidade. Era algo mais profundo: era esperança voltando, tímida, como alguém que entra de mansinho numa casa onde já foi expulsa antes. Era a possibilidade de que talvez – apenas talvez – todos os sonhos que Rafael compartilhara com ela ao longo dos anos não fossem apenas fantasias impossíveis. Que talvez o universo estivesse finalmente conspirando a favor dele, como Bianca sempre insistia que aconteceria.

- Isso é... incrível - disse ela finalmente, cada palavra carregada de emoção contida, de um misto de alegria, surpresa e, sim, também um pouco de medo do desconhecido.

- Você acha que eu devo aceitar? - perguntou Rafael, embora Ana pudesse sentir que a pergunta era mais por desencargo de consciência do que uma dúvida genuína. A decisão já estava tomada; ela podia ouvir isso na voz dele, podia sentir a energia vibrante que emanava através do telefone, como se ele mal pudesse conter a excitação.

Ela hesitou, mordendo levemente o lábio inferior. Não porque tivesse dúvidas sobre ele, sobre sua capacidade ou merecimento. Mas porque sabia que aquilo podia ser o início de um caminho sem volta. Uma oportunidade assim poderia catapultar Rafael para um mundo completamente diferente – um mundo de riqueza, poder e conexões que ela apenas vislumbrava nas margens de sua própria vida. Um mundo que poderia transformá-lo, moldá-lo em alguém que ela talvez não reconhecesse mais.

- Rafael, se esse homem te vê como alguém em quem vale a pena apostar... - começou ela, escolhendo cuidadosamente suas palavras, sentindo o peso de cada uma delas - então talvez o mundo esteja só confirmando o que eu sempre soube.

- E o que você sempre soube? - a voz dele agora era quase um sussurro, como se temesse quebrar o encanto do momento, como se as palavras dela fossem um talismã precioso que poderia dissipar-se ao menor sopro.

- Que você nasceu pra ser muito mais do que o lugar onde está agora.

As palavras saíram com uma sinceridade que surpreendeu a própria Ana. Lágrimas inesperadas brotaram em seus olhos, embaçando sua visão. Apesar de todas as suas dúvidas recentes, de todos os questionamentos sobre o relacionamento deles, sobre o futuro, sobre as escolhas de vida, ela realmente acreditava nisso. Rafael tinha algo especial – uma determinação, uma visão, uma capacidade de sonhar e trabalhar incansavelmente para realizar esses sonhos. Era uma das coisas que a fizera se apaixonar por ele, mesmo que ultimamente essa mesma qualidade parecesse estar criando uma distância entre eles.

Ele ficou em silêncio do outro lado da linha, absorvendo aquelas palavras como quem recebe uma chave – a chave para uma porta que sempre soube que existia, mas nunca teve coragem de abrir completamente. Ana podia quase visualizá-lo, provavelmente de pé em algum canto mais tranquilo do escritório, os olhos fechados, processando o que ela acabara de dizer, o que aquilo significava para eles, para o futuro.

- Obrigado por acreditar em mim, mesmo quando eu nem sempre pareço acreditar em mim mesmo - disse ele finalmente, sua voz carregada de emoção, quase embargada. - Mas eu tenho o que mais precisa, a fome de vencer, mesmo nos piores dias, continuo com essa gana.

Ana sorriu, mesmo sabendo que ele não podia vê-la. Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha, e ela a enxugou rapidamente. Era verdade. Aquela fome, aquela determinação inabalável era o que definia Rafael. Era o que o fazia levantar todas as manhãs e enfrentar um trabalho que claramente não o satisfazia mais, sempre com os olhos fixos em um horizonte que apenas ele parecia enxergar com clareza. Era o que o tornava especial, único. Era o que o tornava Rafael.

- Só me promete uma coisa - disse ela, uma súbita urgência em sua voz, um aperto no peito que não conseguia ignorar.

- Diz - a voz dele era suave, receptiva, como se naquele momento estivesse completamente aberto a ela, sem barreiras, sem reservas.

- Não muda quem você é. Não deixa esse mundo moldar você de um jeito que eu não reconheça depois.

Era um medo real, visceral, nascido não apenas de insegurança pessoal, mas de observação. Ana havia visto o suficiente do mundo dos ricos e poderosos, através dos pacientes que atendia no hospital, para saber como aquele ambiente podia transformar pessoas. Como o dinheiro e o poder podiam corromper valores, distorcer prioridades, criar versões irreconhecíveis de pessoas que um dia foram simples e autênticas. Havia visto executivos arrogantes que tratavam a equipe médica como serviçais, esposas de empresários que pareciam mais preocupadas com a aparência do que com a própria saúde, filhos mimados que nunca haviam enfrentado um "não" na vida.

- Prometo - respondeu Rafael, e havia uma solenidade em sua voz que fez Ana acreditar, pelo menos naquele momento, que ele realmente cumpriria essa promessa. Que o Rafael que ela amava, com sua integridade, sua compaixão, sua autenticidade, permaneceria intacto, mesmo que tudo ao seu redor mudasse.

Do lado de fora do apartamento de Ana, a luz do fim de tarde atravessava as frestas da janela, criando padrões dourados no chão do quarto. O mundo continuava seu curso implacável – carros passavam na rua abaixo, pessoas caminhavam apressadas para casa após um dia de trabalho, o mar continuava seu eterno vai-e-vem contra a orla da cidade. Mas dentro daquele pequeno apartamento, algo significativo havia mudado. Uma porta havia se aberto, um caminho havia se revelado, uma possibilidade havia se materializado.

O destino, finalmente, começava a bater à porta de Rafael - e Ana agora se encontrava num dilema que não havia previsto. Será que dessa vez, realmente a hora do Rafael chegou ou só é mais um voo da Galinha? Será que agora ele vai demonstrar o quão bom é? Ou tudo vai ficar na mesma?

- Ana? - a voz de Rafael interrompeu seus pensamentos. - Você ainda tá aí?

- Tô sim - respondeu ela, voltando ao presente. - Só estava pensando... em tudo isso. É muita coisa pra processar.

- Eu sei. Pra mim também é. - Houve uma pausa, e então: - Queria que você estivesse aqui agora. Queria te abraçar, te contar cada detalhe pessoalmente.

- Eu também queria - disse ela, sentindo uma onda de carinho e saudade. - Mas você vai me contar tudo depois, né? Cada palavra, cada gesto.

- Prometo. Vou passar depois na sua casa.

- Vai ser maravilhoso.

Eles se despediram com palavras de carinho, promessas de se verem em breve. Enquanto desligava o telefone e voltava a se deitar, tentando recuperar o sono perdido antes do plantão, Ana não conseguia afastar a sensação de que estava prestes a perder algo importante. Que o Rafael que conhecia e amava estava prestes a embarcar em uma jornada da qual talvez não houvesse retorno. E que ela, presa à sua própria rotina, aos seus próprios compromissos e limitações, talvez ficasse para trás, observando de longe enquanto ele ascendia a alturas que ela apenas podia imaginar.

Ana fechou os olhos, tentando encontrar conforto no familiar zumbido do aparelho, enquanto sua mente continuava a girar com possibilidades, medos e uma tênue, persistente esperança.

Talvez Bianca estivesse certa. Talvez o universo realmente estivesse conspirando a favor de Rafael. E talvez – apenas talvez – ela precisasse acreditar mais, tanto nele quanto em si mesma, para que pudessem atravessar juntos o que quer que estivesse por vir.

Com esse pensamento, Ana finalmente sentiu o sono começar a envolvê-la, como uma onda suave que gradualmente a puxava para aquele cochilo curto que era necessário para o descanso antes de um plantão de 12h seguidas.

                         

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