"Se quer sobreviver aqui, precisa parar de pensar como uma garota da Luz," Kael disse sem se virar, a voz cortante. "Esta floresta não perdoa hesitação."
"E você precisa parar de me tratar como se eu fosse frágil," Liora retrucou, acelerando o passo para alcançá-lo. "Eu escapei dos guardas, não foi? Estou aqui, não estou?"
Kael parou abruptamente, virando-se para encará-la. Seus olhos dourados brilhavam com algo que ela não conseguia decifrar - irritação, talvez, ou algo mais perigoso. "Você está aqui porque eu permiti. Não se engane, curandeira. Se eu quisesse, você já estaria morta."
Liora engoliu em seco, mas sustentou o olhar dele. "Então por que não me matou?"
Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. O calor de seu corpo a envolveu, e ela sentiu um arrepio que não tinha nada a ver com o frio da floresta. "Porque há algo em você que me intriga," ele finalmente disse, a voz mais suave, quase um sussurro. "Suas sombras... elas cantam para mim."
Antes que Liora pudesse responder, um rugido ecoou pela floresta, fazendo os pássaros voarem em pânico. Kael sacou a espada em um movimento fluido, empurrando Liora para trás de si. "Fique atrás de mim," ordenou, as asas se abrindo parcialmente como um escudo.
Um lobo sombrio emergiu das árvores, maior do que qualquer animal que Liora já vira, com olhos vermelhos e presas que brilhavam como obsidiana. Kael avançou, a espada cortando o ar, mas o lobo era rápido, desviando e retaliando com garras afiadas. Liora sentiu o pânico crescer, mas também algo mais - um instinto. As sombras ao seu redor responderam, estendendo-se como tentáculos e envolvendo o lobo, imobilizando-o por um momento crucial.
Kael aproveitou a abertura, cravando a espada no peito da criatura. O lobo uivou, desmoronando em uma poça de escuridão que se dissipou como fumaça. Ele se virou para Liora, ofegante, uma mistura de surpresa e respeito nos olhos. "Você... isso foi impressionante."
Liora tremia, mas não de medo. A adrenalina corria por suas veias, e a proximidade de Kael, agora a poucos centímetros, fazia seu coração disparar por outros motivos. "Eu disse que não sou frágil," ela murmurou, a voz rouca.
Ele a encarou por um longo momento, e então, sem aviso, segurou o rosto dela com uma mão, o polegar traçando a linha de seu maxilar. "Não, você não é," ele disse, antes de inclinar-se e capturar seus lábios em um beijo feroz.
Liora congelou por um instante, surpresa com a intensidade, mas logo cedeu, as mãos subindo para os ombros dele. O beijo era selvagem, cheio de urgência, como se ambos precisassem disso para apagar o medo e a incerteza. Ela sentiu o gosto de sal e floresta na boca dele, o calor de sua pele sob o manto. As mãos de Kael desceram para sua cintura, puxando-a contra si, e ela gemeu suavemente contra seus lábios, o som abafado pela noite.
Ele a empurrou gentilmente contra uma árvore, as mãos explorando as curvas de seu corpo com uma mistura de reverência e desejo. "Diga-me para parar," ele sussurrou contra sua pele, os lábios traçando um caminho ardente por seu pescoço.
"Não," Liora respondeu, os dedos enroscando-se nos cabelos dele. "Não pare."