Capítulo 5 O DESTINO DE ELDORIA

A clareira onde tudo começara, outrora um santuário de mistério envolta em névoa e segredos, agora se transformava no palco de uma batalha final que ecoaria pelos séculos de Eldoria. O ar estava carregado de eletricidade, o chão tremendo levemente sob os pés de Liora e Kael enquanto os conspiradores - líderes corruptos dos Reinos da Luz e das Sombras - os encaravam, rodeados por uma falange de guardas armados até os dentes. Seus rostos, endurecidos pela ganância e pelo medo, refletiam a certeza de que o poder que detinham há gerações não seria desafiado.

Mas Liora e Kael estavam de mãos dadas, o orbe negro pulsando entre eles como um coração vivo, emitindo uma luz que parecia dançar entre as sombras e os raios de luar que filtravam-se pelas copas das árvores.

"Vocês não podem deter o que foi profetizado," declarou o líder do Reino da Luz, um homem de cabelos grisalhos e olhos frios como gelo, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. "A Luz e a Sombra nunca coexistirão. Essa união é uma aberração, e o orbe será destruído para que a ordem seja restaurada."

Liora ergueu o queixo, o coração disparado, mas sua voz saiu firme, carregada de uma determinação que parecia nascer das profundezas de sua alma. "Vocês estão errados," retrucou, os olhos fixos no líder enquanto as sombras ao seu redor começavam a se agitar, respondendo ao seu chamado. Ela virou-se para Kael, e ao encontrar o brilho dourado de seus olhos, sentiu uma onda de confiança. Ele assentiu, um gesto silencioso que selava um pacto entre eles, mais forte do que qualquer juramento.

Juntos, eles canalizaram seus poderes, um ato que transcendia a simples união de forças. As sombras de Liora, escuras e fluidas como tinta viva, começaram a se entrelaçar com a magia sombria de Kael, um espectro de ébano que emanava de suas asas e se fundia ao brilho prateado que dançava em suas mãos. O orbe brilhou intensamente, como se reconhecesse a harmonia entre os dois, e uma onda de energia explodiu da clareira, uma sinfonia de luz e trevas que desarmou os guardas em um piscar de olhos. As armas caíram ao chão, os soldados recuaram em pânico, e os conspiradores, tomados pela surpresa, cambalearam para trás, seus rostos contorcidos em desespero.

A batalha que se seguiu foi feroz, um turbilhão de emoções e poder que testou os limites de ambos. Liora girava como uma tempestade, suas sombras esmagando escudos e derrubando inimigos com uma força que ela mal compreendia, enquanto Kael avançava com a graça de um predador, suas asas cortando o ar e sua espada dançando em arcos mortais. Cada golpe, cada movimento, era um reflexo de sua conexão, um êxtase que ia além do físico, como se suas almas se fundissem no calor da luta. O líder do Reino da Luz tentou um último ataque, erguendo uma lança encantada, mas Kael o interceptou, derrubando-o com um golpe preciso, enquanto Liora selava o orbe com um feitiço improvisado, sua voz tremendo de esforço enquanto as palavras mágicas escapavam de seus lábios.

Quando o último inimigo caiu, o silêncio voltou à clareira, pesado e quase sufocante. Liora e Kael estavam exaustos, o suor escorrendo por seus rostos, as respirações ofegantes ecoando na noite. O orbe, agora adormecido em suas mãos, parecia pulsar em gratidão, mas o custo da vitória era evidente. Eldoria estava segura, a conspiração desmantelada, mas o preço havia sido alto. Liora sentiu um vazio crescer em seu peito ao perceber que nunca poderia voltar ao Reino da Luz - sua magia sombria a marcara como uma renegada, uma fora da lei aos olhos de seu povo. Kael, por sua vez, sabia que o Reino das Sombras, devastado pela guerra e pela traição de seus líderes, não oferecia mais um lar. Eles estavam sozinhos, unidos apenas pela profecia que os salvara.

Ela caiu de joelhos, as mãos ainda tremendo enquanto segurava o orbe, e lágrimas escorreram por seu rosto, misturando-se à terra úmida. "O que fizemos?" sussurrou, a voz quebrada pela emoção. "Salvamos Eldoria, mas perdemos tudo." O peso de suas ações, a destruição que causara, a união que a levara a esse ponto - tudo parecia girar em sua mente como um redemoinho.

Kael ajoelhou-se ao lado dela, suas asas dobrando-se ao redor deles como um escudo contra o mundo. Ele segurou o rosto dela entre as mãos, forçando-a a encará-lo. Seus olhos dourados brilhavam com uma mistura de tristeza e esperança, e quando falou, sua voz era um bálsamo para a alma ferida dela. "Não perdemos tudo, Liora. Perdemos o que nos prendia, sim, mas ganhamos algo maior. Nós nos temos." Ele a puxou para um abraço, e ela se deixou afundar em seu calor, o coração disparado enquanto sentia o batimento dele contra o seu peito.

O luar iluminava a cena, refletindo nos olhos um do outro, e por um momento, o mundo pareceu parar. Liora sentiu um êxtase renovado, uma chama que ardia apesar da dor, alimentada pela promessa silenciosa de Kael. "O que fazemos agora?" perguntou, a voz tremendo, mas carregada de uma determinação que começava a florescer.

Kael sorriu, um sorriso triste, mas esperançoso, que iluminou o escuro ao redor. "Construímos nosso próprio destino. Juntos," respondeu, erguendo-se e estendendo a mão para ela. Liora a aceitou, sentindo a força dele fluir para ela, e juntos se levantaram, o orbe seguro entre eles como um símbolo de sua união.

Mas enquanto deixavam a clareira, um som distante quebrou o silêncio - o rugido de algo antigo, algo que parecia emergir das profundezas da floresta. Liora e Kael trocaram um olhar, o coração dela disparando novamente. A profecia falara de salvação ou destruição, e embora tivessem vencido os conspiradores, uma sensação inquietante os envolveu. O verdadeiro teste, eles sabiam, estava por vir, e o clímax de sua jornada ainda os aguardava no horizonte, prometendo revelar o custo final de sua união.

E assim, de mãos dadas, eles avançaram para a escuridão, prontos para enfrentar o que quer que o destino de Eldoria lhes reservasse, com o amor e o poder que os uniam como sua única arma contra o desconhecido.