SOMBRAS DO DESEJO
img img SOMBRAS DO DESEJO img Capítulo 4 PAIXÃO E PERIGO
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Capítulo 6 ALÉM DAS SOMBRAS img
Capítulo 7 O RUFAR DOS TAMBORES ANTIGOS img
Capítulo 8 O TECER DA SOMBRA E DA LUZ img
Capítulo 9 O CREPÚSCULO DA ALMA img
Capítulo 10 ECOS DO ESQUECIMENTO E A VOZ DO ORBE. img
Capítulo 11 O LIMIAR DO VÁCUO. img
Capítulo 12 VESTÍGIOS DE UM CORAÇÃO SOMBRIO img
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Capítulo 4 PAIXÃO E PERIGO

A noite caíra novamente, e Liora e Kael montaram acampamento perto de um riacho, o som da água misturando-se ao crepitar da fogueira. A Floresta Proibida parecia mais viva sob o manto escuro, as sombras das árvores dançando ao redor como espectros silenciosos. A tensão entre eles havia mudado desde a descoberta do orbe - havia uma nova camada de entendimento, um vínculo que se aprofundava a cada olhar trocado, mas também uma urgência que pulsava como um tambor distante.

Eles sabiam que estavam ligados por algo maior, uma profecia que os unia tanto quanto os separava, e isso os aproximava ainda mais, como se o destino os empurrasse um para o outro.

Liora sentou-se ao lado dele, os joelhos dobrados contra o peito, o manto negro esvoaçante ao seu redor. O calor da fogueira aquecia sua pele, mas era o olhar de Kael que a fazia sentir um fogo interno. "Você já pensou em desistir?" perguntou, a voz suave, quase um sussurro carregado de vulnerabilidade. "De tudo isso... da guerra, do destino?"

Kael a encarou, os olhos dourados brilhando à luz das chamas, refletindo uma intensidade que a fez prender o fôlego. "Todos os dias," admitiu, a voz rouca. "Mas então eu te encontrei." Ele estendeu a mão, puxando-a para mais perto com uma delicadeza que contrastava com a força de suas asas sombrias. "E agora, não consigo imaginar desistir."

Ela se deixou levar, sentando-se no colo dele, as mãos dele firmes em sua cintura, ancorando-a como se temesse que ela pudesse desaparecer. "Kael..." murmurou, antes que ele a beijasse, lenta e profundamente desta vez, como se quisesse saborear cada segundo, cada curva de seus lábios. As mãos dele deslizaram por baixo de sua túnica, a pele quente contra a dela, enviando arrepios por sua espinha. Ela arqueou o corpo contra o dele, um gemido escapando de seus lábios, perdido no som da noite. O mundo ao redor parecia se dissolver, deixando apenas a sensação do toque dele, o calor que os envolvia.

Ele a deitou sobre o manto estendido no chão, os movimentos cuidadosos, quase reverentes, como se ela fosse algo precioso demais para ser apressado. "Você é linda," ele sussurrou, os lábios roçando a curva de seu pescoço enquanto a despia lentamente, revelando a pele pálida sob a luz tremeluzente do fogo. Liora fechou os olhos, entregando-se à sensação, ao calor, ao peso do corpo dele sobre o dela. Cada toque era elétrico, cada sussurro uma promessa, e ela se perdeu nele, os corpos se entrelaçando em um ritmo primal e apaixonado. O riacho ao fundo parecia ecoar seus suspiros, a floresta testemunha silenciosa de um momento que transcendia o perigo que os cercava.

Mas o êxtase foi interrompido por um som abrupto - passos pesados, vozes cortantes cortando a noite. Kael se levantou em um salto, a espada na mão em um movimento fluido, as asas se abrindo como uma barreira protetora. Era tarde demais. Um grupo de guardas, uma mistura de guerreiros do Reino da Luz e das Sombras, os cercou, armas em punho, os rostos ocultos por elmos que brilhavam à luz da lua. "Entregue a garota," um deles gritou, a voz rouca de autoridade. "Ela é uma ameaça à paz de Eldoria!"

Liora sentiu o pânico crescer como uma maré negra em seu peito, e com ele, suas sombras despertaram. Elas se ergueram como uma tempestade viva, uma massa de escuridão que se contorcia e se expandia, envolvendo os guardas em um abraço mortal. Ela não pensou, apenas reagiu, o poder fluindo através dela como uma força incontrolável. Os guardas gritaram, suas armas caindo enquanto as sombras os esmagavam, ossos estalando sob a pressão. Quando o último caiu, o silêncio voltou, pesado e opressivo, quebrado apenas pelo som de sua respiração ofegante.

Liora caiu de joelhos, horrorizada com o que fizera. Suas mãos tremiam, manchadas de um poder que ela não reconhecia como seu. "Eu... eu não queria..." murmurou, a voz quebrada, os olhos fixos nos corpos destroçados ao seu redor. As sombras recuaram, encolhendo-se como se temessem a própria criadora, e ela sentiu um vazio onde antes havia força.

Kael a abraçou, a voz firme apesar da urgência. "Você não teve escolha. Eles nos atacaram, Liora. Não foi sua culpa." Ele a levantou com cuidado, os olhos dourados buscando os dela, tentando trazer de volta a luz que ele vira momentos antes. "Mas precisamos ir. Agora. Eles podem ter enviado mais."

Ela assentiu, ainda atordoada, mas o peso do que acabara de acontecer começou a se instalar. Enquanto corriam pela floresta, o som de perseguidores distantes ecoando atrás deles, Liora lutava contra o conflito interno. Aquela destruição... era parte dela? A profecia falava de salvação ou destruição, e agora ela temia que o equilíbrio estivesse escapando de suas mãos. Kael segurou sua mão com força, guiando-a através da escuridão, mas ela sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando - não apenas contra os reinos, mas contra si mesma.

A floresta parecia fechar-se ao redor deles, as árvores sussurrando segredos que ela não podia decifrar. Cada passo era um lembrete de que o poder dentro dela era tanto uma bênção quanto uma maldição, e que a paixão que compartilhara com Kael poderia ser o que os salvasse... ou os destruísse.

            
            

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