Capítulo 4 Capítulo 4

Arianna se levantou do sofá e correu para o quarto assim que a ligação terminou. Trancou a porta e encostou-se nela. Seu coração ainda estava acelerado. Ela havia prometido a Monarch ir até a mansão Granger com Lancelot, mas não tinha certeza se ele estava ciente do jantar ou não.

E se ele não soubesse do jantar?

Seria constrangedor ir sozinha e ele não aparecer. O que ela deveria fazer agora?

Ela estava tão ansiosa que começou a roer as unhas. Não fazia ideia de como comunicá-lo. Ele nunca tinha compartilhado seu número de telefone com ela. No último mês, ele não a havia ligado nenhuma vez.

Depois de pensar bastante, uma ideia surgiu. Desbloqueou o celular e procurou o contato do Grupo A. Achou alguns números na internet. Hesitou por um momento e, então, discou um deles.

A chamada foi atendida após alguns toques e uma voz feminina a cumprimentou profissionalmente.

Arianna colocou a mão sobre o peito para acalmar a ansiedade e perguntou, "Posso falar com o Presidente Granger?"

"Quem gostaria de falar? Qual o motivo da ligação?" A mulher perguntou educadamente do outro lado da linha.

Arianna franziu os lábios e ponderou por um instante. Reuniu coragem e disse, "Diga que é Arianna. Tenho algo a comunicar."

A recepcionista do outro lado ficou surpresa. Quem seria essa mulher? Nenhuma das namoradas de Granger jamais havia ligado para a recepção. Se fosse uma delas, teria ligado diretamente para ele ou, no mínimo, para Jerry. "Você pode ligar diretamente para ele", ela acabou dizendo.

O rosto de Arianna ficou vermelho de vergonha. Ela mordeu o lábio inferior e olhou para os pés. "Tentei o telefone dele, mas ele não atende. Talvez esteja ocupado. É algo urgente", ela falou, tentando manter a compostura.

"Não se preocupe, passarei o recado ao presidente. Ele retornará sua ligação."

"Tá bom, obrigada."

Arianna desligou o telefone. Suas mãos continuavam a tremer e sua respiração estava irregular. Algumas gotas de suor escorriam pela sua testa. Ela se dirigiu à sua cama lentamente e sentou-se à beira. Ficava se perguntando se ele a ligaria ou não. Só de pensar em falar com ele, seu coração acelerou ainda mais.

Tring. Tring. Tring.

Arianna quase pulou da cama quando ouviu o telefone tocar. Ela olhou para a tela e viu um número desconhecido.

Supôs que era o número de Lancelot e murmurou: "É ele... é ele..."

Após hesitar por alguns instantes, finalmente atendeu: "Alô..."

Antes que conseguisse terminar o 'Alô', ouviu a voz impaciente dele: "Por que você ligou?"

"O vovô nos convidou para jantar. Ele quer que vamos juntos," disse ela, esforçando-se para falar claramente.

"Vou quando sair do trabalho. Você vai por conta própria. E pare de me constranger ligando para a recepção. Grave este número, mas não me ligue para coisas banais. Só me ligue se for algo realmente urgente ou importante."

"Eu ente..."

A ligação foi desligada antes que ela pudesse pronunciar uma palavra.

Ela sabia que Lancelot a detestava e não lhe daria qualquer consideração. Ainda assim, seu coração doía ao perceber o quanto ele a tratava friamente. Lágrimas brotavam em seus olhos. Ela piscava constantemente para não deixá-las cair. Era inútil chorar por alguém que não a valorizava.

Ela fungou e respirou fundo algumas vezes. Reuniu seus pensamentos e saiu.

Damien perguntou cautelosamente assim que ela saiu do quarto: "O que aconteceu? Por que você fugiu de repente? O que você fez por tanto tempo lá?"

"Nossa, quantas perguntas." Ela esboçou um sorriso e sentou-se ao lado dele. Acariciando sua cabeça, ela explicou: "O vovô Granger me convidou para jantar. Fui ligar para seu cunhado."

"Ah. Então, você não vai ficar para jantar?" Damien ficou um pouco chateado ao ouvi-la.

Ela apertou a mão dele e tentou animá-lo: "Temos muitas refeições juntos. Só esta noite vou jantar com os Granger. Voltarei amanhã, não se preocupe."

Enquanto isso, Lydia voltou com uma sacola cheia de legumes. Ela perguntou a Arianna: "Você vai sair?"

Arianna se levantou do sofá e pegou a sacola de suas mãos: "Sim, mãe. O vovô me convidou para jantar." Ela foi até a cozinha e colocou a sacola no balcão. Virou-se e disse: "Tenho que ir."

Lydia sorriu feliz: "Isso é bom. O Sr. Granger realmente se preocupa com você. Você deveria cuidar dele."

Ela esfregou os braços e disse: "Não precisa voltar amanhã se ele pedir para você ficar na mansão. Podemos nos virar aqui. Volte apenas no dia da cirurgia."

O coração de Arianna só doía ao ver como sua mãe estava feliz. Mas sua mãe desconhecia a verdade sobre seu casamento. Ela apenas sorriu e assentiu. Entretanto, de perto, aquele sorriso era mais triste que um choro.

Na sede do Grupo A.

Vinícius finalmente veio encontrar Lancelot. Ele tentou de várias formas retaliar contra Lancelot, mas no fim, não conseguiu lidar com a situação. O Grupo Ronald estava enfrentando um prejuízo enorme, e se continuasse assim, a empresa iria à falência. Para salvar sua empresa, ele reprimiu sua raiva e frustração e veio até o Grupo A.

Ele estava sentado na cadeira à frente de Lancelot. Ambos apenas se encaravam, sem dizer uma palavra.

Por fim, Vinícius rompeu o silêncio: "Você acertou. Eu sei onde Natasha está. Mas não vou te contar, mesmo que Grupo Ronald vá à falência. Sabe por quê? Porque ela não quer que você saiba..."

"Você está mentindo." Lancelot bateu com o punho na mesa e rosnou. "Por que ela faria isso? Ela me ama e sabe que eu a amo. Não tente essa jogada comigo. Me dê o endereço."

Vinícius soltou uma risada seca. "Você ainda não acredita em mim, né? Então, não há nada que eu possa fazer. Estou dizendo a verdade. Já estou em um beco sem saída. Que ganho teria em mentir para você? Acredite ou não, ela não dá a mínima para seus sentimentos agora. Ela despertou do coma dois meses após o acidente. Tragicamente, perdeu seu útero no processo. Ela não poderá ter filhos em toda sua vida. E ela te culpa por isso. Ela não voltará para você, Lancelot. Não posso contrariar sua decisão. Se quer destruir a empresa do Ronald, vá em frente. Não tenho nada a dizer."

Vinícius recostou-se na cadeira, fixando um olhar de desprezo em Lancelot. A hostilidade era visível em sua expressão.

Lancelot, por sua vez, estava atordoado, sem palavras. A revelação foi como um vendaval, aniquilando todas as suas esperanças. Ele a esperou dia e noite, a procurou em todos os lugares e, no fim, descobriu que ela não o amava mais. Pior, ela o odiava e o culpava pelo acidente.

Mas tinha sido apenas um acidente, não era sua culpa. Como ela poderia responsabilizá-lo por isso?

Ele também poderia ter perdido a vida naquele acidente. Aguentou o ódio da família dela acreditando que ela sempre o amou. Mas, no final, ela simplesmente se desinteressou por ele.

Lancelot estava devastado, sentindo como se sua vida tivesse perdido todo o sentido. Estava entorpecido, desprovido de qualquer sentimento.

Vinícius exibia um sorriso malicioso ao ver a dor de Lancelot. Sua visita havia atingido o objetivo. Lancelot estava emocionalmente abalado e, sabendo a dura verdade, não causaria mais problemas para o Grupo Ronald. Sem mais palavras, Vinícius se levantou e saiu da sala.

Lancelot ficou sentado, atordoado, tão imerso em sua dor que nem percebeu quando Vinícius saiu.

Ele nem saberia quanto tempo ficaria assim se Jerry não tivesse entrado na sala. "Chefe, você não vai para a mansão?"

Lancelot o encarou com um olhar vazio. Levantou-se e saiu da sala sem responder.

Arianna foi ao mercado para escolher um presente para Monarch. Seria sua primeira visita à mansão após o casamento e ela não queria chegar de mãos abanando. Vasculhou várias lojas de presentes, mas nada parecia apropriado. Finalmente, um porta-óculos de couro lhe chamou a atenção. Não era luxuoso, mas lhe pareceu um presente atencioso. Comprou e o embrulhou em papel dourado brilhante.

Então ela foi para a villa antes de ir para a mansão Granger. Após vestir um elegante vestido bege com gola canoa e aplicar uma maquiagem discreta, ela saiu da villa.

O motorista a aguardava e seguiu direto para a mansão assim que ela entrou no carro. Era horário de pico à noite, então levou mais de uma hora para chegar à mansão.

Monarch, Watson e Elisa estavam presentes no salão. Ela os cumprimentou educadamente e entregou o presente a Monarch: "Vovô, um presentinho para você. Não sei se vai gostar, mas considere isso como um gesto de amor da sua nora." Seus olhos cintilaram enquanto ela sorria.

Monarch riu e disse: "Por que não gostaria? O que quer que você dê será valioso para mim."

Ele desembrulhou o presente e seu sorriso se alargou ao ver o porta-óculos. "Que presente atencioso. Eu sempre esqueço onde coloco meus óculos. Isso será útil para mim."

"Obrigada, vovô," ela respondeu, com um sorriso.

"Onde está Lancelot? Por que ele não veio com você?"

A expressão de Monarch se tornou sombria, e seu tom de voz frio ganhou uma nuance de irritação.

O rosto de Arianna empalideceu. Ela não queria mentir, mas também não podia revelar a dura realidade do relacionamento deles.

"Vovô, não se preocupe. Ele está ocupado com o trabalho e me pediu para vir mais cedo. Ele virá direto do escritório."

Ela conseguiu esboçar um sorriso, suprimindo a dor que sentia no coração.