João Pedro empurrou a porta com força, o choque estampado no rosto. "Isabella! O que você está fazendo com a minha filha?"
Ele viu Sofia, pequena e assustada, sentada numa maca, com uma enfermeira preparando seu braço.
Isabella se virou, fria como gelo. "Não se meta, João Pedro. Sofia vai doar medula para o Tiago. Ele está muito doente."
"Doente? Você enganou nossa filha para um procedimento médico perigoso? Você não tem coração?" A voz de João Pedro tremia de raiva e incredulidade.
"Perigoso? É um procedimento simples. E Tiago precisa. Ele é filho do Ricardo," ela respondeu, como se isso explicasse tudo. A racionalidade dela era assustadora.
"E Sofia? Ela não é nada para você? Você é uma péssima mãe!" gritou João Pedro, avançando.
Isabella fez um sinal, e dois seguranças enormes o agarraram. "Não me atrapalhe. Se Tiago não melhorar, a culpa será sua."
De repente, um alarme soou na sala ao lado, onde Tiago estava. Médicos correram. "Complicação! Precisamos de sangue O negativo, urgente! Os dois estão em risco!"
Isabella olhou para João Pedro, um brilho estranho nos olhos. "Você! Você tem esse tipo sanguíneo raro. Doe para o Tiago!"
"Eu não vou doar nada para o filho do seu amante!" João Pedro cuspiu as palavras.
Isabella se aproximou, o rosto contorcido. "Se você não doar, e algo acontecer com a Sofia por falta de recursos ou atenção médica, eu juro que você nunca mais a verá. E se Tiago morrer, eu te culpo." A ameaça era clara, a chantagem, cruel.
Olhando para Sofia, pálida e assustada, João Pedro cedeu. A vida da sua filha estava em jogo. "Eu doo. Mas é pela Sofia."
Enquanto o sangue era drenado de seu braço, ele ouviu Isabella ordenar à enfermeira: "Priorizem o Tiago. Ele precisa de mais." João Pedro sentiu suas forças se esvaírem, a visão escurecendo até apagar.
Acordou horas depois, Sofia ao seu lado, segurando sua mão. "Papai, você está bem? Eu fiquei com tanto medo." Os olhinhos dela estavam vermelhos.
"Estou bem, meu amor. Não se preocupe." Ele a abraçou, sentindo a fragilidade do corpo pequeno.
"Papai, vamos embora daqui? Não quero mais ver a mamãe."
"Vamos sim, filha. Assim que eu puder levantar, a gente vai para um lugar bem longe, onde ela não possa nos machucar." A determinação queimava em seu peito.
Nesse momento, Isabella entrou no quarto. "Onde vocês pensam que vão?" A voz dela era uma lâmina fria.