A Vingança Silenciosa da Esposa Negligenciada
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Capítulo 3

Acordei com o cheiro a antisséptico e o som suave de um monitor cardíaco.

Uma luz branca e fria vinha do teto. Um hospital.

A minha mãe estava sentada numa cadeira ao lado da cama, o rosto inchado de tanto chorar.

Quando viu que eu estava acordada, agarrou a minha mão. A sua pele estava fria.

"Clara, minha querida..."

Olhei para a minha barriga.

Estava vazia. Plana.

O peso que carreguei durante oito meses tinha desaparecido. O movimento suave que me confortava tinha parado.

Um vazio oco abriu-se no meu peito, tão vasto e frio que me deixou sem ar.

As lágrimas vieram sem som, a escorrer pelos meus olhos, pelas minhas têmporas, a molhar o travesseiro.

Não era um choro ruidoso. Era o choro silencioso da perda absoluta.

O médico entrou. Era um homem mais velho, com olhos cansados.

Ele explicou. O stress, o choque, o frio. O meu corpo não aguentou.

Eles tiveram de fazer uma cirurgia de emergência para me salvar.

O bebé, um menino, já não tinha batimento cardíaco quando cheguei.

Um menino. Eu ia ter um menino.

Fechei os olhos. A imagem do seu rosto, que eu nunca veria, formou-se na minha mente.

A minha mãe chorava abertamente agora, os seus soluços a encher o silêncio do quarto.

Eu sentia-me estranhamente calma. Anestesiada.

Pedi o meu telemóvel. A minha mãe entregou-mo, hesitante.

"O que vais fazer, Clara?"

"Vou ligar ao Tiago," disse eu, a minha voz rouca e sem emoção. "Ele precisa de saber que o filho dele morreu."

Ela tentou protestar, dizer para eu esperar, para descansar.

Mas eu precisava de o fazer. Precisava de ouvir a voz dele.

Precisava que ele soubesse o que a sua escolha tinha custado.

                         

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