Traição Sob a Chuva
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Capítulo 2

Não sei quanto tempo passou. Perdi a noção de tudo, exceto do frio e do medo. A água chegou-me ao pescoço quando finalmente ouvi um barulho forte vindo de fora.

A janela do carro partiu-se e uns braços fortes agarraram-me. Eram os bombeiros.

"Calma, senhora. Vamos tirá-la daqui."

A última coisa de que me lembro é da luz forte das lanternas deles a encandear-me os olhos.

Acordei num quarto de hospital. O cheiro a desinfetante era intenso. Uma enfermeira estava a ajustar o soro ao meu lado.

A minha primeira reação foi levar a mão à barriga.

Estava lisa. Vazia.

O pânico voltou, mil vezes pior do que no túnel.

"O meu bebé...", sussurrei, a voz rouca. "Onde está o meu bebé?"

A enfermeira olhou para mim com uma expressão de pena. Uma pena que eu não queria ver.

"Lamento muito", disse ela suavemente. "Devido à hipotermia e ao choque, entrou em trabalho de parto prematuro. Fizemos tudo o que podíamos, mas... o bebé não sobreviveu."

As suas palavras pairaram no ar. Não sobreviveu.

O meu filho. O meu menino. Tinha desaparecido antes mesmo de eu poder ver o seu rosto.

Fiquei a olhar para o teto branco do quarto. Não chorei. Não gritei. Senti um vazio tão grande, tão profundo, que parecia ter engolido todos os outros sentimentos.

O meu filho estava morto porque o pai dele estava ocupado a salvar o cão de outra mulher.

Naquele momento, deitada naquela cama de hospital, fria e vazia, tomei uma decisão.

O meu casamento tinha acabado. Tinha morrido juntamente com o meu filho.

A minha mãe, Helena, entrou no quarto nesse momento. O seu rosto estava marcado pela preocupação. Ela tinha passado pela sua própria cirurgia cardíaca há apenas algumas semanas.

"Sofia, minha querida!"

Ela correu para o meu lado, agarrando a minha mão. As suas mãos estavam quentes.

"O Tiago... Onde está o Tiago?", perguntou ela, olhando à volta.

Uma risada amarga escapou dos meus lábios.

"Não sei, mãe. Talvez ainda esteja a consolar a Clara."

A confusão no rosto da minha mãe era evidente. Antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa, a porta abriu-se novamente.

Era o Tiago.

            
            

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