Anéis Quebrados, Alma Inteira
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Capítulo 3

Eu estava a tremer, encostada à parede fria, a tentar processar a traição.

O meu telemóvel tocou. Era a minha sogra, Helena.

Recusei a chamada.

Dois minutos depois, ela ligou novamente. E outra vez.

Na quarta vez, atendi, pronta para gritar.

"Clara, o que é esta história de estares a pressionar o Leo por causa do dinheiro?" A sua voz era acusadora, sem um pingo de simpatia.

"Helena, o meu pai está a morrer. Ele precisa de uma cirurgia."

"Eu sei, o Leo contou-me. É uma pena o que aconteceu," ela disse, a sua voz desprovida de qualquer emoção. "Mas não podes ser egoísta. Esse dinheiro é para o futuro da Sofia. É um investimento na nossa família."

"O meu pai não é a vossa família?" perguntei, incrédula.

"Clara, tu és a nossa família. Mas o teu pai... é o teu pai. A Sofia é sangue do nosso sangue. O futuro dela é a nossa prioridade."

Eu não conseguia acreditar no que estava a ouvir.

Antes que eu pudesse responder, ouvi a voz de Sofia ao fundo, chorosa e mimada.

"Mãe, diz-lhe para parar! O Leo prometeu-me! Não é justo! Ela está a tentar arruinar a minha vida!"

Helena voltou ao telefone. "Estás a ouvir? Estás a fazer a tua cunhada chorar. Ela é tão sensível. Pensa no stress que lhe estás a causar."

Eu desliguei.

Não havia mais nada a dizer.

Eles não eram apenas egoístas, eram monstros.

Vinte minutos depois, eles apareceram. Leo, a sua mãe Helena, e a sua irmã Sofia.

Sofia tinha os olhos vermelhos, como se tivesse chorado o caminho todo. Helena tinha uma expressão dura no rosto.

Eles não vieram para oferecer apoio. Vieram para garantir que eu não ficava com o dinheiro deles.

"Clara," começou Helena, com um tom condescendente. "Nós entendemos a tua dor, mas tens de pensar com clareza. 300.000 é muito dinheiro para gastar numa cirurgia com poucas garantias. O teu pai já tem uma idade..."

"Ele tem sessenta e dois anos," interrompi, a minha voz gélida.

Sofia fungou. "O meu café vai gerar lucros. Eu posso ajudar-vos mais tarde, quando tiver sucesso. É um investimento melhor."

Eu olhei para os três. O meu marido, a minha sogra, a minha cunhada.

Três estranhos.

"O vosso dinheiro está seguro," eu disse, a minha voz calma de uma forma assustadora. "Eu não quero um cêntimo dele."

"Agora, por favor, saiam deste hospital. A vossa presença aqui está a contaminar o ar."

                         

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