No dia seguinte, acordei cedo.
Arrumei minhas coisas em uma mala.
Não tinha muitas coisas neste apartamento, a maioria era dele.
Peguei apenas minhas roupas e alguns itens pessoais.
Quando estava saindo, meu celular tocou.
Era Pedro.
Eu não atendi.
Ele ligou de novo e de novo.
Finalmente, ele enviou uma mensagem.
"Onde você está? Volte para casa. Precisamos conversar."
Eu respondi: "Não há nada para conversar. Meus advogados entrarão em contato com você."
Desliguei o telefone e saí do apartamento.
Não olhei para trás.
Fui para a casa da minha melhor amiga, Clara.
Clara abriu a porta e me viu com a mala.
Ela não pareceu surpresa.
"Finalmente."
Ela disse, me abraçando.
"Eu estava esperando por este dia."
Clara me ajudou a levar a mala para dentro.
Ela me fez uma xícara de café quente.
"O que aconteceu?"
Contei a ela sobre a noite anterior.
Sobre Sofia, sobre o jantar de aniversário, sobre os papéis do divórcio rasgados.
Clara ouviu em silêncio, seu rosto ficando mais zangado a cada palavra.
"Aquele desgraçado!"
Ela bateu na mesa.
"Como ele ousa? E aquela Sofia, ela não tem vergonha? Voltar para assombrar o ex-namorado casado?"
"A mãe dela está doente."
Eu disse, embora a desculpa soasse fraca até para mim.
"E daí? Isso lhe dá o direito de destruir o casamento de outra pessoa? A mãe dele também estava doente quando ele se casou com você, e isso não o impediu de ser um marido de merda."
As palavras de Clara eram duras, mas eram a verdade.
Fiquei em silêncio.
"Então, o que você vai fazer agora?"
Clara perguntou.
"Vou me divorciar dele. Desta vez, é para valer."
"Bom. Você tem meu total apoio. Se precisar de um advogado, conheço um muito bom."
"Obrigada, Clara."
"Não me agradeça. Você merece ser feliz, Ana. E a felicidade não é o Pedro."
Naquela tarde, liguei para um advogado.
Expliquei a situação.
O advogado me disse que, como Pedro se recusava a assinar, o processo poderia ser complicado.
Mas não era impossível.
Eu estava preparada para uma longa batalha.
À noite, meu celular tocou novamente.
Desta vez, era um número desconhecido.
Hesitei, mas atendi.
"Alô?"
"Ana? Sou eu, Sofia."
A voz dela era suave e frágil, exatamente como eu imaginava.