Adeus, Segunda Opção
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Capítulo 2

A minha mãe afastou o telemóvel do ouvido, o seu rosto endureceu.

"Sofia, a minha mãe está no hospital porque o teu filho a deixou à espera durante horas."

A voz de Sofia não vacilou.

"Isso é um acidente! A Bia estava a passar mal! A Inês está a ser egoísta e dramática. Ela sabe o quão sensível a Bia é. Ela está a usar a avó para manipular o Léo!"

A minha mãe respirou fundo.

"Não vou discutir isto contigo agora, Sofia. Tenho de cuidar da minha mãe."

Ela desligou a chamada sem esperar por uma resposta.

Olhou para mim, os seus olhos cheios de uma raiva contida.

"Não ligues, querida. Ela está a defender o filho dela."

"Ela sempre o faz," murmurei.

Sofia nunca gostou muito de mim. Ela achava que eu não era boa o suficiente para o seu "menino de ouro". E ela adorava a Bia. Mesmo depois de eles terem acabado, ela continuava a convidá-la para jantares de família.

Entrei no quarto. A minha avó estava deitada na cama, pálida, mas com os olhos abertos.

Ela sorriu quando me viu.

"Querida."

Sentei-me ao lado dela e peguei na sua mão. Estava fria.

"Desculpa, avó. Por tudo isto."

Ela abanou a cabeça lentamente.

"Não peças desculpa. Onde está aquele rapaz?"

"Ele não vem, avó."

Os seus olhos lúcidos fixaram-se nos meus. Ela não precisava de mais explicações.

"Bom," ela disse, a sua voz fraca mas firme. "Um homem que não aparece não merece a cadeira vazia."

A simplicidade das suas palavras acertou-me em cheio.

Ela apertou a minha mão.

"Tu mereces alguém que chegue a tempo."

Fiquei com ela até ela adormecer. A minha mãe ficou para passar a noite.

Quando saí do hospital, já era madrugada. O ar estava frio.

Liguei o meu telemóvel e vi dezenas de mensagens e chamadas perdidas do Léo.

"Inês, por favor, fala comigo."

"Não podes fazer isto."

"Eu amo-te. Foi um erro estúpido."

"A Bia já está melhor. Ela sente muito pelo que aconteceu."

Apaguei tudo sem ler o resto.

No dia seguinte, fui ao nosso apartamento para fazer as minhas malas. Esperava que ele não estivesse lá.

Mas ele estava. Sentado no sofá, no escuro.

Quando acendi a luz, vi o seu rosto. Estava abatido, com olheiras profundas.

"Inês."

Ele levantou-se.

"Vim buscar as minhas coisas," eu disse, evitando o seu olhar.

Fui para o quarto e comecei a tirar as minhas roupas do armário.

Ele seguiu-me e ficou à porta.

"Não vás. Podemos resolver isto."

"Não, não podemos, Léo. Isto não é sobre hoje. É sobre sempre."

Continuei a dobrar as minhas camisolas, a minha voz calma e metódica.

"É sobre todas as vezes que cancelaste os nossos planos porque a Bia precisava de ti. É sobre o aniversário que passaste com ela porque o gato dela morreu. É sobre a nossa viagem de fim de semana que tiveste de encurtar porque ela se sentiu sozinha."

Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado.

"Isso não é justo! Ela é como uma irmã para mim! Ela não tem família aqui!"

"Eu era a tua noiva. Eu devia ser a tua família."

Fechei a mala com um clique alto. O som pareceu definitivo.

"Por favor, Inês. Dá-me mais uma oportunidade. Eu vou mudar. Vou estabelecer limites com a Bia."

Olhei para ele. Ele parecia desesperado. E por um segundo, hesitei. Cinco anos é muito tempo.

Mas depois lembrei-me da minha avó, pálida na cama do hospital.

"É tarde demais, Léo."

Passei por ele e saí do quarto.

Quando estava na porta da frente, ele disse uma última coisa.

"Ela tentou suicidar-se uma vez, Inês. Depois de eu acabar com ela. Eu prometi que nunca mais a abandonaria."

Parei. Virei-me e olhei para ele.

Então era isso. Uma promessa. Uma promessa feita a outra mulher que definia a nossa relação.

"Então cumpre a tua promessa," eu disse. "Mas não podes ter as duas coisas. Não me podes ter a mim."

Saí e fechei a porta. Desta vez, para sempre.

            
            

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