Quando abri os olhos, o teto branco do hospital era a primeira coisa que via.
O meu braço ardia, e uma agulha espetada nele me lembrava do terror.
Ao meu lado, Leo, meu marido, olhava para o telemóvel, a sua expressão sombria.
Eu mal consegui sussurrar o nome dele e ele levantou a cabeça, o seu olhar de um frio cortante.
"Onde está o Tiago? Ele está bem?", perguntei, a última coisa que vi antes de desmaiar foi a fúria das chamas depois de o meu cunhado, Tiago, atirar o isqueiro para o fogão.
A resposta dele gelou-me: "Estás a perguntar por ele? Mal escapaste da morte com queimaduras de segundo grau nos braços e nas costas."
A sua voz, cheia de acusação, insinuava que a culpa era minha. Pensei: "Ele tem apenas dezassete anos. Estava apenas a brincar. Foste tu que não estavas atenta."
Brincar? Ele quase me matou, e os meus próprios braços o confirmavam.
A minha sogra, Dona Isabel, veio visitar-me, exigindo um pedido de desculpas vazio do Tiago, e depois acusou-me de ingratidão por querer o divórcio.
"Tens sido tão ingrata depois de tudo o que fizemos por ti! É assim que nos pagas?", gritou ela.
Percebi que eles não iam facilitar. A mentira de Tiago, de que eu o tinha atacado primeiro, corroeu-me.
Como podiam ser tão cruéis?
Não era apenas o Tiago; era o Leo, que permitia e encorajava isto.
Senti uma raiva fria, uma determinação gelada. Eles pensavam que iriam destruir-me?
Não. Eu não ia deixar que ganhassem. E desta vez, eu ia dar o primeiro passo para o meu inferno pessoal.