O Sol Que Não Brilhava Para Mim
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Capítulo 2

"Cale a boca, Pedro!" Ricardo deu um passo à frente, o rosto vermelho de raiva. "Você não tem o direito de falar com sua mãe desse jeito."

"Eu não tenho o direito?" Eu me virei para ele, o corpo tenso. "Você entra na nossa casa, rouba a atenção da minha mãe e agora quer me dizer o que eu posso ou não fazer?"

"Eu cuidei de vocês! Dei um teto sobre suas cabeças, comida na mesa!" ele gritou.

"Nós não pedimos por isso!" eu gritei de volta. "Nós tínhamos uma vida antes de você. Talvez não fosse perfeita, mas era nossa. O Leo estaria vivo se não fosse por você e seu filho mimado!"

Minha mãe deu um passo para trás, o rosto pálido.

"Pedro, pare com isso."

"Não. Eu não vou parar," eu disse, minha voz baixando para um tom perigoso. "Eu quero que vocês saiam. Agora."

"Esta casa também é minha," Ricardo retrucou, o peito estufado. "Eu paguei por ela."

"A casa estava no nome do meu pai," eu disse friamente. "Você apenas se mudou para cá. Saia da minha casa."

O rosto de Ricardo se contorceu de fúria.

Ele olhou para minha mãe, esperando que ela me repreendesse, que ficasse do lado dele.

Mas minha mãe apenas olhava para o chão, em silêncio.

Naquele momento, eu vi. Eu vi a verdade em seus olhos.

Ela tinha escolhido. E não tinha sido eu ou o Leo.

"Tudo bem," Ricardo disse finalmente, a voz cheia de veneno. "Nós vamos embora. Mas você vai se arrepender disso, Pedro. Você vai acabar sozinho, exatamente como seu pai."

Ele agarrou o braço da minha mãe e a puxou em direção à porta.

Ela não resistiu.

Ela nem olhou para trás.

A porta bateu, e o silêncio voltou, mais pesado do que antes.

Eu estava sozinho.

Completamente sozinho.

Caminhei até a janela e os observei entrar no carro.

Ricardo estava gritando com ela, gesticulando com raiva.

Minha mãe apenas olhava para a frente, o rosto uma máscara sem expressão.

Eles foram embora.

Eles me deixaram.

Um nó se formou na minha garganta.

Eu andei pela casa vazia, o eco dos meus passos me assombrando.

Fui até a cozinha e vi a louça do café da manhã ainda na pia.

A xícara do Leo, com seu super-herói favorito.

Peguei a xícara, os dedos traçando o desenho desbotado.

Uma única lágrima escorreu pelo meu rosto.

Depois outra. E outra.

Eu caí de joelhos no chão da cozinha, a xícara ainda na minha mão.

E eu chorei.

Chorei pelo meu irmão.

Chorei pela minha mãe.

Chorei pela família que eu perdi.

            
            

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