Eu estava grávida de nove meses, esperando a chegada do meu bebé, quando um incêndio devastou o bairro.
Fui submetida a uma cirurgia de emergência e perdi o nosso filho.
Enquanto eu lutava pela vida, e depois pela dor da perda, o meu marido, Pedro, estava ocupado a ser o "herói" de outra pessoa.
Liguei-lhe, devastada, e ouvi do outro lado da linha a voz doce da sua ex-namorada, Sofia, e depois do meu sogro, Tiago, agradecendo-lhe por a ter salvo.
Pedro e a sua família, em vez de me apoiarem, desprezaram a minha dor, acusaram-me de drama e até tentaram manipular-me com a memória do bebé que perdi.
Chegaram ao ponto de me caluniar e oferecer uma esmola para o divórcio, pintando-me como uma mulher instável.
Será que estavam a tentar intimidar-me?
Será que esperavam que eu, que tinha acabado de perder o meu bebé sozinha no meio do fogo, simplesmente aceitasse as migalhas e o desprezo?
E como se tudo isso não bastasse, descobri a verdade por trás da "nobreza" de Pedro: ele estava a ter um caso com Sofia muito antes do incêndio.
Aquele "salvamento heroico" era uma farsa, uma traição calculada.
Não havia mais choro, apenas uma raiva fria e resoluta a acender-se dentro de mim.
Chega de submissão, chega de aceitar migalhas.
Eles queriam uma guerra?
Pois teriam.
E eu ia lutar para reivindicar não só o que era meu por direito, mas também a minha dignidade.