A Sertaneja Que Calou a Elite
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Capítulo 2

Duas semanas depois, o sertão ficou para trás. A poeira vermelha foi trocada pelo cinza de São Paulo. Eu estava numa mansão que mais parecia um museu, fria e silenciosa, diante da família que me tinha sido tirada no nascimento.

Meus pais biológicos, Seu Afonso e Dona Lúcia, olhavam para mim com uma mistura de curiosidade e constrangimento. Ao lado deles, a minha "irmã", Isabella, a rapariga que viveu a minha vida, sorria de forma doce, mas os seus olhos eram duros. E a Tia Clara, uma mulher de rosto amargo, analisava-me de cima a baixo com um desprezo mal disfarçado.

"Então esta é ela", disse Tia Clara, a voz fina e cortante. "Direto da roça."

Isabella colocou uma mão no braço da tia, um gesto de falsa repreensão.

"Tia, por favor. Ela é minha irmã."

Mas o seu olhar dizia o contrário. Ela saboreava cada segundo da minha humilhação.

Naquela noite, houve um jantar. Lucas, o primo de Rafael e meu noivo por um arranjo familiar que eu mal entendia, estava lá. Ele era bonito, rico e superficial.

Isabella, com a sua voz melodiosa, contou uma versão distorcida da noite da festa de São João.

"Coitadinha da Sofia, ela não está habituada à cidade grande. Na sua terra, as pessoas são mais... expansivas. Ela agarrou-se a um empresário importante, um homem muito sério, e tentou beijá-lo à força. Foi uma cena tão embaraçosa."

Lucas olhou para mim, o sorriso a desaparecer do seu rosto. O seu olhar tornou-se frio.

"É verdade isso, Sofia?"

Eu abri a boca para me defender, para explicar que estava drogada, mas as palavras não saíram. Quem acreditaria em mim? Na "sertaneja vulgar"?

Lucas levantou-se, ajeitando o seu fato caro.

"Acho que este noivado foi um erro. A nossa família não pode estar associada a este tipo de... comportamento."

Ele saiu sem olhar para trás. A sala ficou em silêncio. Dona Lúcia, minha mãe, tinha lágrimas nos olhos, mas não de pena por mim, e sim de vergonha. Seu Afonso parecia uma estátua.

Isabella e Tia Clara trocaram um olhar de triunfo. A primeira batalha tinha sido vencida por elas.

Eu estava sozinha, numa gaiola de ouro, com inimigos por todos os lados.

            
            

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