A Verdade Oculta do Meu Marido
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Capítulo 2

Dois dias depois, recebi alta do hospital.

O meu corpo ainda doía, mas era uma dor surda comparada com o vazio no meu coração.

Pedro não apareceu. Ele mandou mensagens, dezenas delas, a implorar, a explicar, a pedir perdão.

Eu não respondi a nenhuma.

A minha irmã mais nova, Lia, veio buscar-me.

Ela abraçou-me com força à porta do hospital, os seus olhos cheios de lágrimas que ela tentava esconder por minha causa.

"Vamos para minha casa, Clara. Não voltes para aquele apartamento."

A sua voz era firme, protetora.

Assenti, demasiado cansada para discutir.

Sabia que ela tinha razão. Voltar àquele apartamento, ao quarto de bebé que tínhamos preparado com tanto amor, seria insuportável.

A casa de Lia era pequena e acolhedora. Ela fez-me um chá, sentou-se comigo no sofá e simplesmente segurou a minha mão.

Não precisávamos de palavras.

O meu telemóvel vibrou novamente. Era a mãe de Pedro, a Dona Helena.

Hesitei, mas acabei por atender. Talvez ela me fizesse ver as coisas de outra forma.

"Clara, minha querida. O Pedro contou-me o que aconteceu. Sinto tanto, tanto pela vossa perda."

A sua voz era genuinamente triste. Sempre gostei da minha sogra.

"Obrigada, Dona Helena."

"Mas, filha, ele também me contou que queres o divórcio. Por favor, reconsidera. Ele cometeu um erro, um erro terrível, eu sei. Mas ele ama-te. Ele está destroçado."

"Ele não estava aqui," disse eu, a voz sem emoção.

"Eu sei, e não há desculpa para isso. Mas a Sofia... ela tem uma certa influência sobre ele. É uma ligação antiga, difícil de quebrar. Mas és tu a mulher dele, a família dele. Ele escolheu-te a ti."

Uma ligação antiga. Era assim que ela chamava?

"Ele fez a escolha dele quando me ignorou. E eu fiz a minha agora."

"Clara, não sejas precipitada. O luto pode fazer-nos tomar decisões das quais nos arrependemos. Dêem um tempo a vocês mesmos. Pensem bem."

"Eu já pensei. A decisão está tomada. Por favor, diga ao Pedro para não me contactar mais. O meu advogado entrará em contacto com ele."

Desliguei, o meu coração a pesar.

Sabia que a tinha magoado, mas não podia ceder.

Isto não era sobre um único erro. Era sobre um padrão, sobre uma escolha repetida.

Pedro sempre colocou as necessidades de Sofia à frente das minhas, à frente das nossas.

A emergência do pai dela foi apenas a desculpa perfeita, a prova final de que eu nunca seria a sua prioridade.

Lia tirou o telemóvel da minha mão.

"Chega. Vais descansar. Eu trato de tudo."

Deixei-a guiar-me até ao quarto de hóspedes.

Deitei-me na cama e fechei os olhos, mas o sono não veio.

Em vez disso, a imagem do ultrassom do nosso filho apareceu na minha mente. Aquele pequeno feijão a piscar, a promessa de uma vida inteira.

Uma vida que lhe foi roubada porque o pai dele estava demasiado ocupado a ser o herói de outra pessoa.

            
            

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