O Eco do Desprezo: E a Fênix Ascendeu
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Capítulo 4

Nos dias que se seguiram, encontrei-me com Helena várias vezes. Ela era metódica, inteligente e implacável. Juntas, traçámos um plano.

O plano era simples na sua essência, mas complexo na sua execução. Eu tinha de me reaproximar do David. Tinha de o fazer acreditar que eu estava arrependida, que o queria de volta.

E, quando tivesse a sua confiança, teria de encontrar provas. Provas de que a sua empresa, a "InovaTech", não era tão limpa como parecia. Helena tinha uma suspeita de que David estava envolvido em práticas comerciais duvidosas, talvez até ilegais.

Se encontrássemos algo, poderíamos usá-lo como alavanca. A ameaça de um escândalo público seria suficiente para o forçar a pagar a compensação à família do Léo.

A ideia de fazer isto revirava-me o estômago. Eu amei o David, ou pelo menos a pessoa que eu pensava que ele era. Traí-lo desta forma parecia... errado.

Mas depois eu pensava no meu irmão, a definhar numa cela. Pensava na minha mãe, a envelhecer dez anos numa só semana. E pensava na frieza do David, na forma como ele me descartou quando eu mais precisei dele.

A minha determinação solidificou-se.

O primeiro passo foi o mais difícil. Tive de engolir o meu orgulho e ligar-lhe.

Ele atendeu ao terceiro toque.

"O que queres, Sofia?" A sua voz era fria como gelo.

Respirei fundo, tentando manter a minha voz trémula e submissa. "David... eu... eu cometi um erro. Estava fora de mim, com tudo o que aconteceu com o Miguel. Eu não queria dizer aquilo. Sinto a tua falta."

Houve um longo silêncio do outro lado. Eu podia imaginá-lo, a franzir a testa, a desconfiar.

"Sentes a minha falta?" repetiu ele, cético. "Ou sentes falta do meu dinheiro e da minha ajuda?"

"Não!" disse eu, um pouco depressa demais. "Não é isso. Eu sinto a tua falta. De nós. Por favor, podemos encontrar-nos? Só para conversar."

Ele hesitou. "Estou muito ocupado."

"Por favor, David. Só cinco minutos."

Ele suspirou, um som de irritação. "Ok. No nosso café de sempre. Amanhã, ao meio-dia. Mas não te atrases."

Ele desligou.

Eu deixei o ar sair dos meus pulmões num sopro. O primeiro passo estava dado.

No dia seguinte, vesti-me com cuidado. Escolhi um vestido que ele gostava, maquilhei-me de forma a parecer cansada e triste. Eu tinha de parecer vulnerável.

Quando cheguei ao café, ele já lá estava, a olhar para o telemóvel com uma expressão impaciente.

Sentei-me à sua frente. "Olá, David."

Ele levantou os olhos, e por um segundo, vi um vislumbre de algo nos seus olhos. Pena? Talvez.

"Sofia," disse ele, formalmente.

"Obrigada por teres vindo," comecei. "Eu sei que estás zangado comigo, e tens razão. Eu fui injusta. Estava em pânico."

Comecei a chorar, lágrimas a sério, alimentadas pelo stress e pela dor das últimas semanas. "Eu não sei o que fazer sem ti. A minha mãe está um farrapo, o Miguel... Eu preciso de ti."

Ele pareceu desconfortável com as minhas lágrimas. Ele nunca soube lidar com as minhas emoções.

"Pára de chorar," disse ele, sem jeito. "As pessoas estão a olhar."

"Desculpa," solucei eu, limpando as lágrimas. "Eu só... eu amo-te, David. Eu estava errada em querer terminar. Por favor, perdoa-me."

Ele olhou para mim durante um longo momento. O seu ego estava a ser massajado. Ele gostava de se sentir necessário, poderoso.

"Eu não sei, Sofia," disse ele, a sua voz um pouco mais suave. "Tu magoaste-me. E magoaste a minha família."

"Eu sei. E eu vou pedir desculpa à tua mãe, e à Eva. Eu faço o que for preciso," prometi.

Ele pareceu ponderar. "Vamos com calma. Eu preciso de tempo para pensar."

Era mais do que eu esperava. Era um começo.

"Claro," disse eu, com um pequeno sorriso. "O tempo que precisares."

                         

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