Ela Escolheu a Traição
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Capítulo 4

Naquela mesma noite, Ana voltou.

Desta vez, não havia raiva em seu rosto, apenas um cansaço profundo e uma vulnerabilidade que eu não via há anos. Ela parou na minha frente, na mesma sala onde a havíamos confrontado horas antes.

"Eu senti o que você sentiu" , ela disse, a voz baixa, quase um sussurro. "Hoje, quando vi você com ela... a humilhação, a raiva. A sensação de ser substituída. Eu entendi."

Era uma confissão, um pedido de desculpas indireto. Ela estava admitindo seu erro, reconhecendo a dor que me causou.

"Pedro está desesperado" , continuou ela, tirando o celular da bolsa. Ela me mostrou a tela. Estava cheia de mensagens dele.

"Ana, por favor, me responde."

"O que vamos fazer agora? Eu perdi tudo."

"Você não vai me abandonar, vai?"

Então, ela fez algo que me surpreendeu. Com o celular ainda na minha frente, ela abriu o contato de Pedro e o bloqueou. Bloqueou as chamadas, as mensagens, tudo.

"Eu cortei os laços com ele" , disse ela, olhando nos meus olhos. "Completamente."

Era uma prova. Uma ação concreta para demonstrar sua mudança.

"Eu só queria te provocar, José. Te fazer sentir ciúmes. Foi estúpido, eu sei. Eu nunca imaginei que chegaria a esse ponto."

Ela se aproximou, seus olhos cheios de um arrependimento que parecia genuíno. Ela tocou meu rosto, seus dedos frios na minha pele.

"Por favor, não vamos mais brigar."

Ela me beijou.

Não foi um beijo apaixonado, mas um beijo de trégua, de cansaço. Eu não a afastei.

Nosso casamento sempre foi, em parte, um acordo comercial. Uma aliança entre duas pessoas poderosas. Destruí-lo por completo traria consequências para ambos os nossos impérios. Uma trégua era, pragmaticamente, a melhor solução.

"Tudo bem, Ana" , eu disse, quando ela se afastou. "Sem mais brigas."

No dia seguinte, a paz recém-conquistada foi estilhaçada.

Eu estava no set de filmagem, supervisionando o trabalho de Maria. Ela estava se saindo brilhantemente, e eu me sentia orgulhoso da minha aposta.

De repente, Pedro apareceu. Ele passou pela segurança como um louco, seus olhos injetados de sangue fixos em mim.

"Você!" , ele gritou, apontando um dedo acusador na minha direção. "Você acha que pode simplesmente me descartar e sair impune? Você não confia na sua própria esposa?"

A equipe do filme parou, todos olhando para a cena.

Eu permaneci calmo. "Pedro, este é um set de filmagem. Vá embora antes que eu chame a segurança."

"Eu não vou a lugar nenhum!" , ele berrou. "Eu vou provar para você! Vou provar que sou inocente, que nunca houve nada entre mim e a Ana!"

E então, ele fez o impensável.

Ele tirou um pequeno canivete do bolso, um objeto que provavelmente usava para algum hobby. E, diante de todos, ele o passou com força pelo próprio pulso.

Um grito coletivo ecoou pelo estúdio. O sangue começou a brotar do corte, escorrendo por sua mão e pingando no chão.

"Viu? Eu sou inocente! Eu juro!" , ele gritou, o rosto contorcido de dor e desespero.

Fiquei em choque por um segundo, mas meu instinto assumiu o controle.

"Alguém chame uma ambulância!" , ordenei, enquanto pegava um pano limpo para tentar estancar o sangramento.

Foi nesse exato momento que Ana chegou. Ela estava vindo me encontrar para o almoço.

Ela viu a cena: Pedro no chão, o pulso sangrando, eu tentando ajudar, e uma multidão chocada ao redor.

Seus olhos se fixaram em Pedro por um instante, frios e sem emoção. Ela não correu para ele. Não gritou.

Em vez disso, ela caminhou diretamente até mim. Ignorou completamente o homem que se feria por ela.

Ela pegou minha mão, a que não estava coberta de sangue, e me puxou para longe da cena.

"Vamos embora, José."

Sua voz era firme, sua decisão, absoluta.

Ela me levou para fora do estúdio, deixando Pedro para trás com os paramédicos que chegavam. Sua rejeição pública foi mais brutal do que qualquer palavra. Naquele momento, ela não estava apenas cortando os laços, estava pulverizando-os.

Pedro, que tentava se pintar como um mártir trágico, tornou-se, instantaneamente, motivo de chacota. Um homem patético que se mutilou por uma mulher que nem sequer olhou para ele.

Mais tarde naquele dia, Ana fez sua jogada final.

Ela postou uma única foto em suas redes sociais. Era uma foto antiga, do nosso casamento, uma que mantivemos privada por anos. Nela, estávamos sorrindo, felizes.

A legenda era simples: "Meu marido, meu único parceiro. José."

A internet, que antes a aplaudia, agora via a história toda sob uma nova luz. Pedro não era mais a vítima, era um aproveitador desequilibrado. E Ana não era a heroína leal, era a esposa que, depois de um desentendimento, reafirmava seu compromisso.

Pedro perdeu todo o apoio que tinha. Sua carreira, já abalada, agora estava em ruínas. Ele caiu em desgraça, completamente.

                         

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