Vingança Dança: Um Amor Perdido
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Capítulo 2

O hospital cheirava a antisséptico e desespero. A família de Pedro, os Albuquerque, ocupava um andar inteiro, sua arrogância preenchendo os corredores brancos. Quando cheguei, a mãe de Pedro, a senhora Helena, veio na minha direção como um furacão.

Seu rosto, normalmente impecável com maquiagem cara, estava manchado de lágrimas e raiva.

"Você!" , ela gritou, sua voz aguda ecoando pelo corredor silencioso. "O que você fez? Por que não o impediu?"

Seus olhos me fuzilavam, procurando um lugar para depositar toda a sua dor e fúria. Na minha vida passada, eu teria encolhido, gaguejado desculpas, assumido uma culpa que não era minha.

Desta vez não.

Eu a encarei, meus olhos calmos e firmes.

"Eu tentei" , respondi, minha voz nivelada, sem um pingo de medo. "Eu disse para ele não entrar. Ele não me ouviu. Ele estava obcecado em salvar Sofia."

"Mentira!" , ela cuspiu. "Pedro te amava! Ele nunca arriscaria a vida dele assim se você não tivesse feito alguma coisa!"

Eu dei um riso seco, sem humor.

"Senhora Helena, com todo o respeito, a senhora não sabe nada sobre o seu filho e eu. Ele nunca me amou. O coração dele sempre pertenceu a Sofia. Pergunte a ele quando ele acordar. Pergunte por que ele correu para o fogo gritando o nome da minha irmã, e não o meu."

Cada palavra era uma pedra atirada na imagem perfeita que ela tinha do filho. O choque em seu rosto foi visível. Ela abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. A verdade, mesmo que dita por mim, tinha seu próprio peso.

Nesse momento, meus pais chegaram. Minha mãe correu para o lado da senhora Helena, ignorando-me completamente, como sempre.

"Helena, querida, sinto muito! Terrivelmente. Essa menina... eu não sei o que deu nela! Sempre tão teimosa" , minha mãe disse, lançando-me um olhar de puro desprezo.

Meu pai, um homem que vivia para agradar os mais ricos, balançou a cabeça em falsa tristeza.

"Nós sentimos muito pelo Pedro. Maria Eduarda tem um gênio difícil. Se ela tivesse sido mais sensata..."

A náusea subiu pela minha garganta. A mesma cena, as mesmas palavras. A forma como eles me jogavam aos lobos para proteger a imagem deles e a de sua filha favorita.

"Parem" , eu disse, minha voz cortando a lamentação deles. "Parem de mentir."

Todos olharam para mim, surpresos com minha ousadia.

"Vocês sabem muito bem que Pedro era louco pela Sofia. Vocês incentivaram isso, não foi? Sonhando com a união das famílias, não importava como."

Eu me virei para a senhora Helena, cujo rosto agora estava pálido.

"E a senhora quer saber a verdade sobre o incêndio? Não foi um acidente. Pergunte à minha querida irmã, Sofia, quando ela puder falar. Pergunte a ela sobre o ciúme que ela sentia do meu novo contrato de dança. Pergunte a ela sobre as latas de solvente que ela escondeu na oficina."

Um silêncio pesado caiu sobre o corredor. A sugestão era tão monstruosa que eles não conseguiam processá-la.

"Isso é um absurdo!" , meu pai rosnou. "Sofia nunca faria uma coisa dessas! Você está inventando isso para se safar!"

"Será?" , eu questionei, um sorriso frio nos lábios. "A perícia vai investigar. Eles vão encontrar a origem do fogo. Vamos ver quem está dizendo a verdade então."

A confiança na minha voz os desequilibrou. Eles não estavam acostumados com essa Maria Eduarda. A antiga era submissa, fácil de culpar. Esta nova era perigosa.

O médico saiu do quarto de Pedro, seu rosto sério.

"A cirurgia estabilizou a coluna dele, mas o dano na medula espinhal é extenso e irreversível" , ele disse, olhando para os Albuquerque. "Sinto muito. Pedro ficará paraplégico."

Um soluço escapou da senhora Helena. O senhor Albuquerque, um homem grande e imponente, pareceu encolher. A palavra "irreversível" selou o destino do seu herdeiro.

Eu observei a reação deles. A dor inicial estava lá, claro. Mas logo abaixo da superfície, eu vi outra coisa surgindo nos olhos deles, especialmente nos de Helena. Uma ponta de... repulsa.

O herdeiro forte e perfeito da fortuna Albuquerque agora era um inválido. Um fardo. O noivado dos sonhos com a filha de um parceiro de negócios, que estava sendo arranjado, agora estava em ruínas. A imagem da família estava manchada.

Eu sabia como a alta sociedade funcionava. Eles não adoravam pessoas, eles adoravam poder e perfeição. E Pedro não era mais perfeito.

Naquele momento, eu soube que a primeira peça do meu jogo de vingança tinha caído exatamente onde eu queria. Pedro não seria apenas um homem quebrado fisicamente, ele seria um homem abandonado por aqueles que mais deveriam amá-lo. E eu estaria lá para assistir.

            
            

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