O Retorno de Sofia
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Capítulo 2

Como uma alma, eu não deveria sentir, mas a dor era mais real do que qualquer coisa que senti em vida. Era uma agonia constante, um eco da minha vida perdida, intensificada cada vez que via Juliana sorrindo para Pedro. Ela usava os vestidos que eu desenhei, sentava-se no meu lugar à mesa de jantar e dormia na minha cama. E Pedro permitia tudo, cego pela sua beleza e por suas mentiras.

Um dia, uma mulher alta e elegante entrou no escritório de Pedro sem ser anunciada. Era Gabriela, uma famosa dançarina que um dia também esteve nos braços de Pedro, uma de suas muitas amantes antes de Juliana consolidar seu poder. "Pedro," ela disse, sua voz carregada de raiva contida, "vim saber de Sofia. Onde ela está? Ouvi dizer que ela..."

Pedro levantou os olhos de seus papéis, sua expressão endurecendo. "Isso não é da sua conta, Gabriela."

"Não é da minha conta?" ela riu, um som amargo. "Aquela sua nova vadia, Juliana, armou para mim! Ela me acusou de vazar informações da sua empresa para a concorrência, e você acreditou nela! Você me descartou como se eu fosse lixo, mas eu sei que foi ela. Assim como sei que ela fez algo com Sofia."

Pedro se levantou, sua presença preenchendo a sala. "Já chega. Saia daqui antes que eu chame a segurança." Ele não queria ouvir a verdade, era mais fácil viver na ilusão que Juliana havia criado para ele. Gabriela o encarou por um longo momento, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas, e então se virou e saiu, batendo a porta atrás de si.

Mais tarde, escondida perto da copa, ouvi Ricardo falando ao telefone com Samuel, meu amigo de infância e o único que permaneceu leal a mim até o fim. "Foi a Juliana, Samuel, eu tenho certeza," dizia Ricardo, sua voz baixa e urgente. "Ela falsificou os e-mails para incriminar a Gabriela. O Pedro nem investigou, ele simplesmente acreditou nela. Ele está cego." Uma pausa. "Sim, eu sei. Eu também sinto muito pela Sofia. Ele a tratou tão mal... ela não merecia isso."

As palavras de Ricardo eram a confirmação que eu precisava. A teia de mentiras de Juliana era mais extensa do que eu imaginava. Ela não apenas me destruiu, mas eliminou todas as mulheres ao redor de Pedro que poderiam representar uma ameaça ao seu status.

Naquela noite, houve uma recepção na mansão. Vi Clara, outra ex-amante de Pedro, conhecida por sua gentileza e voz suave, tentando se aproximar dele. Ela era claramente outra substituta para mim, escolhida por alguma semelhança superficial. Pedro, no entanto, a ignorou completamente, seu rosto uma máscara de tédio e irritação enquanto outras mulheres tentavam chamar sua atenção. Ele parecia um rei entediado em sua corte de bajuladores.

Em um momento de silêncio, ele se virou para Ricardo e perguntou, quase como um pensamento tardio: "Como está a Sofia? A saúde dela melhorou?". Sua pergunta foi tão casual que me chocou.

Ricardo engoliu em seco. "Senhor, a condição dela... não é boa. O médico disse que ela está muito fraca."

Pedro apenas acenou com a cabeça, sua atenção já se desviando para um convidado de negócios que se aproximava. Ele não se importava. Para ele, eu já estava morta há muito tempo. A indiferença dele doeu mais do que o ódio. O ódio ao menos era uma paixão, um reconhecimento da minha existência. A indiferença era um vazio, um apagamento completo.

            
            

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