A Farsa do Casamento Perfeito
img img A Farsa do Casamento Perfeito img Capítulo 2
3
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
img
  /  1
img

Capítulo 2

Na manhã seguinte, Lucas desceu para o café da manhã como se nada tivesse acontecido. A máscara de normalidade em seu rosto era tão perfeita que enganaria qualquer um, exceto ele mesmo. Por dentro, um furacão de raiva e dor o consumia.

Sofia e Clara estavam sentadas à mesa, sorrindo, agindo como a família amorosa de sempre.

"Bom dia, querido", disse Clara, inclinando-se para beijá-lo. Lucas virou o rosto sutilmente, e o beijo acabou em sua bochecha. "Dormiu bem?"

"Como uma pedra", ele mentiu, a voz sem emoção.

Sofia serviu-lhe uma xícara de café. "Não se preocupe com o contrato perdido, Lucas. Você é jovem e talentoso, vai recuperar."

Ele olhou para ela, para o rosto da mulher que o criou apenas para destruí-lo.

"Você tem razão, mãe. É apenas um contratempo."

A interação era surreal. Eles trocavam amabilidades, mas cada palavra de preocupação delas era um insulto, cada sorriso uma zombaria. Ele sentia vontade de vomitar.

Mais tarde naquele dia, Lucas chamou Clara em seu escritório em casa. Ele havia preparado um documento.

"Clara, eu estive pensando. Talvez a pressão dos negócios esteja afetando nosso casamento. Eu quero proteger você."

Ele empurrou uma pasta sobre a mesa.

"O que é isso?", ela perguntou, desconfiada.

"É um acordo pós-nupcial. Ele basicamente separa meus bens pessoais dos ativos da empresa. Se algo acontecer com a GlobalTech, você e nosso futuro estarão seguros. É uma formalidade."

Clara examinou o documento. Ela não entendia de jargão legal, mas viu as palavras "proteção" e "bens". Acreditando que Lucas estava apenas sendo paranoico após a perda do contrato e cega por sua própria arrogância, ela viu isso como uma vantagem. Se a empresa falisse, seus bens pessoais estariam a salvo para ela tomar no divórcio.

"Claro, amor. Se isso te faz sentir melhor", disse ela, pegando a caneta e assinando sem hesitar.

O clique da caneta foi o primeiro som de sua vingança. O documento, redigido pelo advogado indicado pelo misterioso "I", na verdade, transferia a maior parte da fortuna pessoal de Lucas para um fundo offshore intocável, deixando apenas a empresa vulnerável, exatamente como Sofia e Pedro queriam. Eles iriam lutar por uma casca vazia.

Assim que Clara saiu, Lucas fez uma ligação.

"Sou eu. Ela assinou. Pode começar a transferência."

Do outro lado da linha, uma voz feminina, calma e eficiente, respondeu.

"Entendido. Os ativos estarão seguros em 24 horas."

Era a primeira vez que ele ouvia a voz de "I". Era firme e reconfortante.

Naquela noite, a solidão o atingiu com força. Ele se lembrou de uma viagem que fez com Clara a Paris. Eles caminharam ao longo do Sena, e ela disse que era o dia mais feliz de sua vida. Ele se lembrou do anel de diamantes que ele desenhou para ela, um símbolo de seu "amor único".

Seu celular vibrou. Era outra mensagem de "I". Desta vez, com anexos.

Eram fotos.

A primeira foto mostrava Clara e Pedro, em Paris, na mesma ponte onde ele e Clara haviam estado. Eles estavam se beijando apaixonadamente. A data da foto era de um mês antes de Lucas e Clara viajarem para lá. Ela não estava vivendo um momento com ele, estava recriando um momento com outro homem.

A segunda foto era um close-up da mão de Clara. O anel "único" que ele desenhou estava lá. Mas a mensagem de "I" continha um link para uma joalheria online. O mesmo anel estava à venda, listado como "Best-seller de noivado". Não era único. Era comum. Como o amor dela.

A última evidência era um recibo. O anel havia sido comprado por Pedro, não por ele. Ele se lembrou de Clara dizendo que o tinha perdido e ele, desesperado para agradá-la, mandou fazer uma "réplica" exata com o joalheiro que ela recomendou. Ele não tinha feito uma réplica, ele tinha comprado o anel original dela, que ela provavelmente vendeu.

A raiva que ele sentia antes era uma chama. Agora, era um inferno. Cada memória feliz que ele tinha com ela estava manchada, corrompida. Ele não era nem mesmo o protagonista de sua própria história de amor, era um substituto.

Ele socou a parede, a dor física uma distração bem-vinda da agonia em sua alma. Ele não sentia mais tristeza. Apenas um desejo profundo e sombrio de fazê-los pagar por cada mentira, cada toque falso, cada memória roubada.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022