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Achei que seria um dia de trabalho normal, mas não foi. Enquanto o Félix não acordava o Pedro fez questão de transformar meu dia num inferno.
Tudo começou às sete da manhã, quando ele saiu para fumar na varanda. Eu ainda estava esperando Félix acordar então sentei do lado de fora para ler um livro. Nisso surge Pedro com um cigarro.
Parecia que ele sabia que eu era fumante e havia mentido na entrevista para poder trabalhar na casa deles. Agora eu sentia aquele aroma, forte e questionável do cigarro e ficava com vontade de fumar.
Principalmente pela forma como ele fumava, era sexy, parecia o James Dean encarnado num jovem de dezoito anos. Comecei a me sentir mal porque aos poucos percebia que eu estava literalmente secando o garoto com o olhar, e isso fez com que eu me sentisse um tanto quanto culpada sobre aquilo.
Ele era lindo. Ponto.
Mas eu não podia fazer nada com ele, nem sonhar em fazer nada, porque ele era o irmão do garoto que eu estava sendo paga para tomar conta! Por Deus! Isso era tão errado, mas tão errado que eu não tinha palavras para descrever o quanto errado aquilo era.
Mas ele sentou lá do meu lado, com um cigarro na boca, me encarando profundamente com aqueles olhos sem cor definida. Castanhos em volta, porém verdes por dentro. Aquilo estava me enlouquecendo.
Eu só queria fazer meu trabalho.
Infelizmente além da provocação visual aquele cheiro estava me seduzindo e ao lado dele eu poderia ver perfeitamente o maço vermelho escrito "Marlboro" em letras brancas. Minha vontade era de pedir um, mas eu não poderia simplesmente fumar em horário de trabalho, principalmente trabalhando com criança.
Aquele não era um trabalho, era uma sessão de tortura.
- Fumar faz mal, sabia? - Eu disse, parecendo uma verdadeira idiota. Ele parou numa certa posição, se virou pra mim e me fuzilou com os olhos. Fuzilou mesmo, do tipo que eu achei que ele poderia sei lá me matar com o olhar.
Engoli seco.
Pra quê que eu fui falar aquilo, maldita boca!
Achei que ele fosse me dar uma cortada, mas tudo que ele fez foi dar uma longa tragada no cigarro e depois soltar com a boca na minha cara.
Ele era debochado.
Gosto disso.
- Não ligo. – Ele disse depois de baforar na minha cara. - Respirar também faz mal, sabia?
Revirei os olhos e voltei a olhar o livro.
-Duvido que esse livro esteja tão interessante quanto eu. - Aquela foi a minha vez de ser debochada, olhei pra ele com cara de deboche e esperei sua reação. Ele não fez nada. Apenas me devolveu a expressão e voltou a fumar seu cigarro.
- Fala sério, você me viu de cueca e não sentiu absolutamente nada? - Fiquei olhando incrédula pra ele. Ele me solta uma dessas sem nem me conhecer direito? Qual é o problema dele?
Foi nessa hora que pra me salvar Félix começou a chorar no quarto e eu corri para ver o que era.