O Ultimato de uma Noiva: Adeus, Mentiras!
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Capítulo 1

O advogado ao telefone confirmou com uma voz calma e profissional.

"Sim, Senhora Hayes, a transação da ilha nos Açores está concluída, a propriedade está agora em seu nome, o serviço de 'família personalizada' que solicitou também foi organizado, estarão à sua espera dentro de um mês."

"Obrigada," respondi, a minha voz soava estranhamente distante aos meus próprios ouvidos.

Desliguei a chamada e olhei para o meu reflexo no espelho de três faces da loja de noivas. O vestido, desenhado com a participação de Hugo, era uma obra-prima, cravejado com gemas raras da Madeira que brilhavam sob as luzes da boutique. Eu deveria estar feliz, deveria estar a flutuar de alegria. Afinal, ia casar com Hugo Gordon, o magnata dos media de Lisboa, o homem que todos viam como o epítome do amor e da devoção.

A porta da sala de provas abriu-se e Hugo entrou, os seus olhos brilharam ao ver-me.

"Liza, meu amor, estás... deslumbrante," disse ele, a sua voz embargada de emoção. Ele aproximou-se, os seus dedos roçaram suavemente no tecido de seda. "És a noiva mais bonita do mundo."

A assistente da loja, parada à porta, suspirou com um sorriso sonhador.

"O Senhor Gordon é tão dedicado, Senhora Hayes, ele supervisionou pessoalmente cada detalhe deste vestido, o amor dele por si é algo que só se vê nos filmes."

Sorri, um sorriso vazio que não alcançou os meus olhos. Eu sabia a verdade, eu sabia que tudo isto era uma farsa cuidadosamente construída. A sua devoção era uma performance, e eu era a sua audiência cativa.

Hugo ajudou-me a descer do pequeno pedestal, os seus gestos eram de um cuidado imaculado.

"Cuidado, querida, não quero que te magoes."

A sua mão segurou a minha, mas eu não senti nada, apenas o frio da sua pele contra a minha. Estava presa nesta farsa, pelo menos por mais um mês.

Enquanto saíamos da loja e entrávamos no carro, o telemóvel de Hugo apitou com uma notificação. Ele pegou nele, o seu rosto mudou instantaneamente ao ver o ecrã. Era uma publicação no Instagram da minha irmã, Raegan. Uma foto dos seus pés, um tornozelo inchado, com a legenda: "Oops, torci o tornozelo nas ruas escorregadias de Alfama, dói tanto."

Sem uma palavra, Hugo largou a minha mão, ligou o motor e acelerou, deixando-me para trás na calçada. Ele nem sequer olhou para trás.

Abri o meu próprio telemóvel e vi a mesma publicação. A localização mostrava que ela estava a poucos quarteirões de distância. A traição dele foi tão rápida, tão instintiva.

Uma onda de memórias amargas invadiu-me. Jacob Contreras, o herdeiro da famosa adega de Vinho do Porto, o meu primeiro noivo. Eu amei-o com todo o meu coração, mas ele só tinha olhos para a Raegan. E quando o meu coração se partiu, Hugo apareceu, o salvador, o guardião que passou sete anos a curar-me com uma ternura paciente.

Mais tarde naquela noite, a verdade atingiu-me com a força de um golpe físico. Passei por uma casa de fados, a música melancólica a flutuar no ar, e ouvi a voz de Hugo, alta e alterada pelo álcool, vinda de uma mesa no pátio.

"Claro que tive de a conquistar," dizia ele a um grupo de amigos. "A Raegan estava apaixonada pelo Jacob, mas ele estava noivo da Liza, eu tinha de tirar a Liza do caminho para a Raegan ter a sua oportunidade, casar com a Liza é a única maneira de garantir que ela nunca mais volta para o Jacob, é para proteger a felicidade da Raegan."

O mundo à minha volta desmoronou-se. Ninguém amava Liza Hayes, todos amavam Raegan Hayes. Eu era apenas um peão no jogo deles.

Naquele momento, a minha decisão solidificou-se. A herança da minha avó, a fortuna secreta dos diamantes de Angola, não era apenas dinheiro, era a minha salvação. A ilha, a família personalizada, era a minha única saída. Eu ia desaparecer, apagar-me deste mundo de mentiras e construir um para mim, um onde eu seria amada de verdade, mesmo que esse amor fosse comprado.

            
            

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