Capítulo 4

Na manhã seguinte, finalizei o último passo. Com alguns cliques e uma chamada para o meu advogado, a minha identidade como Liza Hayes estava programada para ser legalmente dissolvida no dia seguinte ao meu "casamento". Eu seria uma fantasma.

Hugo apareceu no meu apartamento mais tarde nesse dia, trazendo um enorme ramo de rosas brancas, as minhas favoritas.

"Querida, desculpa por ontem à noite," disse ele, a sua voz suave e cheia de um remorso ensaiado. "A Raegan estava com muitas dores, e a tua mãe insistiu que eu ficasse, tu sabes como elas são."

Eu não disse nada, apenas aceitei as flores e coloquei-as num vaso. Estava cansada da sua mentira, cansada de participar neste teatro.

"Estás chateada comigo?" ele perguntou, tentando abraçar-me.

Afastei-me. "Estou cansada, Hugo, só isso."

Ele não entendeu, ou não quis entender. Nos dias seguintes, ele tentou compensar, inundando-me de luxos. Jantares nos restaurantes mais caros, joias, escapadelas de fim de semana. Ele estava a tentar comprar o meu silêncio, a minha complacência.

Numa noite, fomos a uma gala de um festival de cinema. Estávamos a posar para as câmaras no tapete vermelho quando a Raegan apareceu, deslumbrante num vestido vermelho, de braço dado com o Jacob. O meu estômago deu um nó. Hugo ficou tenso ao meu lado, os seus olhos fixos nela por um momento a mais do que o necessário.

No meio do filme, os alarmes de incêndio soaram. O pânico instalou-se. Fumo começou a encher a sala. As pessoas corriam para as saídas. No meio do caos, ouvi alguém gritar o nome da Raegan, dizendo que ela tinha ido à casa de banho e podia estar presa.

A reação de Hugo foi imediata e visceral.

"Raegan!" gritou ele, o seu rosto uma máscara de puro terror.

"Hugo, não!" gritei, agarrando-lhe o braço. "Os bombeiros estão a chegar!"

Ele arrancou o braço do meu aperto, os seus olhos selvagens.

"Eu tenho de a ir buscar!"

E com isso, ele correu na direção oposta à da multidão, mergulhando de volta no fumo espesso, desaparecendo na escuridão.