Mas ela estava perdida, e todos sabiam disso, o sol já estava se pondo quando eles finalmente encontraram o caminho de volta para a estrada, sujos, exaustos e completamente derrotados.
O motorista da van os esperava, com um olhar de quem diz "eu avisei".
"E então? Acharam o atalho mágico?" ele perguntou, com um tom de sarcasmo.
Ninguém respondeu, eles entraram na van em silêncio, o peso do fracasso esmagando cada um deles.
Quando finalmente chegaram ao centro de convenções, a noite já havia caído, as luzes do grande prédio estavam quase todas apagadas, e os portões de entrada estavam trancados com correntes grossas.
A prova tinha acabado horas atrás.
O silêncio dentro da van foi quebrado por um soluço.
Era Ana, chorando de desespero, "Acabou, nós perdemos tudo."
A realidade os atingiu como um soco no estômago, a bolsa de estudos não era apenas um prêmio, para muitos deles, era a única chance de entrar em uma boa universidade, a única chance de um futuro melhor.
Eles saíram da van, um por um, e correram para os portões, sacudindo as correntes, gritando, implorando para que alguém os deixasse entrar.
Mas o único som que responderam foi o eco de suas próprias vozes desesperadas.
Eu estava lá, observando tudo de uma distância segura, eu tinha chegado horas antes, feito a prova com calma e já tinha até recebido a notícia da minha aprovação.
Ver o desespero deles, a dor em seus rostos, me trouxe uma satisfação sombria e profunda, era o começo do pagamento pela dor que eles me causaram.
Pedro me viu, seus olhos se arregalaram em choque, e depois se encheram de uma raiva irracional.
Ele correu na minha direção, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um homem alto e de aparência severa saiu do prédio.
Era o Sr. Almeida, o coordenador do programa de bolsas, uma figura de imenso respeito e autoridade no mundo acadêmico.
"O que significa essa comoção?" ele perguntou, sua voz era calma, mas carregada de uma autoridade que fez todos se calarem.
"Senhor, por favor, nós nos atrasamos por causa do deslizamento, o senhor tem que nos dar outra chance!" Pedro implorou, a arrogância substituída por um desespero patético.
O Sr. Almeida olhou para o grupo de estudantes sujos e derrotados com um desprezo visível.
"Atrasados? O deslizamento ocorreu no início da tarde, todos os candidatos foram notificados e instruídos a usar rotas alternativas, a senhorita Sofia," ele disse, apontando para mim, "chegou a tempo, assim como dezenas de outros estudantes, o que torna vocês tão especiais a ponto de as regras não se aplicarem?"
O silêncio foi a resposta.
"A falta de pontualidade é um reflexo da falta de responsabilidade, e a universidade que eu represento não tem interesse em estudantes irresponsáveis," ele continuou, suas palavras eram como marteladas, "Vocês não apenas perderam a chance de fazer a prova hoje, como seus nomes serão adicionados a uma lista de observação que será compartilhada com outras instituições de prestígio, podem esquecer qualquer chance de entrar em uma boa universidade no próximo ano."
O impacto daquelas palavras foi devastador, soluços abertos agora vinham de vários membros do grupo, o futuro deles, que parecia tão brilhante naquela manhã, tinha acabado de ser reduzido a nada.
Outros pais e estudantes que saíam do local olhavam para eles com uma mistura de pena e desprezo.
"Que vergonha," ouvi uma mãe cochichar, "Arruinar o próprio futuro por pura estupidez."
A culpa e a raiva precisavam de um alvo, e o grupo, em seu desespero, se voltou um contra o outro.
"A culpa é sua, Juliana!" gritou um garoto, "Seu atalho estúpido nos fez perder horas!"
"Minha culpa? Eu estava tentando ajudar!" Juliana gritou de volta, as lágrimas de crocodilo já rolando pelo seu rosto, "Se alguém tem culpa aqui, é a Sofia! Ela sabia do deslizamento e não nos avisou direito! Ela fez isso de propósito, por inveja!"
A acusação era tão absurda, tão ridícula, que eu quase ri.
Mas para um grupo de pessoas desesperadas, qualquer bode expiatório servia.
E eu, mais uma vez, me tornei o alvo da ira deles.