Ele avançou e me agarrou pelo braço, sua mão apertando com uma força que me fez estremecer.
"Foi você!" ele rosnou, o rosto a centímetros do meu, "Você sabia o tempo todo, não é? Você queria que isso acontecesse! Você queria nos ver fracassar!"
"Me solta, Pedro," eu disse, a voz baixa e perigosa.
Mas ele não soltou, em vez disso, ele me sacudiu com força.
"Confesse! Admita que você fez isso por inveja da Juliana!"
Os outros colegas formaram um círculo ao nosso redor, seus rostos eram uma mistura de raiva e acusação, ninguém interveio, ninguém disse uma palavra para me defender, eles eram cúmplices, assim como na minha vida anterior.
Juliana, vendo que seu plano estava funcionando, começou a chorar mais alto, interpretando o papel da vítima com perfeição.
"Eu não acredito que você faria isso, Sofia," ela soluçou, "Eu sempre te considerei uma amiga."
Amiga? A palavra soava como um insulto vindo dela.
A amiga que me envenenou, a amiga que orquestrou a campanha de difamação que levou minha mãe ao suicídio.
A dor da memória me deu uma força que eu não sabia que tinha, eu puxei meu braço do aperto de Pedro com um movimento brusco.
"Não encoste em mim," eu disse, olhando para cada um deles, um por um, "Vocês são patéticos, a culpa do fracasso de vocês é de vocês mesmos, da sua estupidez e da sua devoção cega a essa... pessoa."
Minhas palavras só serviram para enfurecê-los ainda mais.
Foi então que Juliana fez sua jogada mais cruel, ela pegou o celular e começou uma transmissão ao vivo.
"Gente, vocês não vão acreditar nisso," ela disse para a câmera, com a voz embargada de lágrimas, "A Sofia, minha colega de classe, sabotou a todos nós, ela nos impediu de chegar ao concurso da bolsa porque estava com inveja de mim, e agora ela está nos culpando!"
Em segundos, a transmissão foi inundada de espectadores, os fãs e seguidores de Juliana, sua pequena legião de defensores online.
Os comentários começaram a rolar na tela, rápidos e cheios de ódio.
"Que vadia invejosa!"
"Ela merece o pior!"
"Acabem com ela!"
"Como alguém pode ser tão cruel?"
A multidão virtual era uma turba enfurecida, e a multidão real à minha frente se alimentava dessa raiva, os olhos dos meus colegas de classe brilharam com uma malícia que eu nunca tinha visto antes.
"Vocês ouviram isso?" disse Pedro, apontando para o celular de Juliana, "Todo mundo sabe a verdade! Você é um monstro, Sofia!"
Eles começaram a avançar, me cercando, seus rostos contorcidos de ódio, eles não eram mais meus colegas, eram uma matilha de lobos prestes a atacar.
Eu recuei, meu coração batendo descontroladamente, mas não havia para onde correr, as costas na parede fria do centro de convenções.
Eu estava sozinha, cercada, e pela primeira vez desde que renasci, senti um pingo de medo.
Não por mim, mas pela violência que eu sabia que eles eram capazes de cometer, a mesma violência que destruiu minha família.
Mas eu não ia ceder, eu não ia deixar que eles me quebrassem de novo.
Eu levantei o queixo e os encarei, meu medo escondido atrás de uma máscara de desafio.
"Façam o que quiserem," eu disse, a voz firme, "Mas saibam que vocês não vão escapar das consequências."
A ameaça apenas os provocou mais.
Pedro levantou a mão, e por um segundo, eu pensei que ele ia me bater.
O mundo pareceu parar, o som da chuva, os gritos online, tudo desapareceu, só havia o rosto dele, o rosto que eu um dia amei, agora contorcido em uma feiura que vinha da alma.