Traída e Renascida: Vingança Fatal
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Capítulo 4

A dor me trouxe de volta. Uma dor pulsante e aguda que parecia vir de todos os lugares ao mesmo tempo. Abri os olhos e vi o céu azul acima de mim, embaçado e distante. Sirenes uivavam ao longe, cada vez mais perto.

"Maria! Oh, meu Deus, Maria, fale comigo!"

A voz da minha mãe estava embargada de pânico. Seu rosto apareceu no meu campo de visão, manchado de lágrimas e sujeira.

Tentei falar, mas tudo o que saiu foi um gemido. Cada respiração era uma faca no meu peito.

"A ambulância está vindo, querida. Fique comigo. Por favor, não feche os olhos."

Eu podia sentir o sangue quente escorrendo pela minha cabeça. O mundo girava lentamente. O caos ao meu redor – os vizinhos gritando, os cães latindo – parecia abafado, como se eu estivesse debaixo d'água.

Meu corpo estava quebrado, mas minha mente estava surpreendentemente lúcida. E estava fervendo de ódio.

Ódio por Carlos. Ódio por Sofia. Ódio por aquele motorista anônimo que me atropelou e fugiu.

Eles não iam se safar. Não desta vez.

Lembrei-me do meu plano. Da ligação que eu disse para minha mãe fazer.

"Mãe..." consegui sussurrar, a voz rouca.

"Estou aqui, meu amor. Estou aqui."

"O telefone... Ligue... para o tio João..."

Os olhos dela se arregalaram. Em meio ao pânico e ao horror, ela havia se esquecido. Ela pegou o celular, as mãos tremendo tanto que mal conseguia segurá-lo. Eu a vi discar o número que não discava há quase quinze anos.

Ela colocou o telefone no ouvido, o rosto contorcido de ansiedade. Um, dois, três toques.

"Alô?" a voz do outro lado era profunda e autoritária.

"João?" minha mãe sussurrou, a voz quebrando. "Sou eu... Ana."

Houve um silêncio do outro lado da linha. Um silêncio carregado de anos de distância e mágoa.

"Ana?" a voz dele soou incrédula, e depois, dura. "O que você quer? Aconteceu alguma coisa com a minha mãe?"

"Não, não é a mamãe... Sou eu... João, eu preciso de ajuda."

O desespero em sua voz deve ter quebrado qualquer barreira que existia entre eles. O tom dele mudou instantaneamente, tornando-se afiado e focado.

"O que aconteceu? Onde você está?"

"Nós... Carlos... ele tentou nos matar," ela soluçou, as palavras saindo em uma torrente. "Ele sabotou o carro, e depois um caminhão... Maria... o caminhão a atingiu... oh, meu Deus, João, ela está sangrando tanto..."

"Acalme-se, Ana. Me diga exatamente onde você está. O endereço."

Minha mãe deu nosso endereço, gaguejando entre os soluços.

"Estou a caminho," disse João. Sua voz não continha mais choque, apenas uma calma gélida e perigosa. "Não fale com a polícia. Não fale com ninguém até eu chegar. Uma equipe médica de minha confiança já está a caminho para cuidar de Maria. Eles chegarão antes da ambulância pública. Apenas fique com ela."

A ligação terminou.

Minha mãe olhou para mim, uma centelha de esperança em seus olhos marejados.

Tio João. O irmão mais velho da minha mãe. Um empresário poderoso e influente em São Paulo. Um homem que Carlos fez questão de afastar de nossas vidas, com medo de sua influência e de seu desprezo óbvio por ele. Carlos o chamava de "criminoso de colarinho branco", mas a verdade é que ele temia o poder de João. Um poder que, agora, seria nossa salvação.

As sirenes estavam mais próximas. Uma ambulância particular, de uma empresa de elite, chegou primeiro, como João prometeu. Paramédicos eficientes e bem equipados saltaram e correram em minha direção. Eles me estabilizaram com uma rapidez e profissionalismo que a equipe do serviço público raramente conseguia igualar.

Enquanto eles me colocavam em uma maca, vi a polícia chegando. E, logo atrás deles, um sedã preto e luxuoso parou bruscamente.

A porta se abriu e um homem alto e imponente saiu. Ele usava um terno caro que parecia feito sob medida, e seus cabelos grisalhos estavam perfeitamente penteados. Mesmo à distância, eu podia ver a fúria glacial em seus olhos.

Era meu tio João.

Ele caminhou em nossa direção, ignorando os policiais que tentavam falar com ele. Seus olhos encontraram os da minha mãe, e depois os meus, deitada na maca.

Ele se aproximou de mim, e sua expressão dura se suavizou por um instante.

"Sobrinha," ele disse, a voz baixa. "Você vai ficar bem. Eu prometo."

Depois, ele se virou para minha mãe, que correu para seus braços, chorando como uma criança.

"Ele vai pagar, Ana," ouvi João dizer, a voz vibrando com uma promessa sombria. "Eu vou destruir Carlos. Vou garantir que ele apodreça no inferno por isso."

Pela primeira vez desde o renascimento, eu não me senti sozinha. Uma onda de alívio me invadiu, tão poderosa que quase me fez perder a consciência novamente.

Eu tinha um aliado. Um aliado poderoso.

Carlos não sabia o que o esperava. Ele havia mexido com a família errada.

A vingança não seria apenas minha. Seria nossa. E seria terrível.

                         

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