"Sério? Não foi o que pareceu lá no salão", zombei. "Ele parecia entediado. Mas não se preocupe, eu vim para animar a festa."
Eu apertei sua bochecha com um pouco mais de força do que o necessário.
"Eu não vim para ser sua amiga, Sofia. Eu vim para arruinar sua vidinha perfeita e pegar meu homem de volta."
O som da porta se abrindo bruscamente nos fez olhar para a entrada.
João Pedro estava parado ali, seu rosto uma máscara de fúria contida, os olhos queimando em minha direção.
Ele viu minha mão no rosto de Sofia, viu as lágrimas dela.
Em dois passos largos, ele cruzou o espaço entre nós e agarrou meu pulso, sua mão era como uma algema de ferro.
"O que você pensa que está fazendo?", ele rosnou, a voz baixa e perigosa.
Sua força era surpreendente, a dor subiu pelo meu braço.
"Estamos apenas colocando o papo em dia, não é, Sofia?", eu disse, sem demonstrar dor, mantendo o sorriso desafiador.
Sofia correu para o lado dele, agarrando seu braço como uma tábua de salvação.
"João Pedro, ela... ela me ameaçou", disse, chorando.
Ele me puxou para mais perto, nossos rostos a centímetros de distância.
"Eu não sei que jogo você está jogando, Maria Eduarda", ele sibilou meu nome completo, um veneno em seus lábios. "Mas fique longe dela. Fique longe de mim."
Ele me empurrou para trás com força, eu cambaleei, mas consegui me manter de pé.
"Ou o quê?", desafiei.
Seus olhos se estreitaram.
"Ou você vai se arrepender do dia em que decidiu voltar."
Ele se virou, envolvendo Sofia em seus braços de forma protetora, e a guiou para fora do banheiro, sem olhar para trás.
Sozinha, a adrenalina começou a diminuir, e a dor no meu pulso se tornou real. Olhei para a marca vermelha que seus dedos deixaram na minha pele.
"Progresso da missão: -10%", a voz do sistema ecoou na minha cabeça, fria e acusadora. "A afeição do protagonista masculino por você é negativa. Você está dificultando a tarefa. Restam 29 dias."
Eu ri, um som oco no banheiro luxuoso.
"Dificultando? Eu mal comecei."
Lembrei-me do João Pedro de antes, o homem que me escrevia poemas e chorou quando eu aceitei seu pedido de casamento, o homem que teria me dado o mundo.
Aquele homem estava morto, e eu era a assassina.
Essa nova versão, fria e cruel, era uma criação minha.
E agora, o sistema queria que eu consertasse meu estrago, que eu fizesse esse homem se apaixonar pela mulher que ele estava protegendo de mim.
A ironia era quase poética.
Lucas me encontrou na varanda, eu estava fumando um cigarro, observando a cidade iluminada.
"Parece que a noite foi agitada", ele disse, parando ao meu lado.
"Você não faz ideia", respondi, soltando a fumaça.
Ele se aproximou, o cheiro de seu perfume caro se misturando com o da fumaça. Sua mão encontrou a minha, seus dedos traçando a marca vermelha no meu pulso.
"Ele ainda te afeta, não é?", ele perguntou, a voz suave, mas com um brilho malicioso nos olhos.
Eu puxei minha mão.
"Não seja ridículo."
Ele riu.
"Duda, Duda... Você pode enganar todo mundo, mas não a mim."
Ele se inclinou, sua boca perto da minha orelha.
"Eu gosto de você assim, selvagem. Me diga o que fazer, e eu te ajudo a colocar aquele desgraçado de joelhos."
Seu hálito quente na minha pele era tentador, uma distração bem-vinda da confusão que se instalava em mim.