Eu me virei para Lucas, um sorriso lento se espalhando pelo meu rosto.
Apaguei o cigarro no cinzeiro e passei a mão pelo seu peito, sentindo os músculos rígidos sob o tecido caro da camisa.
"Você quer me ajudar?", sussurrei, meus dedos brincando com o nó de sua gravata. "Então me obedeça."
Ele observou meus movimentos, seus olhos escurecendo com o desejo.
"Sou todo ouvidos."
"Eu quero que você o provoque", eu disse, desfazendo lentamente o nó da gravata. "Compre a empresa que ele quer, roube o contrato que ele precisa. Faça-o sangrar, financeiramente."
"Isso é fácil", ele respondeu, a voz um pouco rouca. Sua mão subiu pela fenda do meu vestido, seus dedos quentes na minha coxa.
Eu segurei sua mão, impedindo-o de ir mais longe.
"E eu", continuei, "vou cuidar do coração dele."
"Ou o que sobrou dele", Lucas zombou, mas não tentou me tocar novamente. Ele conhecia meus limites.
"Não subestime o poder de um coração partido, querido. É onde a vingança cria raízes", eu disse, inclinando-me para a frente e roçando meus lábios nos dele, uma promessa vazia. "Eu quero ver o João Pedro de joelhos de novo. E você vai me ajudar."
Eu me afastei, deixando-o com a gravata desfeita e um desejo não satisfeito.
Quando me virei para voltar para a festa, Lucas sorriu, um sorriso estranho e satisfeito.
"Acho que ele ouviu isso."
Meu coração parou por uma fração de segundo.
Ele gesticulou discretamente com a cabeça para um canto escuro da varanda, atrás de uma grande pilastra.
Eu segui seu olhar.
E lá estava ele.
João Pedro.
Ele saiu das sombras, e eu não sabia dizer há quanto tempo ele estava ali, ouvindo.
Seu rosto estava impassível, mas a fúria em seus olhos era como um incêndio descontrolado, uma promessa de dor e destruição.
Ele tinha ouvido cada palavra.
Cada plano.
Cada ameaça.
O ar na varanda ficou rarefeito, carregado de uma tensão que podia ser cortada com uma faca. Lucas deu um passo para o lado, me deixando diretamente na linha de fogo, um sorriso de predador no rosto.
João Pedro caminhou em minha direção, cada passo lento e deliberado, como um animal encurralando sua presa.
Eu não recuei, levantei o queixo em um gesto de desafio, embora por dentro, um alarme estivesse soando.
Este não era o homem que eu podia manipular com um beijo ou uma lágrima.
Este era um estranho.
Um estranho que eu havia criado.