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**Narração de Chrysalis**
E lá estava ele o tão almejado e curioso quarto 25-leste, eu não conseguia olhar por muito tempo, então sem entender muito o porquê de ele estar nessas condições, olhei para Clarisse Starlight, mas ela parecia ainda mais assustadora que o quarto, seu rosto estava da cor de seus cabelos ruivos e cor dos seus olhos lilás parecia vasar para fora deles.
- Que merda é essa? - A voz de Clarisse demostrava toda sua fúria. Sem saber o que responder apenas olhei para o quarto, que estava sujo, não tinha mobilha que merecesse ser citada, parecia completamente lotado de entulho, a tinta estava mofada e nem existia em algumas partes, e parece que o encanamento estava nas mesmas condições do quarto, pois havia várias poças de água e goteiras por toda parte e um monte de pelos que eu julgo que um dia foi um pobre ratinho. - Acho que só precisa de um jeitinho - Tentei acalma-la, porém, minha voz não suava muito confiante. - Jeitinho? - Clarisse tinha um tom alto e furioso - Precisa de uma intervenção divina para resolver isso! - Eu te aju...
- Eu vou trucidar aquela vaca - Clarisse me interrompeu sem nem refletir sobre o que eu ia falar, apenas abaixei a cabeça e fiquei até ver que ela estava saindo do corredor.
"Oh, será que ela está falando da diretora? " Fui correndo para alcança-la e me coloquei no caminho a frente dela.
- Clarisse não pode fazer isso, ela é assustadora - Não menti, aquela mulher era de causar arrepios, especialmente em mim.
- Ela vai ver o que é assustadora - Clarisse não queria nem se quer pensar melhor quando entrou no elevador, me forcei a ter coragem para segui-la.
- M-mas ela pode te matar - Talvez eu tenha exagerado, mas não dá para descartar essa possibilidade - Ou pior: te expulsar.
- Não se eu matar ela antes - Clarisse saiu furiosa do elevador assim que ele parou no térreo do prédio leste.
"Talvez eu não devesse segui-la..." Mas se Clarisse fosse expulsa da escola Keiko ela nunca poderia se formar, se ela não se formasse jamais poderia ter a liberdade de sair de Andrômeda e eu já ouvi falar de alguns alunos que foram expulsos e vivem na ilha até hoje, se o seu gene demostra alguma característica magica você precisa de um diploma da escola Keiko para sair de Andrômeda.
- Tenha coragem, Chrysalis - Disse baixinho para mim mesma e me forcei a correr atrás de Clarisse pelo campus - Me espera, Clarisse.
Mas Clarisse não queria parar, então tive que correr para alcança-la, mas não consegui falar com ela até chegarmos a sala da diretora.
A porta era de madeira com um pequeno quadrado de vidro fosco com as letras pretas escrito "DIRETORIA", só de olhar para aquelas letras eu estremeci e fiquei de cabeça baixa, mas isso não intimidou Clarisse que tentou girar a maçaneta para abrir a porta sem sucesso.
- Está trancada, uma pena. - Tentei soar o mais confiante possível - Voltaremos depois!
"Mas eu espero que não" Coloquei minha mão delicadamente no braço de Clarisse, mas ela tirou minha mão de forma brusca, em sua mão direita apareceu uma áurea da cor lilás de seus olhos e ela arremessou com tudo na porta, envolta pelos poderes de Clarisse a porta se arrombou brutalmente fazendo um enorme estrondo quando bateu na parede.
A diretora estava atrás de uma mesa de madeira, sentada em sua cabeira de couro, mas levou um susto quando a porta de abriu deixando cair alguns papeis que estava lendo.
- Senhorita Starlight, Senhorita Mabberton - A diretora olhou para nós duas com um olhar duro por trás de seus óculos presos por uma cordinha prateada - O que significa isso?
O simples fato da diretora Calissa Klingel estar me olhando já foi o suficiente para me intimidar, e me escondi involuntariamente atrás de Clarisse consciente de que estava bem patética.
- Eu que te pergunto - Clarisse não abaixou o tom irritado e arremessou a chave do quarto na parede atrás da diretora - Que merda de quarto era é esse?
"Meu Deus, Clarisse não tem um pingo de juízo"
- Senhorita Starlight, sua avó me avisou que era pavio curto - A diretora tinha uma voz aparentemente calma, mas seus olhos diziam o quando estava irritada - Mas jamais imaginei que chegaria a esse nível, quando me disseram para coloca-la direto no último ano por ser uma Starlight eu coloquei e me pediram para te dar todo o privilegio que seu nome merecia, eu te dei o melhor quarto de toda Keiko.
- O melhor quarto em um estado deplorável - Clarisse cruzou os braços e olhou com de deboche.
- Só precisa de uma pequena limpeza, você pode pegar os materiais com a Alyssa.
- Você está achando que sua uma empregada? - Em Keiko todos limpam seu próprio quarto, ou achou que teria tratamento especial por causa sua mãe ter "salvado" o mundo de sua tia, um problema que ela mesmo criou? - A diretora visivelmente estava provocando - Se quer saber mesmo, a única que tem uma dívida com sua mãe é você, uma dívida de vida!
Todos os moveis presentes na sala se ergueram no ar com uma áurea lilás, e caíram imediatamente fazendo um enorme estrondo, a diretora que também teve sua mesa e cadeira movidas ficou visivelmente assustada, mas logo ficou irritada, seu coque perfeito estava bagunçado e seus óculos caíram de seu rosto.
- Saia, imediatamente - Ela só disse isso.
Puxei Clarisse com toda a força que eu tinha para fora de sala, ela estava relutante, mas logo me seguiu sem dizer uma única palavra, olhando bem para o rosto dela seus olhos estavam normais e todos os traços de ira haviam desaparecidos, dando lugar para uma expressão triste. Ao sair da sala vimos Alyssa acompanhada de Raya LaRu, que parecia ter se metido em encrenca, como sempre.
- Sinto muito pela bagunça do seu quarto, Clarisse - Alyssa tinha uma voz doce e já demostrava saber o motivo de toda a confusão - Pedi que deixassem material de limpeza no seu quarto e assim que terminar de limpar pedirei que coloquem moveis novos e suas malas estão no meu quarto por enquanto, se não terminar hoje será muito bem-vinda nele.
Alyssa era uma pessoa doce e não concordava sempre com a gerencia da diretora, mas nada podia fazer além de tentar amenizar, mas Clarisse preferiu ignora-la pelo visto.
- Já sei minha punição por furar o pneu do carro da professora Clara - Raya se intrometeu na conversa - Eu posso ajudar a Clarisse a limpar o quarto dela, minha força seria muito útil.
- Está bem, eu saberei se não ajudar - Alyssa rolou os olhos, mas depois sorriu para gente - Qualquer coisa que precisarem me procurem.
Então acompanhadas de Raya voltamos ao quarto 25-leste, Clarisse parecia melhor e Raya parecia contente em ter escapado da detenção ajudando a limpar quarto, mas rapidamente percebeu que não tinha feito um bom negócio.
- Bela decoração, Clarisse - Raya exclamou sarcasticamente - Gostei especialmente do rato em decomposição - Raya começou a se afastar em direção ao elevador no final do corredor - Vou falar para Alyssa que prefiro a detenção.
Clarisse foi de imediato atrás dela passou seu braço em volta do braço de Raya.
- Não senhorita, preciso da sua ajuda. - Clarisse piscou seus lindos olhos lilás e deu um belo sorriso com seus dentes perfeitos - Por favorzinho.
Raya deu uma risada e revisou os olhos, mas por fim se deu por vencida pois estava voltando para o quarto, que lá dentro o cheiro de mofo de decomposição do pobre ratinho se misturavam deixando o ar com um cheiro péssimo. - Não duvido que esse cheiro seja toxico e responsável por destruir a camada de ozônio - Clarisse falou arranco algumas risadas minhas, mas Raya apenas revirou o olho como fazia, então Clarisse pegou seu celular e digitou algo. Em alguns minutos Flitter Fire entrou com seu cabelo cacheado cheio e completamente branco saltitando pelo quarto e deu um abraço apertado em cada uma de nós, eu e Clarisse aceitamos nosso abraço, mas Raya a empurrou rudemente.
- O que você está fazendo aqui em? - Raya perguntou revirando os olhos.
- A Clarisse me chamou, bobinha. - Flitter não pareceu se importar com o tratamento de Raya e respondeu com seu enorme sorriso de sempre.
Flitter é simplesmente a pessoa mais feliz que eu já vi na vida, estava sempre de bom humor e gargalhando, fazendo festas e brincadeiras e sempre tentava animar e conhecia todo mundo, mas pelo pouco que conheço de Raya sei que muitas coisas irritam ela profundamente e Flitter era uma dessas coisas. - Vai ser mais rápido com a Flitter - Clarisse justificou o motivo de ter convidado.
- E muito, muito divertido - Flitter pegou em sua bolsa uma caixinha de sol rosa e colocou uma música eletrônica bem animada.
- Então vamos lá - Clarisse disse prendendo seus cabelos ruivos em coque frouxo.
Cada uma começou a juntar os moveis e os entulhos, Raya carregava os mais pesados e os fazia em pedacinhos, pelo menos disso ela pareceu gostar, com a ajuda de Flitter rapidamente todo o lixo e entulho estava no centro do quarto. - E como a gente vai tirar isso do quarto? - Raya perguntou já demonstrando que imaginava que sobraria para ela. - Não vamos. - Clarisse fechou seus olhos e a áurea lilás que saia de sua mão envolveu a pilha de entulho e em alguns instantes desapareceu, como se nunca estivesse lá.
- Uh - Flitter foi saltitando até onde a pilha estava - Desapareceu!
- Regra básica da magia - Clarisse começou a falar, parecia um pouco cansada - Nada aparece ou desaparece do nada.
- Então para onde foi? - Eu disse com minha voz baixa habitual, me pareceu que Clarisse demorou um tempo para entender o que eu disse com minha voz sussurrante.
- Para a casa da diretora! - Clarisse disse com um sorriso enorme.
- Sabe novata - Raya foi até Clarisse e passou o braço sobre ela sorrindo - Você é bem mais legal do que eu pensei que fosse.
"A Clarisse realmente quer ser expulsa" finalmente tive certeza completa disso, mas admito que pensar na diretora chegando em casa e se deparando com todo o lixo que ela deixou no quarto da Clarisse de proposito me divertiu.
E então começamos com a limpeza das paredes, tentamos tirar todo o mofo das paredes o que deu um trabalho enorme, principalmente porque tivemos que pintar novamente o quarto depois, Clarisse pagou a tinta e um lanche que comemos enquanto esperávamos a tinta secar. Enquanto comíamos hamburguês e batata frita até Raya parecia se dar bem com todo mundo, o que era uma completa surpresa já que assim como eu ela passou os outros cinco anos sem amigas. Eu falava menos que as outras, mas Clarisse fazia questão de me incluir na conversa sempre que eu me excluía devido a minha timidez.
Quando a tinta secou começamos a limpeza mesmo, tiramos poeira, lavamos tudo e enceramos o chão de madeira, enquanto Clarisse comprava os moveis de escolha dela, não queria os da escola, comprou tudo em um site de uma loja de Andrômeda, em seguida ligou para a loja e o gerente ficou muito feliz em entregar tudo no mesmo dia quando descobriu que ela era uma Starlight.
Após a loja ter terminado de montar os moveis já era final de tarde, e finalmente conseguimos contemplar o quarto 25-leste: Ele era imensamente maior que os outros quartos e os moveis caros devam um aspecto ainda mais sofisticado, havia uma bancada que dividia a cama e sofá de uma enorme mesa carvalho e estante que Clarisse encheu de livros antigos, que eram da família dela, o quarto tinha uma porta de vidro que dava a uma sacada, outra que dava para o Closet que era do tamanho do meu quarto, deu para ela colocar as roupas e o ateliê dela, o banheiro tinha um enorme espelho, chuveiro e uma banheira grande de porcelana.
Estávamos exaltas, eu facilmente iria para cama as 18:30, mas Flitter insistiu que deveríamos ir à festa de boas-vindas da Clarisse, mesmo que nem a Clarisse estivesse disposta, mesmo assim iriamos.
Então cada uma foi para seu quarto, o quarto da Flitter era no mesmo andar que o da Clarisse, e o meu no mesmo da Raya, de forma que eu e ela fomos juntas.
O silencio tomou conta quando entramos no elevador, não me sentia tão à vontade sozinha com Raya como estava com as meninas, tentei me forçar a dizer algo, mas as palavras ficavam presas na minha garganta e não saia mais do que sons tão baixos que Raya não notou que estava tentando falar com ela, finalmente chegamos no nosso andar e cada uma foi em direção ao seu quarto.
- Até que foi divertido passar um tempo com vocês. - Raya disse e eu me virei para olhar para ela, que estava com a cara fechada, mas sorriu levemente - Você e a Flitter não são completamente patéticas como achei que fossem.
- O-obrigada - Realmente agradeci por ser chamada de patética, as vezes não entendo qual o meu problema, mas Raya apenas riu e seguiu seu caminho até seu quarto.
Me dirigi até o quarto 15-leste, havia uma linda sereia entalhada na porta de madeira, destranquei minha porta e busquei pelo interruptor.
- Você estava com a Clarisse? - Reconheci a voz de Castiel, meu irmão.
- Como você sa... - Tentei questionar, mas logo fui interrompida
- O cheiro dela, dá para sentir ele em você! - Castiel respirou fundo, ele não parecia muito bem, seus olhos estavam em um tom vermelho-castanho, seu cabelo bagunçado e sua respiração acelerada.
- Você está bem? - Perguntei tentando me aproximar, mas ele afastou...
- Não. É... - Ele andava de um lado para o outro impaciente - É a Clarisse, eu nunca estive perto de alguém da espécie dela, o cheiro do sangue dela... - Você quer matá-la - Finalmente entendi o que ele tinha desde o auditório, ele está com sede. - Não - Castiel negou de imediato, parecia chocado com minha acusação.
- Castiel, querer beber o sangue de alguém é querer matá-la!
- Eu sei - Meu irmão passou a mão em seus cabelos castanhos claro. - Mas eu consigo sentir o cheiro dela do meu quarto.
- E você veio para o meu, que é ainda mais perto dela?
- Eu não consigo ficar calmo, dá para sentir o cheiro dela de qualquer parte da escola, como se sentiria se tivesse uma comida que você deseja mais que tudo, e não parasse de sentir o cheiro dela a onde quer que você fosse?
- Mas a Clarisse não é uma comida, ela é uma pessoa.
- Eu sei, eu sei... irei me controlar - Castiel olhou para mim com seu olhar terno - Você pode cantar para mim?
- Claro.
Me sentei em minha cama e Castiel deitou com a cabeça no meu colo, comecei a cantar bem baixinho, isso sempre deixava ele mais calmo, tentei transmitir ao máximo calmaria no canto que já nasci sabendo fazer.
Eu nem imagino o que meu irmão passa, como ele é descendente de vampiro ele só é metade vampiro, consegue sobreviver perfeitamente apenas com comida humana, mas sua parte vampira sente sede, ele sempre se controlou muito bem, até agora eu nunca tinha visto meu irmão dessa forma, faminto por sangue...
o sangue da Clarisse.