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O Peso de Amar sem Ser Vista

Glei
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Capítulo 1 Prólogo

Acho que a primeira vez que o vi foi justamente quando entrei naquela fase confusa em que o corpo começa a mudar, os hormônios antes adormecidos despertam, e a nossa percepção do sexo oposto se transforma de maneira irreversível. Arthur foi, para mim, a descoberta da minha sexualidade, a prova viva de que a simples presença de alguém pode nos roubar o fôlego. Ele se tornou meu padrão de beleza masculina.

Quanto mais penso sobre o poder que ele exerce sobre mim, mais percebo o quanto fui, e talvez ainda seja, uma idiota. Mas arrebatamento não é algo que se escolhe. Ele simplesmente acontece.

No dia em que o conheci, o céu estava cinzento, como se quisesse anunciar a tormenta emocional que viria depois. Ainda assim, a sensação ao vê-lo pela primeira vez foi tudo, menos ruim.

Eu estava saindo do quarto para buscar alguns petiscos na cozinha quando o encontrei no corredor. Ele era alto, com músculos definidos, porém nada exagerados. Tinha os cabelos mais negros que eu já tinha visto e olhos escuros, intensos, capazes de me fazer esquecer meu próprio nome por alguns segundos.

Ele me viu, parou por um instante e levantou uma sobrancelha. Em seguida, olhou para trás e fez um gesto sutil com a cabeça, como se estivesse perguntando algo. Mesmo com o rosto queimando, olhos arregalados e a boca entreaberta, consegui acompanhar o gesto e virei na direção para onde ele apontava. Foi quando vi meu irmão, Ian, vindo logo atrás.

- Pode continuar andando, Arthur. É só a minha irmãzinha pentelha.

Essa frase me arrancou bruscamente do torpor. Fiquei ainda mais vermelha, agora de vergonha. Eu sabia que, com meus onze anos, não passava de uma criança aos olhos de alguém de dezoito. Mesmo que meus olhos verdes e cabelo escuro me dessem certa beleza, confirmada pelas declarações bobas dos meninos da minha sala, para Arthur, eu era só "a irmãzinha do amigo". Ele apenas me lançou outro olhar, deu um sorriso debochado e disse:

- Oi, menininha.

E continuou andando, assumindo a dianteira do caminho como se estivesse em casa, o que depois eu entenderia como uma de suas marcas mais fortes que era a dominância. Liderar o caminho em uma casa que não era sua, com a segurança e naturalidade que ele tinha, dizia muito sobre a sua personalidade.

Quando eles entraram no quarto, eu fiquei parada por alguns segundos, suspirei e percebi que aquela era a minha primeira paixão. E, sinceramente, até hoje ainda é a única. Mas aquele primeiro encontro também selou algo cruel, afinal aos olhos dele, eu estava destinada a ser apenas uma menininha.

            
            

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