Herdeira Oculta, Vingança Revelada
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Capítulo 2

Sofia jogava suas roupas simples na mala de qualquer jeito, as lágrimas finalmente escorrendo por seu rosto. Cada peça de roupa era uma lembrança, cada dobra no tecido parecia conter um eco das mentiras de Pedro. O vestido que ela usou no primeiro encontro. A camiseta que ele lhe deu de presente. Tudo parecia contaminado.

Da sala, ela ouviu a voz de Pedro. Ele estava no telefone.

"Sim, meu amor... sim, eu contei a ela."

Sofia parou, o coração apertado. Ele estava falando com Juliana.

"Não, não se preocupe. Ela está sendo um pouco dramática, mas já está de saída" , ele disse, a voz cheia de uma ternura falsa que a enojou. "Sim, eu sei, querida. Logo, logo teremos a casa só para nós. Podemos redecorar como você quiser."

Ele riu de algo que Juliana disse do outro lado da linha. Era uma risada íntima, cúmplice. A mesma risada que ele costumava compartilhar com ela.

Sofia fechou a mala com força. Ela não podia mais ficar ali, ouvindo aquilo. Ela arrastou a mala para fora do quarto, determinada a sair o mais rápido possível.

Pedro ainda estava no telefone, de costas para ela.

"Eu também te amo, Ju. Mal posso esperar para ver você."

Ele se virou e a viu ali, pronta para partir. Ele desligou o telefone abruptamente, o sorriso desaparecendo de seu rosto.

"Já vai?" , ele perguntou, o tom frio e indiferente.

Sofia não respondeu. Ela apenas caminhou em direção à porta. Foi quando a campainha tocou.

Eles se entreolharam por um instante. Pedro parecia tão surpreso quanto ela. Ele foi até a porta e a abriu.

Parada no corredor estava Juliana.

Ela era exatamente como Sofia imaginava a partir das descrições de Pedro, mas ainda mais impressionante pessoalmente. Alta, com um cabelo loiro perfeitamente penteado, vestindo um terninho caro que, mesmo assim, não conseguia esconder a pequena protuberância em sua barriga. Seus olhos azuis e frios passaram por Pedro e pousaram em Sofia, avaliando-a de cima a baixo com um desprezo mal disfarçado.

"Pedro, querido, você demorou tanto que eu resolvi vir ver se estava tudo bem" , disse Juliana, sua voz suave como seda, mas com um toque de aço. Ela entrou no apartamento como se fosse a dona do lugar - o que, Sofia suspeitava, talvez fosse verdade.

Juliana ignorou completamente a presença de Sofia e deu um beijo nos lábios de Pedro, um beijo demorado e possessivo. Sofia sentiu o estômago revirar.

"Então essa é a... Sofia?" , Juliana finalmente se dignou a olhar para ela, um sorriso de escárnio nos lábios. "Achei que você tivesse melhor gosto, Pedro. Ela parece tão... simples."

A palavra "simples" foi dita com tanto veneno que soou como um insulto profundo.

Pedro, pego de surpresa, apenas gaguejou. "Juliana, o que você está fazendo aqui?"

"Vim buscar o que é meu" , ela respondeu, passando um braço possessivamente pela cintura de Pedro. Seus olhos não deixaram Sofia. "E garantir que o lixo seja colocado para fora."

A ousadia da mulher era de tirar o fôlego. Sofia, que momentos antes se sentia forte em sua decisão, agora se sentia pequena e humilhada, uma intrusa em sua própria casa.

"Eu já estou de saída" , disse Sofia baixinho, tentando manter um pingo de dignidade.

"Ótimo" , disse Juliana, seu sorriso se alargando. "Porque eu não quero nenhum vestígio seu neste apartamento. A propósito, Pedro, querido, você não contou a ela?"

Pedro olhou para o chão, parecendo um menino pego em flagrante. "Contar o quê?"

Juliana riu, um som desagradável.

"Que este apartamento é meu. Eu o emprestei a você para que tivesse um lugar decente para morar. Um upgrade daquele buraco onde você vivia antes. Foi um... investimento na minha equipe."

O choque atingiu Sofia com a força de um soco. Até o teto sobre sua cabeça era uma mentira. Tudo em sua vida com Pedro era uma farsa financiada pela amante dele.

Pedro olhou para Sofia, o rosto vermelho de vergonha. Ele não conseguia encontrar palavras. Sua submissão a Juliana era total e patética. Ele era um cãozinho treinado, abanando o rabo para sua dona.

"Então, como eu estava dizendo" , continuou Juliana, saboreando cada momento da humilhação de Sofia. "Eu quero que você pegue suas coisas baratas e saia. Agora."

Ela apontou para a mala de Sofia com um gesto desdenhoso.

"E leve isso com você."

Sofia olhou de Juliana para Pedro. Ele permaneceu em silêncio, os olhos fixos em um ponto qualquer da parede, recusando-se a encontrá-la. Sua covardia era a facada final.

"Não se preocupe" , disse Sofia, a voz tremendo um pouco, mas firme. "Eu não tenho a menor intenção de ficar."

Ela agarrou a alça de sua mala e caminhou em direção à porta, passando pelo casal. Cada passo era um esforço. Ela sentia os olhos de Juliana queimando em suas costas, julgando, condenando.

Quando ela abriu a porta, ouviu a voz de Juliana mais uma vez.

"E, Pedro, querido, amanhã nós vamos comprar móveis novos. Quero apagar completamente o cheiro de pobreza deste lugar."

Sofia não esperou para ouvir a resposta dele. Ela fechou a porta atrás de si, deixando para trás o apartamento, o homem que ela amava e a vida que ela pensava que era sua. O som de suas próprias pegadas no corredor vazio era o som mais solitário do mundo.

            
            

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