Herdeira Oculta, Vingança Revelada
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Capítulo 3

No dia seguinte, Sofia foi ao escritório para oficializar sua demissão e buscar o resto de seus pertences. Ela esperava fazer isso discretamente, evitar qualquer contato com Pedro ou Juliana. Mas a sorte não estava do seu lado.

Assim que ela entrou no andar de marketing, deu de cara com os dois, parados perto da máquina de café, rindo com um grupo de colegas. A risada deles parou abruptamente quando a viram. Um silêncio constrangedor caiu sobre o grupo.

Juliana foi a primeira a quebrar o silêncio, seu rosto se contorcendo em um sorriso malicioso.

"Olha só quem está aqui. A nossa estagiária favorita."

Ela se aproximou de Sofia, o poder emanando de cada movimento seu. Pedro a seguiu, um passo atrás, como uma sombra.

"Eu estava mesmo precisando de um café" , disse Juliana em voz alta, para que todos no escritório pudessem ouvir. "Sofia, querida, seja útil uma última vez e vá buscar um café para mim. Descafeinado, com duas doses de expresso, leite de amêndoas e uma pitada de canela. E não demore."

A ordem era uma clara demonstração de poder, uma forma de humilhá-la na frente de todos os seus colegas. Sofia sentiu o rosto queimar. Ela olhou para Pedro, esperando, implorando com os olhos por um pingo de decência. Ele desviou o olhar.

"Eu não trabalho mais aqui, Juliana" , disse Sofia, a voz baixa, mas firme. "Vim apenas buscar minhas coisas e entregar minha carta de demissão."

Juliana soltou uma risada debochada.

"Ah, é mesmo? Demissão? Você não pode se demitir de um emprego que mal consegue fazer. Vamos ser honestos, Sofia, você só estava aqui porque Pedro sentia pena de você. Você é incompetente. Lenta. Sem a menor iniciativa."

Cada palavra era um golpe. Os outros funcionários observavam a cena, alguns com pena, outros com um interesse mórbido.

"Deixe-a em paz, Juliana" , disse Pedro, mas sua voz era fraca, sem convicção.

"Cale a boca, Pedro" , Juliana retrucou sem sequer olhar para ele. Seus olhos estavam fixos em Sofia. "Estou apenas colocando as coisas em seus devidos lugares. Ela precisa entender que não pertence a este mundo. Olhe para você" , ela disse, gesticulando para as roupas simples de Sofia. "Você não tem classe, não tem ambição. O que você achou que Pedro, um homem destinado ao sucesso, veria em você?"

As lágrimas ardiam nos olhos de Sofia, mas ela se recusou a deixá-las cair. Ela não daria essa satisfação a Juliana.

"Eu vou pegar minhas coisas" , disse Sofia, tentando passar por ela.

Juliana bloqueou seu caminho. E então, aconteceu.

"Saia da minha frente" , disse Pedro, sua voz de repente dura. Ele deu um passo à frente e empurrou Sofia com força no ombro.

O empurrão a pegou de surpresa. Ela perdeu o equilíbrio e caiu no chão, desajeitadamente. Sua bolsa se abriu, espalhando seus poucos pertences pelo carpete cinza do escritório. Um batom, a carteira, um livro de bolso.

Um grito abafado soou de alguns colegas. O silêncio que se seguiu foi pesado e absoluto.

Sofia ficou ali, caída no chão, o choque e a humilhação tomando conta dela. Pedro a havia empurrado. Na frente de todos.

Juliana olhou para baixo, para Sofia no chão, com um sorriso triunfante. De repente, ela levou a mão à boca, seu rosto empalidecendo.

"Oh, meu Deus" , ela gemeu.

Ela se inclinou para frente e vomitou. Não diretamente em Sofia, mas ao lado dela, a poucos centímetros de sua mão estendida. O cheiro azedo e o som repugnante encheram o ar.

"Ugh" , disse Juliana, endireitando-se e limpando a boca com as costas da mão. "Só de olhar para ela me dá enjoo. Deve ser a gravidez."

A humilhação era completa, visceral. Sofia sentia como se todos os olhares do escritório estivessem perfurando sua pele. Ela estava caída, suja, exposta.

Pedro olhou para a bagunça no chão e depois para Sofia, mas não havia remorso em seus olhos, apenas irritação.

"Veja o que você fez" , ele disse, como se a culpa fosse dela. "Você está perturbando a Juliana. Ela não pode passar por estresse."

Ele se ajoelhou ao lado de Juliana, todo preocupado. "Você está bem, meu amor? Quer um pouco de água?"

Juliana se apoiou nele, lançando um olhar vitorioso para Sofia por cima do ombro de Pedro.

"Leve-me para a minha sala, querido. O ar aqui ficou... contaminado."

Enquanto Pedro a ajudava a se levantar, ele se virou para Sofia uma última vez, o rosto uma máscara de desprezo.

"Se você disser uma palavra sobre o que aconteceu aqui, ou sobre mim e Juliana, eu juro que acabo com qualquer chance que você tenha de conseguir outro emprego nesta cidade" , ele ameaçou em um sussurro venenoso. "Ninguém vai acreditar em uma estagiária fracassada e ressentida."

Ele então se afastou com Juliana, deixando Sofia sozinha no chão, cercada por seus pertences espalhados e pela poça de vômito. Ninguém se moveu para ajudá-la. Eles apenas observavam, em silêncio, como se ela fosse um acidente de carro do qual não conseguiam desviar o olhar.

Lentamente, com a dignidade que lhe restava, Sofia começou a juntar suas coisas. Suas mãos tremiam tanto que ela mal conseguia segurar a carteira. A dor da traição era uma coisa. A humilhação pública era outra. Aquilo era uma guerra, e ela tinha acabado de perder a batalha mais brutal. Mas enquanto juntava os cacos de sua dignidade no chão do escritório, uma nova chama se acendeu dentro dela. Uma chama de raiva fria e calculada. Eles a haviam humilhado. Eles a haviam quebrado. Mas eles não sabiam quem ela realmente era. E eles pagariam. Ah, eles pagariam caro por aquilo.

            
            

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