Alexander assentiu com uma expressão suave, mas havia algo mais profundo escondido em seus olhos.
-Sim -disse com voz firme, entrelaçando seus dedos aos dela-. De quíntuplos.
Isabella sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.
Cinco bebês?
A notícia a atingiu como uma enxurrada de emoções desconhecidas. Não se lembrava de ter engravidado, não se lembrava da alegria de esperar um filho... muito menos cinco. Sua respiração acelerou, e o pânico se refletiu em seus olhos.
-Eu... eu não sei o que fazer -murmurou, com a voz embargada.
Alexander se inclinou um pouco mais, suas mãos quentes envolvendo as dela.
-Você não precisa fazer isso sozinha -sussurrou com convicção absoluta-. Eu estou com você.
Apesar do medo e da incerteza, as palavras daquele homem conseguiram acalmá-la um pouco. Seu tom era firme, protetor, como se realmente acreditasse no que dizia. Mas, no fundo, algo no olhar dele a inquietava.
-Por que eu não me lembro de nada? -perguntou, com um nó na garganta.
Alexander respirou fundo antes de responder.
-Os médicos disseram que o trauma na cabeça causou uma amnésia temporária. Não sabemos quanto tempo vai levar para você recuperar a memória... mas não importa. Vá com calma.
Isabella abaixou o olhar, sentindo-se impotente. Como confiar em alguém quando nem mesmo confiava na própria memória?
-Eu deveria ligar para a minha família... eles já sabem?
A pergunta pareceu congelar Alexander por um instante.
-Você não tem família -respondeu com um leve tom de tristeza na voz-. Pelo menos, não que saibamos.
Isabella sentiu o ar faltar. Estaria completamente sozinha no mundo?
-Mas você me tem -acrescentou ele com firmeza-. E tem os nossos filhos.
A ternura na voz dele trouxe um estranho alívio.
Alexander saiu do quarto com uma expressão indecifrável. Assim que fechou a porta, encostou as costas na parede e soltou um longo suspiro.
Mentir para ela não tinha sido fácil.
Cada palavra que saía de sua boca o fazia sentir-se pior, mas não podia permitir que ela soubesse a verdade. Pelo menos, não ainda.
Ele sabia que, se Isabella descobrisse que ele havia sido o responsável pelo acidente, o odiaria. E depois de ver sua vulnerabilidade, depois de sentir o peso esmagador da culpa, entendeu que faria qualquer coisa para protegê-la daquela dor.
Mesmo que isso significasse sustentar uma mentira sobre a qual sua nova realidade seria construída.
Os dias se arrastaram com lentidão torturante.
Isabella tentava recuperar as forças, mas sua mente ainda era um labirinto sem saída. Pela manhã, enfermeiras entravam para examiná-la, garantindo que ela e os bebês estavam bem. À tarde, Alexander permanecia ao seu lado, respondendo com paciência cada pergunta que ela fazia sobre a suposta vida que tinham juntos.
-Moramos em uma casa fora da cidade -disse ele um dia, enquanto ajeitava seus travesseiros-. Queríamos um lugar tranquilo para criar os filhos.
-Em que você trabalha? -perguntou ela, com curiosidade.
Alexander sorriu com serenidade.
-Sou CEO de uma empresa de investimentos.
Isabella arqueou as sobrancelhas.
-Isso parece importante.
-É, mas você e os bebês são mais importantes.
A sinceridade no tom dele a desconcertou.
Se ele realmente era seu marido, por que não conseguia lembrar de um único momento ao lado dele?
A cada dia que passava, a sensação de que algo estava fora do lugar só aumentava.
Numa noite, quando Isabella achava que estava sozinha, ouviu as enfermeiras cochichando do lado de fora do quarto.
-Pobre moça... você não acha estranho? -dizia uma delas.
-O quê?
-O marido dela. Dizem que não havia nenhum registro dela no hospital antes do acidente... e ninguém veio procurá-la.
-Talvez tenham se mudado recentemente.
-Ou talvez haja algo que a gente não sabe...
Um arrepio percorreu a pele de Isabella.
Por mais que quisesse confiar em Alexander, algo dentro dela dizia que havia um segredo escondido por trás de toda aquela devoção aparente.
E, mais cedo ou mais tarde, ela descobriria a verdade.