A primeira página era uma foto grande e brilhante de Kael e Emília se beijando apaixonadamente em uma rua de Paris. A manchete dizia: "Magnata da Tecnologia Kael Trujillo Reacende Romance com Primeiro Amor."
O rosto de Eleanor ficou lívido. Ela bateu o jornal na mesa.
"Siga-me até o escritório," ela ordenou a Clara, a voz tremendo de raiva.
No escritório, Eleanor apontou um dedo trêmulo para Clara. "Ajoelhe-se."
Clara se ajoelhou sem uma palavra.
"Sua inútil! Você não consegue nem controlar seu próprio marido!" A voz de Eleanor era afiada e cortante. "Vou te dar duas opções. Ou você traz o Kael de volta aqui agora mesmo, ou você assume o castigo por ele."
Clara sabia que Kael não voltaria. Ele estava completamente enfeitiçado por Emília.
"Eu assumo o castigo," ela disse calmamente.
Eleanor olhou para ela surpresa. "Tem certeza?"
"Tenho certeza," disse Clara, o olhar firme.
Eleanor pegou uma régua de madeira pesada da mesa. O som dela cortando o ar era agudo.
Pá.
Atingiu com força as costas de Clara. A dor a queimou por dentro, mas ela mordeu o lábio, recusando-se a fazer um som.
Pá. Pá. Pá.
Os golpes caíam sobre ela, cada um mais doloroso que o anterior. Ela cerrou os punhos, os nós dos dedos ficando brancos.
Ela não choraria. Não imploraria.
Finalmente, a dor se tornou insuportável. Sua visão embaçou e o mundo escureceu.
Ela acordou em uma cama de hospital.
Kael estava sentado ao seu lado, o rosto indecifrável.
"Por que você não me ligou?" ele perguntou, a voz baixa.
A garganta de Clara estava seca. "Você disse para não ligar, a menos que fosse uma emergência."
Kael olhou para ela, um brilho de choque em seus olhos. Ele se lembrou das palavras das enfermeiras: "Ela deve amar tanto o Sr. Trujillo."
Seria verdade? Essa mulher, que ele tratara com tanta indiferença, realmente o amava tanto assim?
A estranha sensação em seu peito se intensificou.
Ele ficou no hospital, cuidando dela. Foi a primeira vez que ele fez isso.
Clara tentou recusar, mas ele insistiu.
No dia em que ela recebeu alta, ele teve que sair para uma reunião urgente. "Vou pedir para o motorista te buscar mais tarde," ele disse.
"Tudo bem, posso ir para casa sozinha," ela disse.
Ela saiu do hospital sozinha. O sol estava forte e ela sentiu uma sensação de liberdade.
Perdida em pensamentos, ela esbarrou em um homem na rua.
"Você é cega?" o homem gritou, empurrando-a.
"Me desculpe," disse Clara, tentando se equilibrar.
"Desculpe? Você sabe o quão caras são as minhas roupas?" o homem zombou, olhando-a de cima a baixo com desprezo.
De repente, um carro preto parou ao lado deles. Kael saiu, o rosto como uma nuvem de tempestade.
Ele jogou um maço de notas no homem. "Isso é o suficiente?"
O homem, intimidado pela aura imponente de Kael, pegou o dinheiro e fugiu.
Kael se virou para Clara, seus olhos percorrendo suas roupas simples. "Por que você está vestida assim?"
Clara permaneceu em silêncio.
Uma raiva inexplicável cresceu no peito de Kael. Ele agarrou o braço dela e a puxou para dentro do carro. "Vamos fazer compras."
Ele a levou a uma butique de luxo e fez com que os funcionários trouxessem araras de roupas caras.
Clara ficou ali como um manequim, deixando que a vestissem.
Justo quando ela estava experimentando um vestido, Emília apareceu de repente.
"Kael? Pensei que você estivesse em uma reunião," ela disse, os olhos arregalados de surpresa. Ela olhou para Clara, depois de volta para Kael, a voz trêmula. "O que você está fazendo?"
"Emília, não é o que você está pensando," disse Kael, a voz suavizando.
Os olhos de Emília se encheram de lágrimas. Ela se virou e saiu correndo da loja.
"Emília!" Kael imediatamente correu atrás dela, deixando Clara sozinha no meio da loja, cercada por um luxo que ela não queria.
Clara os viu partir, o coração tão imóvel quanto um lago congelado.
De repente, houve um barulho alto do lado de fora.
Gritos explodiram.
Clara saiu correndo da loja. Um grande painel de vidro havia caído do prédio do outro lado da rua.
Emília estava no chão, cercada por vidro estilhaçado, em uma poça de seu próprio sangue.