"Tire o meu," disse Clara, levantando-se. "Temos o mesmo tipo sanguíneo."
Kael a encarou, os olhos arregalados de incredulidade.
"Precisamos salvá-la," disse Clara simplesmente.
Ela deitou na cama enquanto a enfermeira tirava seu sangue. Seu rosto estava pálido, mas seus olhos estavam calmos. Kael ficou ao lado, observando-a, uma tempestade de emoções em seus olhos.
Aquela sensação estranha estava de volta, mais forte do que nunca.
Ele começou a se perguntar. Ela realmente o amava tanto assim? O suficiente para salvar a mulher que ele amava?
Depois de doar sangue, Clara voltou para o banco. Ela viu Kael olhando para ela.
"Por que você não foi embora?" ele perguntou, a voz rouca.
"Eu queria explicar para a Emília que o que aconteceu na loja foi um mal-entendido," ela disse.
O olhar de Kael se intensificou. Ele deu um passo mais perto. "Aurora... você me ama?"
Antes que ela pudesse responder, as portas da sala de cirurgia se abriram.
"A cirurgia foi um sucesso," anunciou o médico.
Kael relaxou visivelmente, uma onda de alívio o invadindo.
Clara silenciosamente se retirou para o segundo plano novamente.
Quando Emília acordou, a primeira coisa que viu foi Clara. Ela começou a chorar.
"Kael, por que você a trouxe aqui? Você está tentando me mostrar que a escolheu?" ela soluçou.
"Emília, não é nada disso," Clara tentou explicar.
"Ela está certa," disse Kael, a voz neutra. "Nosso casamento é apenas um contrato."
As lágrimas de Emília continuaram a cair. "Então prove. Prove que você não tem nenhum sentimento por ela."
"Como?" Kael perguntou, a voz cansada.
Emília olhou para Clara com um brilho venenoso nos olhos. "Jogue-a no lago congelado atrás do hospital."
Kael hesitou.
"Você tem sentimentos por ela!" Emília acusou, a voz se elevando.
"Tudo bem," disse Kael, a voz fria e dura. Ele se virou para seus seguranças. "Façam isso."
Os olhos de Clara se arregalaram em choque. Este era um novo nível de crueldade.
Ela sabia que não podia resistir. Tinha que aguentar.
Os seguranças a arrastaram para fora do quarto. Kael ficou ali, o rosto uma máscara de indiferença, mas seus olhos estavam cheios de uma emoção complexa e indecifrável.
Eles a jogaram na água gelada.
O frio foi um choque para seu sistema. Roubou-lhe o fôlego e seus membros ficaram dormentes. Ela lutou, mas seu corpo estava pesado, afundando na água escura.
Enquanto sua consciência se esvaía, ela viu um flash de sua infância. Sempre sendo a deixada para trás, a esquecida.
Ela nunca havia sido verdadeiramente querida por ninguém.
Ela foi puxada para fora da água, o corpo mole e frio.
Em um torpor, ela sentiu alguém cuidando dela, um toque gentil. Ela inconscientemente agarrou a mão deles.
"Me solte," ela murmurou, a voz mal um sussurro. "Eu quero ir embora."
A mão que segurava a sua de repente apertou, o aperto como aço.
Uma voz fria cortou a névoa em sua mente. "Ir embora? Para onde você pensa que vai?"
Era Kael.