Capítulo 5 A descoberta

O silêncio da casa era sufocante.

Depois do que aconteceu na clareira, meus pais insistiram para que todos fossem embora.

Lu, Will e Ju estavam relutantes, mas entenderam.

Algo sério estava prestes a acontecer - eu sentia.

Luke estava no sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar perdido.

Meu pai andava de um lado para o outro na sala.

E minha mãe...

Ela estava parada diante da lareira, segurando algo entre os dedos: a pena negra. A mesma do meu sonho.

- Chega. - minha voz cortou o ar.

- Vocês sabiam. Vocês sempre souberam.

Minha mãe fechou os olhos.

Meu pai parou de andar.

Luke me encarou com tristeza no olhar.

- Por que esconderam isso de mim?! - minha voz falhou. - Por que eu precisei quase explodir em meio a todos para finalmente saber que sou... diferente?

- Porque estávamos tentando te proteger. - disse Pedro, meu pai. - Desde o dia em que você nasceu.

- Proteger de quê?! - gritei.

Melissa se virou, com os olhos marejados.

- De um destino que não era para você carregar tão cedo.

Você não é como os outros, Morgana.

Você é... a união.

- União do quê? - perguntei, já temendo a resposta.

- De todos os seres mágicos.

De todas as raças.

Você é filha da Deusa da Lua... e do Deus do Sol.

Você foi enviada para cá porque sua existência ameaçava os Reinos Superiores.

Senti meu mundo girar.

- Isso... é loucura.

- Não, mana. - disse Luke, se aproximando. - É a verdade. Eu soube no dia em que te vi brilhar pela primeira vez. E foi por isso que me afastei.

Eu precisava entender quem você era... e manter o Supremo informado. Kaleb sabe que algo grande se aproxima. E agora tudo faz sentido.

Me sentei.

Minhas pernas não aguentavam mais.

- Então eu... sou o quê? Uma arma?

- Não. - disse minha mãe com firmeza. - Você é esperança.

Os antigos diziam que um dia nasceria a Híbrida Suprema.

Aquela que uniria todos os clãs.

Aquela que quebraria maldições antigas.

E traria o equilíbrio de volta a Lunareth.

- Mas eu nem sabia que Lunareth existia. Eu achava que era só... floresta, lobos, rituais... uma vida escondida.

- Você viveu na superfície de uma verdade muito mais profunda. - explicou meu pai. - Agora... chegou a hora de mergulhar nela.

Fiquei em silêncio.

E então... veio a dor.

Uma pontada aguda na cabeça.

Tão intensa que caí de joelhos no chão.

Meus olhos arderam.

Meu peito queimava.

E então, vi.

Uma floresta envolta por névoa azulada.

Uma torre negra, no topo de um penhasco.

E um trono vazio... coberto por correntes quebradas.

Ouvi uma voz.

> "Ela despertou...

A Rainha voltou...

Mas será que saberá quem é a verdadeira inimiga?"

Me vi diante de um espelho.

Mas o reflexo não era meu.

Era... uma versão sombria de mim mesma.

Com olhos prateados.

E um sorriso cruel.

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- Mô! - a voz de Luke me trouxe de volta.

Estava ofegante, suando, com as mãos tremendo.

- Eu vi... - sussurrei. - Alguém me observava.

E era... eu mesma.

Mas com algo errado nos olhos. Como se fosse uma parte... corrompida.

Meus pais se entreolharam.

- As visões começaram. - disse Melissa, num sussurro tenso.

- O que isso significa? - perguntei.

- Que o ciclo se iniciou.

E que não estamos mais sozinhos observando você, Morgana.

Agora... todos os olhos estão voltados para a Rainha que desperta.